Visto ainda não te recebido estou a enviar outra vez - deve haver
conspiração contra os assuntos históricos...

LM




>Finalmente um assunto "histórico" (já que quase ninguem ligou ao "assalto a
>Conarky" - será que vale a pena continuar a enviar trabalhos similares?) e
>uma duvida antiga desfeita - a minha "objecção" era o facto de Cochrane ter
>disparado contra Lisboa, algo que era nessa altura quase impossivel para um
>navio isolado (já agora é mais facil, depois de no ano passado terem
acabado
>com o Regimento Artilharia de Costa); disparar contra a costa Portuguesa já
>é diferente.
>
>Sobre os meios envolvidos: a frota saiu com 48 navios mercantes, 16 guerra
e
>5335 militares e 870 civis - 4 regressaram por serem a favor de D. Pedro
>(incluindo uma charrua), arribaram 1 guerra e 9 mercantes, foram capturados
>16 mercantes (e nove que não faziam parte do comboio), tendo chegado a
>Lisboa 23 mercantes e todos os de guerra. De notar que o comboio se separou
>(o 1º chegou a 21 Agosto e o ultimo 22 Setembro). D. Pedro e o seu governo
>não gostaram muito da "perseguição" e não há duvidas que só aconteceu
porque
>as tripulações inglesas quiseram "mostrar trabalho" (após as dificuldades
na
>Baia em 4 Maio as tripulações eram inglesas).
>
>De notar que os ultimos combates navais tiveram lugar em Montevideu em
>Outubro.
>
>
>-----Original Message-----
>From: Alexandre Moraes de Castro e Silva <[EMAIL PROTECTED]>
>To: Lista Naval <[EMAIL PROTECTED]>
>Date: Segunda-feira, 6 de Dezembro de 1999 3:16
>Subject: Re: [naval] nomes estranhos e MAIS: a MB no Tejo
>
>
>Beleza então.  Como eu não palpito em áreas de tecnologia, e são quase
>todas, deixa eu aproveitar pra esclarecer o que eu sei.  E aproveito para
>esclarecer uma dúvida antigacom o Luis que eu fiquei devendo... Do Cochrane
>nem vou falar pq acho que todo mundo sabe, né?  Britânico, lutou contra
>Napoleão na RN, fez as independências do Chile e do Brasil como mercenário
e
>dizem que só pensava e falava em dinheiro, mas é verdade também que o D.
>Pedro não pagou a ele o que tinha prometido.  Enfim, já éramos o Brasil
>naquela época...
>
>
>John Taylor (1796-1855) comandou a Niterói durante a Guerra de
Independencia
>e foi ele que realizou aquele façanha que eu mencionei aqui na lista...
Não
>lembram não?  Que brigaram comigo até, achando que ia ofender o Luís?
>Peraí... :)  Adoro Portugal, não vou brigar por causa de coisas que
>aconteceram 170 anos atrás!!
>
>De qualquer modo, foi a Niterói de John Taylor que perseguiu a esquadra
>lusitana fugitiva da baía de todos os santos até a barra do Tejo.  Agora
>estou com os livros aqui na frente pra não errar.  Os portugueses evacuaram
>Salvador na calada da noite de 2 de junho de 1823, um comboio gigantesco de
>mais de 60 ou 80 navios, e correram pra o Maranhão, onde os lusitanos ainda
>resistiam, sendo então perseguidos por quatro navios brasileiros, entre
eles
>a Niterói. Ao longo do percurso, os brasileiros capturaram justamente dois
>dos navios nos quais iam o grosso das tropas de desembarque portuguesas e o
>almirante luso decidiu mudar de planos e rumar para Lisboa.  Nesse ponto,
os
>outros navios brasileiros tiveram que voltar e a Niterói ficou sozinha na
>perseguição. A Niterói perseguiu a esquadra portuguesa até a embocadura do
>Tejo, que alcançou a 12 de setembro. Deu um tiro de saudação a Portugal e
>começou o caminho de volta. Graças aos esforços das forças perseguidoras,
>especialmente a Niterói, foram capturados mais de um terço das tropas
>portuguesas e cerca de metade dos navios -- 30. Alguns dizem que essa
>perseguição foi essencial para o sucesso da guerra, pois argumentam que se
>as forças tivessem chegado em Portugal intactas, os portugueses seriam
>tentados a reforçar e socorrer os seus patrícios ainda resistindo no Pará,
>Piauí e Maranhão., Taylor ainda se abasteceu em Flores e Madeira e capturou
>mais meia dúzia de navios portugueses retardatários na viagem de volta.
>
>Por fim, essa viagem também é muito bem documentada, por contar com um
>participante ilustre: um certo Joaquim Marques Lisboa, marinheiro
>voluntário, de tenros 16 aninhos.  Quem não sabe quem é, eu não digo! Basta
>dizer que todas as biografias de Lisboa enfatizam que a perseguição teve
>grande impacto sobre ele...
>
>Além disso, o Taylor ainda ralou muito. "Pacificou" a província de
>Pernambuco no pós-independência, combateu a confederação do equador,
>combateu na cisplatina, combateu os mercenários amotinados no rj em 1831 e,
>por fim, comandou as forças navais da regência que desbarataram os cabanos
>em 1836.  Morreu no posto de Vice-Almirante.
>
>
>João Guilherme Greenhalgh (1845-1865) era brasileiríssimo, guarda-marinha e
>é o nosso "martir" de Riachuelo. Ele morreu a bordo da Parnaíba, de um modo
>bem peculiar e que explica as homenagens que ele recebeu.  A Parnaíba tinha
>encalhada e estava sob abordagem de quatro navios paraguaios. A luta era no
>convés, de espada, no braço, o que houvesse, tudo para impedir a abordagem.
>Nisso, Greenhalgh viu um paraguaio tentando arriar nossa bandeira. Ele
corre
>até lá, toma a bandeira do paraguaio e enrosca-se nela. O paraguaio voa
nele
>e Greenhalgh lhe dá um tiro na cara. Nisso, os outros paraguaios pulam
nele,
>e ele morre de dezenas de feridas de machadinha e de balas. Mas o que
>importa para a lenda é nao só ele caiu literalmente enroscado na bandeira,
>como que também nem a bandeira e nem a Parnaíba caíram nas mãos do inimigo.
>
>Já o Dodsworth, é preciso que me digam que Dodsworth! Tem vários!  De
>qualquer modo, pro século XX eu tenho pouca coisa. Na Primeira Guerra
>Mundial, temos apenas o Primeiro-Tenente Jorge Dodsworth Martins, que fez
>parte do Estado Maior da DNOG, e o Capitão de Corveta Alfredo Andrada
>Dodsworth, que comandou a Piauí.
>
>Sobre os Dodsworths, eu nao tenho mais nada...
>
>alexandre
>
>
>
>
>

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