Title: J2EE x .NET

Olá a todos,

segue a segunda parte da mensagem...

>__| J2EE x .NET: A Batalha de 2002 Está Apenas Começando (Final) |__

>O colega Joel de Sousa Ribeiro de Melo - [EMAIL PROTECTED], nos enviou
>o excelente texto abaixo, da Developers' Magazine, Número 66 -
>FEVEREIRO/2002, que por motivo de tamanho foi  dividido em duas partes. Este
>texto foi escrito por Osvaldo Doederlein, [EMAIL PROTECTED], e aqui
>apresentamos a parte final.
>
>Não demorou muito e a Oracle respondeu pela comunidade J2EE, "provando" que
>o JPS (acrescido de poucas otimizações e executado no seu application
>server) surra a .NET, com desempenho até 22 vezes superior que a versão da
>Microsoft. Tendo experiência com benchmarking, se me perguntarem em qual
>versão eu acredito, diria: ambas e nenhuma delas. O maior problema é que o
>JPE é um tutorial, não um benchmark, prestando-se a manipulações e não
>representando bem o comportamento de aplicações J2EE. Como a J2EE possui um
>benchmark oficial, sério e científico, o ECPerf, seria mais produtivo se a
>Microsoft fizesse um porte desse programa e não de um brinquedo.
>
>Outra controvérsia interessante é a questão dos padrões. Ambas as partes
>definem sua própria tecnologia como "aberta" e a concorrente como o Java
>"proprietária". O ponto de vista da Microsoft se fundamenta nos padrões ECMA
>da linguagem C# e outros itens de importância marginal (basicamente,
>especificações para a criação de linguagens compatíveis com .NET). A
>Microsoft mantém controle de elementos críticos da .NET, a plataforma é
>ainda mais amarrada a seus próprios produtos e estratégias do que tudo que
>substitui. Até mesmo os itens submetidos ao ECMA terão novas versões
>desenvolvidas isoladamente pela Microsoft (a Microsoft já planeja uma
>atualização do C#, com suporte a tipos genéricos. Talvez o ECMA carimbe a
>nova versão da Microsoft, ou talvez a Microsoft nem se importe em padronizar
>tais novas versões).
>
>A Sun não tem a chancela de um órgão independente, mas há compensações. A
>totalidade da plataforma Java, desde a Virtual Machine até a última das
>APIs, é disponível em código-fonte - a licença SCSL não é aceita como open
>source "puro", como a GPL ou BSD, pois não permite livre redistribuição de
>modificações (para impedir a proliferação de dialetos incompatíveis). Por
>outro lado, há liberdade para uso privado, sendo possível usar o código
>original ou aperfeiçoado até em software comercial, sem pagamento nem
>contribuição das modificações à Sun. Numa coisa a Microsoft e Sun (e várias
>empresas que tentaram fazer dinheiro com software livre) concordam: a GPL
>não combina com negócios. A Sun montou seu próprio órgão de padrões, o JCP
>(Java Community Process). O JCP é bastante aberto, mas dá poderes especiais
>à Sun (como o direito de escolher o chair de cada JSR) que o tornam menos
>imparcial que outros órgãos. Todavia, o JCP é legitimado pela participação
>de mais de 400 membros, incluindo praticamente todos grandes players da
>indústria. E funciona de forma mais ágil e eficiente que a maioria dos
>órgãos de padrões tradicionais, tendo evitado os problemas de tecnologias
>geradas por comitês.
>
>Na comparação entre os padrões de papel ECMA vs. JCP, pode-se discutir
>longamente qual é o mais bonito. Mas na prova dos nove, o Java há tempos
>exibe uma fartura de provas do seu lado "open" com milhares de produtos
>independentes em dezenas de plataformas. É a Microsoft que tem o ônus da
>prova - a opção da Microsoft por um runtime portável é necessária porque o
>futuro do Windows depende da migração para a nova arquitetura de 64 bits da
>Intel, incompatível com o legado de 32 bits. A Microsoft teve uma dura
>experiência tentando convencer os desenvolvedores a portar aplicações NT
>para MIPS, PPC e Alpha. Os mercados de devices como PDAs e celulares também
>abundam em arquiteturas diversas.
>
>A Arte da Guerra. Posicionar-se bem no terreno é meio caminho andado para a
>vitória. Existem vantagens nas posições de ambos exércitos. A plataforma
>Java encontra-se na confortável posição de tecnologia conhecida, comprovada,
>e confiável. Cases de sucesso J2EE já deixaram de ser novidade. A linguagem
>Java já ultrapassa C++ em popularidade. A Sun Microsystems pode não ter
>porte para enfrentar a Microsoft, mas o Java é suportado por um time que
>inclui IBM, Oracle, Borland, BEA, Iona, Fujitsu e, praticamente todo mundo
>que conta, exceto a Microsoft. Sem falar na enorme popularidade do Java nas
>academias de todo o mundo. A importância disso não pode ser subestimada;
>além da oferta de profissionais, inclui milhares de mestrandos e doutorandos
>fazendo pesquisas que beneficiarão o Java direta ou indiretamente. O mesmo
>pode ser dito do open source: não há competição .NET para produtos como o
>Tomcat, JBoss, NetBeans, Eclipse e muitos outros free.
>
>A Microsoft tem uma capacidade de engenharia gigantesca e está fazendo uma
>grande aposta no sucesso da .NET. Mas a nova plataforma, por melhor que
>pareça ao executar demos, carrega a marca de release "1.0" de um produto de
>enorme complexidade. Os mais conservadores ficarão longe disso por um ano ou
>dois, até que a .NET prove ser robusta, escalável, segura, etc. Mas se ainda
>existe muito terreno para conquistar, a Microsoft conta com muitos
>desenvolvedores que usam e continuarão usando sua plataforma, e a enorme
>massa de código existente que será mais fácil de migrar para o mundo .NET do
>que para J2EE. A estratégia da Microsoft é seu argumento mais forte: .NET é
>o seu futuro. Isso já foi dito antes de iniciativas como o DNA, mas
>diferente desses episódios, a .NET não é apenas uma jogada de marketing ou
>um nome novo para as mesmas coisas. É a maior reforma do Windows desde a
>transição de 16 para 32 bits. Nesse combate, é possível que muitos soldados
>mudem  de lado. Quem desenvolve em J2EE porque gosta da tecnologia, mas não
>se importa muito com independência de plataforma e de vendedor, encontrará a
>NET um ambiente familiar, uma curva de aprendizado macia, e os benefícios
>do acesso total às particularidades do Windows. Quem vive no mundo Windows
>mas não é fã da Microsoft, verá que o esforço de migração para .NET é
>praticamente o mesmo de escolher J2EE: aprender novas linguagens,
>bibliotecas de classes, IDE's e talvez até métodos de desenvolvimento. Esse
>desenvolvedor pode ter resistido ao Java por inércia, ou por desconfiar de
>conceitos como máquinas virtuais, mas agora será praticamente obrigado a
>escolher uma das novas plataformas e poderá apreciar a natureza muito mais
>aberta e a maior maturidade, do Java.
>
>Ambos competidores dominam territórios importantes. J2EE tem grande presença
>no mercado corporativo, no chamado "server side" que é o maior sucesso do
>Java hoje. Igualmente importante é o tremendo avanço que o Java está fazendo
>no mundo dos dispositivos PDA, wireless, sistemas embutidos, TV, ou seja no
>mundo "micro" que é o próximo grande front de lucros e de oportunidades. O
>J2ME é praticamente o padrão, de fato e de juris, de plataformas como
>telefones celulares e aparelhos de TV de nova geração; já a Microsoft,
>malgrado as boas vendas do Windows CE, tem amargado uma coleção de derrotas
>nesses mercados. Em compensação, a Microsoft ostenta a invejável posição de
>monopólio do desktop, com centenas de milhões de usuários. Esse mercado pode
>estar relativamente estagnado (todo mundo já está dentro), mas ainda é muito
>lucrativo e pode ser usado para alavancar iniciativas em novas plataformas.
>
>
>Conclusão. Ao invés de listar e comparar tecnicalidades como as minúsculas
>diferenças entre as linguagens Java e C#, ou mesmo diferenças de
>funcionalidade de APIs ou ferramentas visuais que mudam rapidamente, devemos
>dar atenção aos elementos essenciais da tecnologia e da estratégia de longo
>prazo de cada competidor, nessa batalha pelo padrão de plataforma de
>desenvolvimento para a próxima geração tecnológica. As empresas e
>profissionais decidindo por uma dessas plataformas estarão fazendo grandes
>investimentos em capacitação, aquisição de produtos, e construindo sistemas
>que terão que ser mantidos por muito tempo. O cenário atual é favorável à
>J2EE, mas reconhecemos que muitas vezes a vantagem é somente de já haver
>comprovado alguma qualidade, sendo perfeitamente possível que a .NET venha a
>possuir a mesma vantagem (por exemplo, ser uma tecnologia aberta de fato)
>mas, como o seguro morreu de velho, e o background da Microsoft e de seus
>produtos depõem contra a propaganda da .NET, essa plataforma terá um longo
>desafio pela frente.
>
>Fechando com um lugar comum, há pouca dúvida que ambas plataformas irão
>coexistir e ter boas fatias do mercado. A maior questão é quem ficará com a
>maior fatia, no todo ou em cada setor e nicho. O ponto positivo desse
>cenário é que os padrões XML e de Web services (especialmente SOAP) oferecem
>um grau inédito de interoperabilidade entre os competidores. Na pior
>hipótese (ou seja: caso a sua plataforma favorita não seja tão dominante que
>você possa ignorar o "resto"), será muito mais fácil que antigamente
>construir sistemas que precisam ser cada vez mais integrados, num mundo que
>se torna cada vez mais heterogêneo.
>
>Autor: Osvaldo Doederlein - [EMAIL PROTECTED], é coordenador de
>projetos da Visionnaire Informática.

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