Prezado colega Alexandre,
 
Outras providências práticas que poderá usar em sua fazenda para entender a quantidade de água que seu solo suporta sem a desperdiçar, além das que já foram apresentadas nesta consulta .
 
Dependendo do ano de formação e do curriculo de de cada curso de Agronomia, talvez nem todos estejam familiarizados com o tema irrigação. Portanto, nem todo o agrônomo estará apto a interpretar materias que não sejam de sua especialidade.
 
Por outro lado, as contas são simples de fazer pelo menos para quem tem de fazer o acerto da água a uns 90 ou 95%.
Para isso, você dispõe de procedimentos simples que o poderão auxiliar nessa tarefa da irrigação de um pasto com solo arenoso ou bastante permeável e com fraca fertilidade.
O primeiro passo é saber colocar a água na estreita faixa onde se situam as raizes da sua cultura. Se ultrapassar essa profundidade, estará perdendo água em profundidade e perdendo dinheiro na conta de energia bem como nos nutrientes lixiviados.
Como fazer na prática?
Sugestão: Construa anéis de chapa fina com largura de 25 a 30 cm com um diâmetro de 1,128 metros = raio de 0,564 metros
um qual anel limitará uma área de 1 m²; Aprofunde esses anéis no seu solo em local plano deixando 5 cm para fora e o restante enterrado, criando assim parede lateral separando a área interna da área externa de cada anel.
Em cada uma dessas áreas confinadas pelos diversos anéis, despeje água em quantidade conhecida, começando com 5 litros por m² e indo até 15 litros por m², ou seja no 1º anel 5 litros, no 2º anel 6 litros, no 3º anel 7 litros e assim sucessivamente, criando uma bateria de experimentos onde poderá observar os resultados algumas horas depois. Caso não queira ou não possa fazer tantos anéis, use o mesmo anel em outra infiltração de água, depois que a primeira área der mostras de ter infiltrado toda a lâmina liquida visivel.
Com este experimento, você poderá observar em cada circulo molhado, após algumas horas, a profundidade a que se situou a humidade.
Conforme o nº de observações chegará a conclusões práticas muito interessantes comparando o nível de profundidade da humidade com a profundidade da maioria das raizes do seu pasto.
Obviamente, para cada anel molhado terá de se munir de pá e enxadão para criar uma trincheira de observação ao longo do diâmetro da área molhada ( vai fazer um pouco de lamaçal mas não tem outro jeito) onde pode ler na parede vertical dessa trincheira o desenho em profundidade da infiltração de cada lâmina de água de 5 mm a 15 mm.
Um terreno médio Franco Arenoso, aprofundaria 5 mm de lâmina em 5 cm de solo, e 15 mm em 15 cm de solo. Mas para ter a certeza do comportamento do seu solo, o melhor é fazer esse trabalho de casa. Terrenos mais arenosos aprofundam mais e terrenos mais limosos e argilosos aprofundam menos.
Feito isso, você tem a medida de suporte real do seu solo em mm e em concordância com a profundidade atingida . É só escolher o conjunto de dados mais adequados á sua cultura em função das caracteristicas do seu solo e da profundidade das raizes.
Depois disso, entre então em conjecturas climáticas , temperatura, comprimento do dia, coeficientes de consumo, etc, para estimar o consumo de sua cultura, variável com a época do anos e com o desenvolvimento da cultura, época de colheita, período após o corte, etc, afinando um quadro da Evapotranspiração anual, Mensal, enfim periodica.
Anote em cada anel a altura da água dentro do anel no momento de enchimento e acompanhe a sua velocidade de infiltração. Pelo menos, anote o tempo em que dada quantidade de água se apresenta á superficie do terreno e quantos segundos ou minutos ela dispende para se infiltrar completamente. Estes dados também serão muito úteis para avaliar a velocidade de andamento do pivot evitando escorrimentos ocasionais provocados pela estrutura do seu terreno , dificuldades de infiltração por compactação etc.
Mais tarde pode comparar a capacidade de bombeamento de cada pivot, e se o mapeamento dos sprays estiver correto, estimar a precipitação que o mesmo confere em cada velocidade de andamento e qual a lâmina máxima permitida por cada estação de bombeamento.
Chegando a conclusões menos interessantes, ainda poderá recalcular a bomba, as perdas de carga e todo o sistema hidraulico, quem sabe para níveis de maior economicidade, baixando pressões de serviço, consumo energético, e melhor adequação do sistema á cultura de pasto em questão.
 
Espero ter ajudado
Jorge de Sousa
0xx3838212228
----- Original Message -----
From: Fernando
Sent: Saturday, March 12, 2005 8:15 PM
Subject: [Fwd: Re: [irriga-l] Irrigação em pastagem por pivô Central]

Prezado colega (não sei seu nome),

    Inicialmente sugiro que você retire - ou peça a alguém que o faça - amostras indeformadas de solo para analisar o máximo armazenamento de água . Essas amostras devem ser retiradas com pequenos anéis metálicos (não é regra fixa, mas geralmente têm 5 cm de diâmetro e 4-5 cm de altura). As amostras devem ser retiradas, ao menos, no meio das camadas de 0-20 cm e 20-40 cm. Melhor ainda se retirar também na camada de 40-60 cm.
    Há diversos laboratórios que podem fazer essa análise, basta perguntar aqui mesmo na lista. Que eu saiba, há os laboratórios da UNESP (Jaboticabal, Botucatu e Ilha Solteira) e da ESALQ/USP (Piracicaba).
    Com os resultados é possível calcular o armazenamento de água no seu solo e planejar o turno de rega mínimo (menor intervalo entre irrigações), ou seja, o mínimo tempo entre uma irrigação e a seguinte.
    Para fazer o manejo da irrigação há diversos métodos: estimativas com dados climáticos, medição da umidade do solo e uso conjunto dos dois já citados. Como você ainda não conhece bem seu solo, sugiro que utilize o método do controle direto da umidade do solo.
    Para fazer tal controle são necessários instrumentos simples: um trado para retirar amostras de solo, pequenas embalagens fechadas (caixinha de filme, por exemplo), uma balança com precisão de 0,1 g e um forno de microondas, ou mesmo uma frigideira (dessas de fritar bife mesmo). O instrumento mais caro é a balança.
    Basta retirar as amostras de solo das camadas de interesse (0-20 e 20-40, por exemplo), colocar nas embalagens fechadas e identificar o local e a profundidade, e levá-las ao local de pesagem (o escritório da fazenda, por exemplo).  Retire cada amostra da embalagem e coloque sobre um papel ou um pires e leve ao forno de microondas por 10 a 15 minutos à potência máxima (parece receita de bolo), anotando a identificação da amostra em um papel e colocando ao lado da amostra.
    Caso não seja possível usar o microondas, faça a secagem das amostras em uma frigideira, secando uma a uma por cerca de 10-15 minutos.
    Prepare uma planilha para coletar os dados, contendo a identificação do local e da profundidade do solo, para facilitar o trabalho.
    Após esse tempo é só retirar as amostras e pesar na balança, anotando os valores na planilha previamente preparada.
    Se a umidade estiver acima do limite mínimo, não será necessário irrigar. Caso contrário, deve-se irrigar com uma lâmina tal que leve a umidade do solo ao máximo armazenamento.
    Consulte um especialista em irrigação para saber mais detalhes sobre a lâmina d´água de irrigação. Como exemplo ilustrativo, lembre-se que numa volta, um pivô central de 80 ha pode aplicar de 4000 a 9600 m³ de água (5 a 12 mm/volta) e consumir de 1700 a 4100 kWh, num custo de energia de R$ 374,00 a R$ 902,00. Portanto, a assessoria de um especialista não custa caro.
    Um abraço e sucesso em sua empreitada.

Fernando
   
-- 
Fernando Campos Mendonça
Embrapa Pecuária Sudeste
Rod. Washington Luiz, km 234
Caixa Postal 339
13560-970 São Carlos-SP
(16) 3361-5611 / 3361-5754 (fax)
Skype - fcmendon
MSN - [EMAIL PROTECTED]
   


Angélica Nunes Bertelli Maschietto escreveu:
O endereço eletrônico é da minha mulher , porém me chamo Alexandre , sou Engenheiro Agrônomo e necessito de informações a respeito de irrigação de pastagem em pivô central .
Atualmente estou trabalhando em uma fazenda na região de Água Clara -MS onde possui dois pivôs , um para rodízio do gado ( com Brizanta ) e outro com MG5 implantado recentemente para corte e ensilagem .
A duvida é sobre a lamina d'agua necessária para irrigar as pastagens , qual turno de rega , enfim quanto de água necessitarei para suprir as pastagem .
O solo é bastante arenoso e baixa fertilidade ( estamos corrigindo ) e a temperatura é alta .
Como devo proceder para elaborar um planejamento técnico .
 Estarei aguardando resposta ...
 Obrigado.
-- 
Fernando Campos Mendonça
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