Não é bem assim, Julio Cesar. Há um artigo escrito a seis mãos (Walter
Carnielli, Marcelo Coniglio e João Marcos) que começa justamente pelas
razões filosóficas para propor os sistemas paraconsistentes, chamado Logics
of Formal Inconsistency.
ftp://logica.cle.unicamp.br/pub/e-prints/vol.5,n.1,2005.pdf

Outrossim, é bom lembrar que boa parte da literatura filosófica é devotada
ao estudo de paradoxos. Jamais se disse que um paradoxo não possa ser
representado ou resolvido por meio de figuras geométricas ou sistemas para
computador. Para a filosofia, qualquer ferramenta que ajude à abordagem ou
resolução de certo problema é ou pode ser válida.

De resto, concordo com Rodrigo Podiacki que suas preocupações não estão
claramente enunciadas, ficando difícil aprofundar o tema.

Em 9 de abril de 2012 18:06, julio cesar <jcacusto...@yahoo.com.br>escreveu:

> Olá lista,
>
> estou em total acordo com quem critica os sistemas inconsistentes por
> falta de compromisso filosófico (pra não dizer coerência). Apesar da
> praticidade tais (alguns) sistemas formais, isso não implica, de forma
> alguma, que eles tenham (ou teriam que ter) implicações filosóficas.
> Qualquer linguagem de programação moderna é um sistema formal tão legítimo
> como qualquer sistema de lógica, no entanto, se for realmente possível
> criar operações e instruções numa linguagem formal para que uma contradição
> genuína não cause problemas (e embora eu ainda tenha sinceras dúvidas
> quanto a isso) tal fato não significa necessariamente nada do ponto de
> vista filosófico, inclusive do ponto de vista da filosofia da lógica.  Os
> *lógicos não-clássicos*, em especial a turma da inconsistência, geralmente
> dão um passo muito fácil de *sistemas formais* para *princípios lógicos* e
> daí então para *filosofia da lógica*, passos que a meu ver
>  não são nada simples, muito menos triviais.
>
> É praticamente nula a discussão sobre até que ponto é legítimo o
> comportamento de um sistema formal qualquer ditar os princípios ou a
> filosofia da lógica.
>
> Um pequeno exemplo já bem batido nessa discussão:
>
>  - os sistemas que tratam de forma não-clássica a contradição tem,
> basicamente, uma única abordagem: manipular o operador de negação.
> Altera-se de tal forma a instrução contida nesse operador que, com essa
> alteração, a contradição sequer aparece. No entanto, ao alterar o operador
> clássico, altera-se a informação contida em tal operador. Sendo assim, se
> acaso uma expressão com tal operador clássico possuir como informação uma
> contradição, ao se alterar tal operador, altera-se a informação sob a mesma
> expressão e, dessa forma, nada garante que aquilo ainda continua sendo uma
> contradição; em outras palavras, a fórmula se torna apenas uma coisa que
> não tem problema algum em ser verdadeiro, inclusive classicamente falando.
>
> Um lógico clássico tem todo o direito de olhar para a maioria das lógicas
> inconsistentes e dizer: "Que mentira! Vocês não estão aceitando contradição
> coisa nenhuma! Vocês estão é mudando de assunto!"
>
>
> Abraços,
> Júlio César A. Custódio
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