Prezado Marcos,
Embora não seja definitiva , a presente opinião
para resolver seu assunto, passa pelo seguinte, tendo em conta os dados que me
fornece:
Primeiro, a área total irrigada, deve ter á
sua disposição suficiente água para um grupo de culturas em rotação.
Provávelmente, algumas exigem menos água , outras exigem mais.
Não seria um exagero escolher a cultura mais
exigente para todos os pivots ao mesmo tempo. Dependendo do momento comercial,
essa pode ser a cultura mais cara em termos de consumo de água , mas pode ser
também a mais rentável em virtude de momento favorável de venda de seu
produto.
Portanto, escolha as culturas e defina o consumo de
água.
O abastecimento dessa água, deve previlegiar a
fonte que está mais próxima, e menos profunda, bem entendido, águas boas para
irrigação.
A parcela que faltar, que seja a menor possível ,
se a mesma for de longa distância e de grande profundidade ou
desnível.
Depois da água barata acabar, use o complemento com
água mais cara, que significa com maior consumo de energia em watt por m³ ou Cv
por m³ ou outra comparação que seja adequada.
Para o bombeamento, use de preferência o maior
tempo possível, 24 horas por dia, para repor a parcela de água cara. Esta
orientação vai permitir usar tubos de menor diâmetro e portanto com tendência a
serem mais baratos, mantendo a qualidade e durabilidade.
Faça ensaios para verificar se o reservatório tem
dimensão suficiente para servir como amortecedor desses caudais sem que
tenha pontos mortos ,ou seja sem que falte água durante a operação dos pivots em
regime mais exigente.
Para tanto é fundamental conhecer a capacidade
minima da fonte mais barata, dimensionar o complemento e dividir
esse complemento pelas 24 horas, sem transvazar o reservatório nem faltar
água.
Eventualmente poderá ter de usar sensores de nível
para ordenar o complemento com água cara.
Depois de quantificar os volumes por hora de cada
origem de água, partiremos para a escolha dos equipamentos que fazem essa tarefa
com o menor consumo de energia, ao nivel das motobombas, bem como a ecolha da
tubulação de resistência adequada e de diâmetro que propicie a menor perda
de carga de forma econômica. Este é um exercício que tem a ver com seu bolso e
com o planejamento global das suas culturas.
Presumo nestas recomendações que o seu planejamento
será para a mais intensa utilização possível dos seus equipamentos, de duas a
três culturas anuais, dependendo claro , de seus ciclos culturais e de sua
inserção nas épocas culturais.
Quanto ao dimensionamento das adutoras, teria de me
fornecer o desenho de seu trajeto para avaliar melhor em qual deles as águas
serão bombeadas em conjunto e, a partir de onde elas se separam para cada pivot.
Nem sempre será necessário ter a vazão somada dos três pivots. Mas isso depende
de mais informações suas.
Todos os trajetos têm seu óptimo a encontrar. Os
desníveis também são importantes, assim como as mudanças de de rumo , curvas,
lombas, etc, que podem exigir dispositivos adequados para ultrapassar
dificuldades de condução da água.
Não tome estas sugestões como soluções imediatas.
Elas apenas pretendem lhe indicar que há diversas soluções que poderão ser
usadas com sucesso por vezes equivalente.
Um pequeno croquis que possa me enviar por fax
0xx3838212228 será de grande utilidade para a discussão.
Na medida em que o deseje, poderei reproduzir
esse croquis para a irriga-L de forma a ampliar informações para o grupo e de
forma a suscitar outras cooperações e sugestões.
Atenciosamente,
Jorge de Sousa
----- Original Message -----
Sent: Thursday, July 01, 2004 9:55
AM
Subject: Re: [irriga-l] Lamina para
Pivos
Caro Jorge, recorro a sua experiência em Pivos e
peço alguma opinião a respeito do seguinte "problema":
Quando se deseja dimensionar
um sistema de adução para abastecimento de pivos, levando-se em conta
um´reservatorio que já possui uma vazão de entrada, quais os criterios que
devemos atentar para tornar a solução mais economica possível?
Resumindo: Temos três pivos os quais retiram água
de um reservatorio. Este por sua vez é abastecimento por um corrego, o qual
não possui vazão suficiente para para atender a demanda dos pivos. No entanto
existe um segundo corrego (este com alta vazaõ) o qual ira abastecer o
reservatorio. Quais os criterios para dimensionamento deste adução
(corrego-reservatorio)? Podemos e devemos utilizar o volume úitl (volume
oriundo da profundidade de sucção)? A adução necessariamente deve ter a vazão
igual ao somatorio dos três pivos?
Agradeço desde já as sugestões.
Engº Agricola Marcos Alves
[EMAIL PROTECTED]
----- Original Message -----
Sent: Saturday, June 26, 2004 10:14
PM
Subject: Re: [irriga-l] Lamina para
Pivos
Prezados Colegas ,
De acordo com as
explicações dos colegas penso que ainda poderemos tecer algumas
considerações a respeito de lâmina maior ou menor.
Pegando no último parágrafo do Fernando, que transcrevo abaixo,
<<Resumindo:
Deve-se planejar a lâmina d´água do pivô de acordo com as características da
PLANTA, do CLIMA e do do SOLO. Aí, então, entramos com os cálculos
hidráulicos, conforme as coerentes observações do
Jorge. Fernando>>
acrescento
que qualquer pivot pode ter sua lâmina definida como elevada, como exemplo, 20 mm/dia em 24 horas ,
que óbviamente em termos de fabricação é um exagero, e mesmo nesse pivot
conseguir uma aplicação de lâmina baixa, em caso
especial de elevada velocidade de translação, o que é outro erro de
construção tendo em conta a economia de projeto.
Os limites construtivos têm assim uma
possibilidade imensa de opções , mas com resultados não constantemente
económicos. Cada diversão matemática ou hidraulica, tem seus custos e
eles não são baratos.
É necessária uma grande criatividade para a
construção de equipamentos que atendam a todos os quesitos , desde a
necessária resistência aos esforços solicitados em trabalho, passando pelo
consumo energético, durabilidade face ás condições de possíveis corrosões, e
riscos diversos por uso inadequado, aplicando, por exemplo do Fernando,
lâminas diversas fora das necessidades do momento de cada cultura, e outras
circunstâncias que influenciam o sucesso ou insucesso de uma
exploração.
Não chega a ser " um bicho de sete cabeças"
desde que se usem os conhecimentos mais modernos de todos os setores
das engenharias envolvidas, mas cada vez mais, é campo de especialistas bem
formados e informados.
Diria que o Brasil teve oportunidade de
aprender com os acertos de muitos e bons profissionais , mas também aprendeu
muito com os erros e desacertos , nas tentativas de alcançar os melhores
resultados.
É no entanto um caminho com "pedras para
tropeçar" caso não se atendam a critérios com a observancia
cientifica.
Se por um lado o Brasil tem um dos maiores
parques de maquinário Pivot do Mundo, é também por aqui que
encontramos um dos maiores "Cemitérios " de projetos falidos por não
atenderem, no todo ou em parte, ás tais regras económicas que em seu
conjunto propiciam o sucesso dos empreendimentos.
Atenciosamente,
Jorge de Sousa
----- Original Message -----
Sent: Saturday, June 26, 2004 12:19
PM
Subject: Re: [irriga-l] Lamina para
Pivos
Caro Marcos,
Gostaria de
acrescentar mais duas às observações do Fernando Tangerino, por sinal
bastante coerentes.
Deve-se considerar as
características do solo em que será implantado o pivô, e as
características fisiológicas das culturas que serão implantadas. As
características mais importantes são a velocidade de infiltração e a
capacidade de armazenamento de água.
Com relação
ao solo: Caso a intensidade de aplicação do pivô
ultrapasse a velocidade de infiltração, haverá perda de água por
escorrimento superficial (runoff). Caso a lâmina
d´água total ultrapasse a capacidade de armazenamento, haverá perdas de
água por percolação (drenagem abaixo da camada de raízes). A percolação só
é benéfica se for planejada, em casos específicos, tais como no manejo da
salinidade do solo.
Com relação à
cultura: Há casos em que as culturas necessitam da
aplicação freqüente e em baixa quantidade, e casos em que ocorre
justamente o contrário. Há, também necessidades diferenciadas ao longo do
ciclo, tanto em termos de quantidade como de
frequência. Cito, como exemplos, duas culturas:
alface e café. No caso da alface, o que nos
interessa são as folhas. Portanto, há necessidade de irrigações diárias ou
a cada dois dias, em baixa intensidade. No caso do
café, o que interessa são os frutos maduros, colhidos no ponto certo. Como
a planta dá várias floradas e o número destas é influenciado diretamente
pela disponibilidade de água e outras variáveis climáticas, a estratégia
aqui é diferente. Há muitos casos observados no
campo, mostrando que a irrigação de alta frequência pode prejudicar a
qualidade da bebida, devido ao maior número de floradas e à consequente
irregularidade de maturação dos frutos.
Resumindo:
Deve-se planejar a lâmina d´água do pivô de acordo
com as características da PLANTA, do CLIMA e do do SOLO. Aí, então,
entramos com os cálculos hidráulicos, conforme as coerentes observações do
Jorge.
Fernando
--
Fernando Campos Mendonça
UNOESTE - Univ. do Oeste Paulista
Fac. de Ciências Agrárias
Rod. Raposo Tavares, km 572
19067-175 Presidente Prudente-SP
(18) 229-2000 rm 2109 / 229-2024 (fax)
Fernando Braz
Tangerino Hernandez escreveu:
Olá Marcos, boa tarde!
Impossivel te responder esta pergunta sem conhecer a regiao em que vc
está. A resposta está em função da evapotranspiração de referencia da
regiao e da cultura que vc irá plantar e assim teremos definida a
evapotranspiração da cultura.
De posse destas informações, definimos o mes mais critico em função
do balanço hidrico e por fim acrescentamos a eficiencia do sistema de
irrigação e verificamos qual será a capacidade do sistema.
Sugiro que vc levante os dados de evapotranspiração e chuva de sua
regiao para fazer esta analise.
Outra sugestao é vc consultar as empresas que trabalham com irrigacao
na sua regiao.
Abracos e boa sorte!
Fernando Tangerino
Marcos Alves Ferreira wrote:
Caros senhores da
lista.Qual a lamina que
devemos adotar para dimensioamento e pivos menores (10 a 20 ha)?
Existe alguma vantagem de utlizar lâminas em pivos
menores?Agradeço desde já
as sugestões.Eng Agrícola
Marcos Alves
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