Bom dia a todos!
Reproduzo e_mail do nosso colega Prof. Canesin a respeito de mais uma
decisao do Ministerio do Apagao.
Abracos
Fernando Braz Tangerino Hernandez


Subject: Mais uma do ministério do apagão
Date: Wed, 27 Jun 2001
From: Carlos Alberto Canesin <[EMAIL PROTECTED]>
Organization: UNESP - ILHA SOLTEIRA

Boa tarde Senhores,
Infelizmente, por mais absurdo que pareça, com relação à redução do
valor eficaz da tensão de distribuição, os tecnocratas do ministério
do
"apagão" acabam de considerá-la uma opção válida.
Assim, como se especulava, e contrariando a expectativa de sérios
engenheiros, ontem divulgaram a decisão ABSURDA da redução do valor
eficaz da tensão de distribuição (5%). Informaram até que a redução
especificada é muito pequena e que os consumidores nada "sentirão".
Caso
contrário, "favor procurar o Procom". É lastimável que o país esteja
sendo assessorado por gente tão capacitada.
Explico: Considerando-se a impossibilidade de transmissão e
distribuição
de energia elétrica sem uma determinada regulação (variação da tensão
ao
longo do dia), vamos admitir que se mantenha em torno dos 7,5% a 10%
atuais, na prática os médios e grandes consumidores industriais terão
que acabar adaptando seus sistemas internos, para que o desempenho das

máquinas elétricas sejam mantidos, quer sejam controladas ou não
eletronicamente. É UM ABSURDO, que poderá levar a diversos problemas
operacionais e custos para tais adaptações, sem praticamente nenhum
ganho (quanto a redução de consumo)!!!!
Neste aspecto, observo que o torque (conjugado), e em conseqüência a
velocidade das máquinas elétricas, quando não controladas
eletronicamente, dependem da tensão de alimentação, desta forma os
sistemas internos de transformação destas indústrias, quando
existentes,
deverão compensar tal redução de tensão, mantendo a performance
original
das máquinas elétricas, pois, caso contrário, o rendimento das mesmas
se
reduzirão, e/ou deverão operar por mais tempo, e/ou não terão o
desempenho desejado. Por outro lado, quando controladas
eletronicamente,
tais controles manterão o desempenho das máquinas, pois impõem
controle
na alimentação das mesmas, porém, não reduzem a potência consumida. Ou

seja, para compensar, solicitarão maiores correntes elétricas do
sistema
de energia, aumentando as perdas, não somente nas instalações
elétricas,
assim como também no sistema de distribuição. Portanto, não haverá
redução no consumo, e, poderá até ocorrer aumento.
Com relação aos consumidores residenciais/comerciais, uma vez que até
as
lâmpadas incandescentes foram substituídas por fluorescentes com
reatores eletrônicos e majoritariamente pelas compactas, somente o
consumo das demais cargas resistivas (chuveiros, lâmpadas
incandescentes, fornos elétricos, ferros de passar roupas, etc...)
terão
consumo reduzido. Entretanto, quanto aos chuveiros, se a água não
estiver na temperatura desejada e suportável, certamente o usuário
passará a usar a mais alta temperatura, assim como os ferros de passar

roupas, que levarão mais tempo para aquecer, ou serão usados durante
mais tempo, ou em maior temperatura. O fornos elétricos também levarão

mais tempo para realizar sua função. Ou seja, poderá sim é ocorrer
aumento no consumo, contrariando a aventada economia. Ainda, com
relação
aos equipamentos eletrônicos domésticos/comerciais/industriais, os
mesmos operam com potência constante, independente da tensão de
alimentação (dentro dos níveis usuais de projeto), e, portanto, as
correntes serão ampliadas para garantir o funcionamento dos mesmos.
Isto significa que os rendimentos dos mesmos poderão se reduzir
significativamente, em relação à redução da tensão, exigindo sim mais
potência do sistema, e, mais uma vez, ocorrerá o inverso do
"desejado". Observo que, mesmo que o
rendimento não se reduza significativamente, "jamais" haverá redução
no
consumo. Por outro lado, com o aumento das correntes, ocorrerá também
o
aumento das perdas nos condutores e sistema de distribuição, assim
como,
a redução da vida útil destes equipamentos eletrônicos (a qual esta
associada aos valores da corrente). Ou seja, irão "durar" menos...
PARECE PIADA, mas não é!!!
Ainda, com relação aos equipamentos que possuem motores de indução
(incluindo-se diversos eletrodomésticos), deverão operar com
rendimento
mais baixo, com conseqüente redução da vida útil dos mesmos.
Com relação aos equipamentos de refrigeração, o termostato vai
garantir
a temperatura de operação dos mesmos, entretanto, funcionarão durante
mais tempo, e, o consumo de energia vai aumentar. Novamente o
resultado
é contrário ao esperado.
Finalmente, POR HORA, com o aumento das correntes elétricas, aumento
das
perdas (redução do rendimento) e conseqüente redução da vida útil dos
equipamentos, deveremos ter maiores despesas de manutenção com os
mesmos.
Ë UM ABSURDO!!!!!!!!
Por outro lado, quem garantirá os níveis de regulação de tensão na
distribuição com esta imposição equivocada. Certamente que não serão
as
distribuidoras, que se eximirão da culpa quando acionadas
judicialmente
por algum consumidor com problemas. Vamos ter que acionar o
"ministério
do apagão"???
Será que teremos que engolir mais esta!!!!!!
Abraços,

           Prof. Dr. Carlos Alberto Canesin
              Associate Ph.D. Professor
          e-mail:  [EMAIL PROTECTED]
http://www.dee.feis.unesp.br/docentes/canesin/power.html


--
Fernando Braz Tangerino Hernandez
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP
Area de Hidraulica e Irrigação (Hydraulics and Irrigation Division)
Caixa Postal 34 (P.O. Box 34)
15.385-000  -  ILHA SOLTEIRA - SP - BRASIL
Phone / Fax: (0##18) 3742-3294 / 3743-1180
http://www.agr.feis.unesp.br/IRRIGACAO.html
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