Amigos (as),
a poesia na sua forma mais magistral nos mostra o quanto da sua dimensão
enquanto manifestação das coisas do belo. O que seria dos humanos se não
tivessem a capacidade de transformar ou transportar através das palavras as
coisas do mundo animado e inanimado. Pois bem, a prosopopéia do soneto
abaixo mostra o quanto a arte da poesia pode fazer de belo, seja das coisas
vivas, em movimentos, seja das coisas inanimadas, na sua forma estática.
Vi o belo soneto em Caruaru,na casa do meste Vitalino, e o autor teria que
ter o sobrenome "Barros" para que tude fique ainda mais perfeito.
O poeta Mário Quintana diz num soneto que tem poesias que ele gostaria que
fosse de autoria própria, no sentido ufano da boa inveja.
Vejam que perfeição de soneto.

          As Mãos de Vitalino

De Vitalino as mãos eram santas
Que modelaram em barro os nordestino
E transportaram a dor e os desatinos
Para os bonecos tantas vezes, tantas.

Bonecos mudos, quantas vezes quantas,
Minha alma cega por meus olhos viu?
A tua dor meu coração sentiu
No canto triste que ainda hoje cantas.

Soprou a vida num boneco mudo
Que sem falar, assim, dizia tudo
Dos nordestinos, dos desatinos seus,

Advertência dos que nascem pobres
Pelas mãos rudes que ficaram nobres,
Abençoadas pelas mãos de Deus.

                            Rafael dos Santos Barros

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