De acordo com a Organização Mundial de Saúde, hoje em dia, a malária é de longe a 
doença tropical e parasitária que mais causa problemas sociais e econômicos no mundo e 
só é superada em número de mortes pela AIDS. Também conhecida como paludismo, a 
malária é considerada problema de saúde pública em mais de 90 países, onde cerca de 
2,4 bilhões de pessoas (40% da população mundial) convivem com os risco de contágio. 
Anualmente, sobretudo no continente africano, entre 500 e 300 milhões são infectados, 
dos quais cerca de um milhão morrem em conseqüência da doença. No Brasil, 
principalmente na região amazônica a malária registra por volta de 500 mil casos por 
ano - no entanto, aqui a letalidade da moléstia é baixa e não chega a 0,1% do número 
total de enfermos.



O Anopheles darlingi, principal vetor da malária no Brasil
(clique aqui para ver outras imagens do mosquito)

A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium e cada uma de suas espécies 
determina aspectos clínicos diferentes para a enfermidade. No caso brasileiro, 
destacam-se três espécies do parasita: o P. falciparum, o P. vivax e o P. malarie. O 
protozoário é transmitido ao homem pelo sangue, geralmente por mosquitos do gênero 
Anopheles ou, mais raramente, por outro tipo de meio que coloque o sangue de uma 
pessoa infectada em contato com o de outra sadia, como o compartilhamento de seringas 
(consumidores de drogas), transfusão de sangue ou até mesmo de mãe para feto, na 
gravidez. Apesar da malária poder infectar animais como aves e répteis, o tipo humano 
não ocorre em outras espécies (mesmo ainda sem comprovação, há a suspeita de que 
certos tipos de malária possam ser transmitidos, sempre via mosquito, de macacos para 
humanos).

Em comum, todas as espécies de Plasmodium atacam células do fígado e glóbulos 
vermelhos (hemácias), que são destruídos ao serem utilizados para reprodução do 
protozoário. Quando o mosquito pica o homem, introduz em sua corrente sangüínea, por 
meio de sua saliva, uma forma ativa do Plasmodium, denominada esporozoíta e que faz 
parte de uma de suas fases evolutivas. Uma vez no sangue, os esporozoítas rumam para o 
fígado, onde penetram as células hepáticas para se multiplicarem, dando origem a outra 
fase evolutiva chamada merozoíta. Uma parte dos merozoítas permanece no fígado e 
continua a se reproduzir em suas células, a outra cai novamente na corrente sangüínea 
e adentra as hemácias para seguir com o processo reprodutivo. As hemácias parasitadas 
também são destruídas e originam ora outros merozoítas, ora gametócitos, células 
precursoras dos gametas do parasita e que são tanto femininas quanto masculinas.

O mosquito Anopheles torna-se vetor da malária a partir do momento que ingere 
gametócitos (femininos e masculinos) de um indivíduo infectado. Dentro do mosquito, os 
gametócitos tornam-se gametas e fecundam-se, originando o zigoto, que atravessa a 
parede do estômago do inseto e transforma-se em oocisto, tipo de célula-ovo. Após 
algum tempo, o oocisto se rompe e libera novos esporozoítos, que migram para as 
glândulas salivares do mosquito estando assim prontos para infectar um novo indivíduo.

Dos três tipos de Plasmodium existentes no Brasil, o mais agressivo é o P. falciparum, 
que multiplica-se mais rapidamente e, conseqüentemente, invade e destroi mais hemácias 
que as outras espécies, causando, assim, um quadro de anemia mais imediato. Além 
disso, os glóbulos vermelhos parasitados pelo P. falciparum sofrem alterações em sua 
estrutura que os tornam mais adesivos entre si e às paredes dos vasos sangüíneos, 
causando pequenos coágulos que podem gerar problemas cardíacos como tromboses e 
embolias.

Geralmente, após a picada do mosquito transmissor, o P. falciparum permanece incubado 
no corpo do indivíduo infectado por 12 dias. A seguir, surge um quadro clínico 
variável, que inclui calafrios, febre alta (no início contínua e depois com freqüência 
de três em três dias), dores de cabeça e musculares, taquicardia, aumento do baço e, 
por vezes, delírios. No caso de infecção por P. falciparum, também existe uma chance 
em dez de se desenvolver o que se chama de malária cerebral, responsável por cerca de 
80% dos casos letais da doença. Além dos sintomas correntes, aparece ligeira rigidez 
na nuca, perturbações sensoriais, desorientação, sonolência ou excitação, convulsões e 
vômitos e dores de cabeça, podendo o paciente chegar ao coma. Por vezes, o quadro da 
malária cerebral lembra a meningite, o tétano, a expilepsia, o alcoolismo dentre 
outras enfermidades neurológicas.

 



Três fases do Plasmodium: primeiro, como esporozoíta, assim
que é inoculado pelo Anopheles na corrente sangüínea,... 



.. depois, reproduzindo-se nas células do fígado
(grande mancha vermelha ao centro)...



.. e, finalmente, invadindo, reproduzindo-se e destruíndo os glóbulos vermelhos
- na imagem, os círculos em abóbora representam hemácias, sendo que aquelas
com pequenos pontos vermelhos estão infectadas

Ao contrário do P. falciparum, o P. vivax causa um tipo de malária mais branda, 
raramente mortal, no entanto mais complicada de ser tratada. Isso acontece porque o P. 
vivax se aloja por mais tempo no fígado, dificultando a medicação. Mais longa que no 
caso do P. falciparum, a incubação dura de 10 a 20 dias, mas o P. vivax não costuma 
ser tão agressivo - enquanto o P. falciparum ataca entre 2% e 25% do total de hemácias 
quando está na corrente sangüínea, o P. vivax na atinge mais que 1%. De início, os 
sintomas incluem mal-estar, dores de cabeça e febre ligeira que com o tempo podem 
evoluir para febre entre 39 e 40oC, que se repete de dois em dois dias com presença de 
suor intenso e dores musculares.

O outro causador da malária chama-se P. malariae e possui quadro clínico bem 
semelhante ao da malária causada pelo P. vivax, apenas apresentando febre sempre baixa 
e com surgimento de três em três dias. A malária por P. malariae também tem recaídas a 
longo prazo, podendo resurgir mesmo 30 ou 40 anos mais tarde.

Fontes:
- Comitê de Doenças Tropicais (TDR)
- Organização Mundial de Saúde (OMS)
- Doenças infecciosas e parasitárias, Ricardo Veronesi, editora Guanabara
- Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde, Luís Rey, editora Guanabara-Koogan

 

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Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
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