Comrades and friends,

Here I am forwarding an interesting analysis on the role played by the popular
children show-woman Xuxa, in Brazil. As a way to promote lack of readership
(Brazilians seem to read now less than 20 years ago, and same can be said of
Argentineans), the privately owned, proimperialist TV networks brainwash
children from their very beginnings. The Xuxa show is conducted, the article
below explains, as a pornographic TV show. Those who can read Spanish will be
interested, as well as those who can read Portuguese. A few comments by yours
truly, in English, added between square brackets.

------- Forwarded message follows -------
To:                     [EMAIL PROTECTED]
From:                   belarmino mariano neto <[EMAIL PROTECTED]>
Date sent:              Mon, 25 Dec 2000 11:38:32 -0200
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Subject:                [listageografia] rede globo e ensino

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Vi a preocupação dos companheiros sobre essa emissora de TV, vai esse
texto que reflete bem o que o Antônio e o Nestor colocam sobre
alienação. Abraços, belarmino da Paraíba.

Como a Xuxa acabou com uma geração

Falando como um saudosista, novamente, lembro-me das escolas dos anos 60
e 70 onde muitos professores priorizavam a leitura. Nos antigos primeiro e
segundo graus, a maioria dos alunos das diversas séries, gostava de ler.

Ora porque se tratava de uma atividade que agradava, ora porque os
exigentes mestres obrigavam os meninos e meninas, requisitando
relatórios e trabalhos sobre um sem número de autores e suas obras-primas.
O Colégio Luterano que estudei era rigoroso, e já nos primeiros anos do
primário líamos "Os Mais Belos Contos de Fadas Russos, Poloneses,
Dinamarqueses" eassim por diante. Em seguida aprendemos a conhecer melhor
Monteiro Lobato e seus fascinantes personagens. No Ginásio (5.ª - 8.ª séries)
já tínhamos conhecimento até certo ponto muito bom de Machado de Assis,
José de Alencar, Graciliano Ramos, Flaubert, Victor Hugo, Dostoievsky,
Tolstoi, Platão, Aristóteles, entre muitos mais.

Outros garotos, meus contemporâneos, de diferentes escolas, liam e tinham a
mesma noção de conhecimento literário, o que expandia nossos horizontes,
preparando-nos melhor para a adolescência e vida adulta.

Em qualquer sociedade civilizada, depois do renascimento e com o advento
da imprensa de Gutenberg, a leitura era, e é fundamental para o
desenvolvimento de uma comunidade, de uma cidade e de uma nação. Seja a
leitura de bons livros ou mesmo ensaios, jornais e revistas de
qualidade.

Lamento muito em olhar dados recentes de uma pesquisa do IBGE e outros
institutos de ponta mostrando que o brasileiro tem diminuído sua leitura
significativamente nos últimos 20 anos. Vendem-se atualmente, muito
menos livros, jornais e revistas, proporcionalmente ao número de pessoas
alfabetizadas. Uma pena.

Escrevo sobre a leitura, porque domingo passado neste mesmo caderno, o
jornalista Leandro Calixto com muita perspicácia e brilhantismo escreveu
sobre um mal que atinge os brasileiros há 20 anos. Calixto escreveu
sobre a chamada "rainha dos baixinhos" sra. Maria da Graça Meneghel, também
conhecida como Xuxa. O jornalista foi incisivo ao dizer que Xuxa leva
assuntos às crianças como se apresentasse um programa pornográfico.

Verdade absoluta. Peço licença ao companheiro e reproduzo o artigo: "A
apresentadora Xuxa discute sexo, pede para os assistentes tirarem peças
das roupas e ainda promove namoro entre os convidados. O `Planeta Xuxa'
teoricamente voltado para o público infantil, traz alguns atrativos
típicos de alguns programas pornográficos exibidos nas madrugadas pela
CNTe pela Bandeirantes."

Num horário infanto-juvenil e familiar, domingo 13h, 14h, Xuxa "chega ao
cúmulo de questionar posições sexuais que os entrevistados mais
apreciam.

Outro exemplo de perversidade do programa é a explosão erótica
desnecessária dos ajudantes de palco de Xuxa. Como se fosse um filme
erótico, ela pessoalmente despe algumas das peças dos sarados paquitos,
para delírio do público... Xuxa parece não ter consciência de sua
importância na televisão... sua preocupação é exaltar o glamour, um
mundo de sonhos, que na verdade é de difícil acesso ao grande público."

Sem dúvida, ela não tem consciência de sua importância na televisão e
nem preparo intelectual para discutir assuntos sérios ou entrevistar pessoas
sérias. E por isso faz muito mal ao povo brasileiro há 16 anos. Explico.

Maria da Graça Meneghel Xuxa apareceu no final dos anos 70 no Rio de
Janeiro, sem qualquer formação profissional e educacional, como modelo
em campeonatos de surf e boates da moda da época. Em 1979/80, ela teve a
sorte de conhecer o tal de Edson Arantes do Nascimento, Pelé, que na
ocasião vivia um mundo de sonhos. Pelé tinha encerrado a carreira de
jogador de futebol no Cosmos de New York, cheio da grana e solteiro,
caía na gandaia em São Paulo e Rio. Num desses inferninhos cariocas Pelé
conheceu a Xuxa. Namoraram durante dois anos. Pelé levou-a para um
patamar acima da fila de espera nas boates (o chamado "sereninho" para quem não
tem status, espere na calçada para entrar) e introduziu-a ao mundo das
revistas e filmes pornográficos. Xuxa, inocente aos seus 19, 20 anos,
caiu direitinho. Tirou a roupa no cinema e nas revistas, deitou, rolou e caiu
na farra. Um belo dia, algum produtor de televisão mais esperto convidou
a Xuxa para apresentar um programa infantil de televisão na Rede Manchete.

Ela topou, foi bem e anos depois passou a trabalhar na poderosa Rede
Globo. Muito bem. Ou melhor, muito mal. Foi aí que toda uma geração de
jovens brasileiros foi pra cucuia. Crianças de 4 a 17 anos em meados dos
anos 80 simplesmente desistiram da escola. O mundo mudou aqui no Brasil.

Como eu disse no começo, garotas e garotos dos anos 60 e 70 foram
educados lendo, conversando, discutindo assuntos. A partir dos anos 80, a
molecada passou a ser criada vendo televisão. Ou porque os pais trabalhavam e a
melhor babá era a telinha, ou porque os pirralhos preferiam ver TV a ler
uma revistinha ou um livrinho. E Xuxa colaborou muito para isso,
mostrando durante quase duas décadas um mundo de fantasia para as crianças, que
cativava e ensinava absolutamente nada. Tudo para aumentar o faturamento
da emissora (nessa época descobriram essa fatia consumista infantil e
juvenil) e aumentar também a fortuna pessoal da loira. Milhões de horas
foram desperdiçadas em frente a TV. Pior, outras loiras e morenas de
igual ou inferior valor a Xuxa apareceram na TV, sempre destacando
brincadeiras e ensinamentos de gosto e utilidades duvidosos. Xuxa criou um
mundo diferente. Meninos e meninas assistiam regularmente seus programas,
disputando quem sabia mais sobre os mesmos.

O mal que a Xuxa fez para uma geração inteira, meninos e meninas que
hoje têm entre 14 e 34 anos mais ou menos, é irreparável. Ela os tirou do
mundo maravilhoso dos livros, da cultura, da escola (é claro que as crianças
iam e ainda vão à aula, mas é mero cumprimento de dever) para se tornarem
verdadeiros fanáticos adoradores do mundo irreal de Xuxa e suas
paquitas.

Já é tão difícil para os pais insistir com seus filhos para estudar,
fazer a lição de casa, freqüentar a escola regularmente, imaginem lutar
contra um formador de opinião poderoso como a Xuxa e outras animadoras
de palco infantis? As crianças que iam a escola pela manhã, muitas vezes
faltavam para assistir ao programa da Xuxa. Ou então gravavam pela manhã
para poderem se divertir à tarde. As crianças que estudavam à tarde, não
faziam as tarefas de manhã e tampouco liam alguma coisa.

O leitor amigo duvida disso? Faça uma pesquisa, como eu fiz, entre
familiares, amigos, ou pergunte no seu local de trabalho para um desses
jovens de 14 a 34 anos (mais ou menos) quem foi Balzac, Machado de Assis
ou Monteiro Lobato. Pergunte para os mesmos se eles sabem quem foi
Mozart, Beethoven, ou mesmo Rembrandt, Renoi, Tarsila do Amaral. Muito
difícil ?

Vamos facilitar. Pergunte para as atuais gerações se eles sabem o que é
uma paroxítona, ou quais são os 4 pontos cardeais, ou ainda qual a
capital da Bolívia. Dia desses num desses programas de auditório, três artistas
-cantores e bailarinas de axé e pagode - tentaram responder a essas
perguntas. Sobre paroxítona a bailarina de uns 25 anos respondeu "é um
remédio novo?" Para os 4 pontos cardeais o sambista (uns 29, 30 anos)
disse que eram frente, verso, traseiro e dianteiro. E sobre capital da
Bolívia o sujeito respondeu que era "Venezuela". O apresentador ficou
com a cara no chão. Tenho ouvido em pesquisas no rádio, TV e jornais, que
adolescentes na faculdade escrevem "profição" ao invés de profissão e
"séquiço" ao invés de sexo. O resultado da doutrinação da Xuxa nos
"baixinhos" dos anos 80 e 90 não têm limites. Pessoas na TV respondem as
maiores besteiras da paróquia sobre qualquer assunto. Não creio que a
cultura seja tão fundamental assim para o bem viver, talvez honestidade,
boa educação estejam um passinho à frente. Mas a falta de leitura, de
uma boa educação cultural prejudica o próprio sujeito, limitando suas
possibilidades escolares e profissionais, afetando seu desenvolvimento
junto a comunidade e segurando o desenvolvimento do País.

Xuxa, com muito prazer, não é a única responsável por escolas e
professores medíocres. Mas ela contribuiu fundamentalmente para a
criação de uma geração que vive de fantasia, de sonhos que não serão
realizados, uma geração que só quer saber de pagode e axé music, sem
responsabilidade, sem objetivos sérios. O leitor já tentou conversar com alguma
dessas meninas e meninos de telemarketing, por exemplo, da Telepar, de um
cartão Visa ou Mastercard ou de uma empresa qualquer? É um sofrimento. São
pessoas despreparadas, arrogantes, parecendo muitas vezes com a gravação
que sempre iniciam as ligações. E por último, gostaria de acrescentar ao
brilhante artigo do Leandro Calixto, que a Xuxa tentou a vida com seus
programas nos EUA. Não funcionou, foi quase expulsa de lá, porque para os
padrões infanto-juvenis americanos, ela era completamente indecente,
pornográfica. No Chile eles reconhecem a Xuxa como a "rainha dos grandinhos"
pois é sexy demais para os meninos. Na Argentina também não colou.

[Unfortunately, this is not exactly true]

E por último, o pior dos exemplos dessa ex-atriz e modelo de revistas de mulher
pelada, foi a aquisição do sêmen de um bonitão, que era "saudável o suficiente"
para gerar um filho com ela, e depois o dispensou, assim como os familiares
do pobre coitado. Belo exemplo para as crianças, para as famílias, para a
formação de um País civilizado. Quem aprova as atitudes da Xuxa não pode
falar nada das milhares de mães solteiras (contra a própria vontade) e
dos meninos de rua abandonados pelo Brasil afora. A Xuxa, infelizmente,
destruiu uma geração, formando uma legião de fanáticos ingênuos e
aculturados. Em qualquer país sério, ela estaria na cadeia.

Fonte: Paraná on-line   =  http://www.zip.net/parana-online/

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Néstor Miguel Gorojovsky
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