Shine, nós não estamos falando do mesmo assunto. Matemática é arte tanto
quanto literatura, filosofia, etc.

Se o cara da 8a série sabe simplificar as contas dele. Bom para ele. Mas, o
que adianta ele saber fazer contas sem saber o por que não existe inverso
multiplicativo do elemento 0? Que a definição de multiplicação de matrizes
que ele tem no ensino médio tem a ver com coisas tão maravilhosas como o
Teorema Espectral? O cara vai quem sabe ser um bom engenheiro. Mas como ele
vai criar algo que não seja corolário imediato das coisas que limitaram ele
a pensar? Talvez se ele for um gênio... Mas e se não for?

A minha tese é a seguinte: "Ensinemos fazer contas. Mas como lemas ou
corolários e não como o resultado principal."

On 2/19/08, Carlos Yuzo Shine <[EMAIL PROTECTED]> wrote:
>
> Saber racionalizar denominadores tem algumas conseqüências práticas
> também. Imagine que a resposta de um problema seja 1/(sqrt(3) + sqrt(2)) +
> 1/(sqrt(2) + 1) + 1. Poderíamos deixar do jeito que está e fazer numa
> calculadora, mas veja o que acontece quando a gente
> racionaliza: obtemos sqrt(3) - sqrt(2) + sqrt(2) - 1 + 1 = sqrt(3), que é
> muito mais agradável (nesse caso, é realmente uma questão estética).
>
> Além disso, sou a favor do ensino da racionalização por motivos didáticos.
> Ao racionalizar um denominador você está, ao mesmo tempo, aplicando a
> definição de raiz (quadrada ou de índice maior) e utilizando idéias de
> fatoração (e devemos concordar que a maior parte dos alunos não têm
> disponível um software que fatora). Assim é uma fantástica oportunidade de
> sedimentar tais conceitos (entendendo melhor o que é raiz quadrada, suas
> conseqüências algébricas, mostrando uma aplicação da fatoração da diferença
> de quadrados, etc), além de aprender uma técnica nova que pode, em muitos
> casos, simplificar cálculos. Ademais, divisão de complexos nada mais é do
> que uma racionalização de denominadores disfarçada;
>
> Sobre o uso de calculadoras, queiram ou não, por mais que digamos que
> Matemática seja a ciência do raciocínio lógico, em Matemática também se faz
> conta e uma das habilidades importantes que deve ser parte da cultura geral
> de qualquer pessoa é saber fazer o mínimo de conta, com ou sem o auxílio de
> computadores. Porque não adianta jogar no computador se não se entende o que
> se está fazendo (e infelizmente, vejo isso com mais freqüência do que eu
> gostaria); e mais ainda, não se entende álgebra se não se entende
> aritmética. Além disso, a confiança nos computadores pode ser muito
> perigosa: por exemplo, por erros de Cálculo Numérico (outra matéria pouco
> popular entre os estudantes), um foguete americano explodiu e uma plataforma
> de petróleo afundou. Vejam
>    
> http://www.ima.umn.edu/~arnold/disasters/<http://www.ima.umn.edu/%7Earnold/disasters/>
> Outro exemplo favorito é o filme Apollo 13, quando os computadores foram
> desligados e os astronautas tiveram que fazer as contas com papel e lápis!
> Não sei se isso realmente aconteceu, mas eu consigo imaginar um blackout
> ocorrendo numa empresa num momento de urgência...
>
> E, quanto a matrizes, além das inúmeras aplicações de Álgebra Linear (um
> exemplo é o próprio algoritmo de busca do Google, que usa um teorema sobre
> sistemas homogêneos para poder colocar as páginas mais relevantes primeiro),
> você pode abrir uma planilha no Excel: as matrizes estão lá, e uma das
> coisas que mais se faz em aplicações é multiplicar matrizes.
>
>
>
> ----- Original Message ----
> From: Julio Cesar Conegundes da Silva <[EMAIL PROTECTED]>
> To: obm-l@mat.puc-rio.br
> Sent: Tuesday, February 19, 2008 6:25:13 PM
> Subject: Re: [obm-l] Re:[obm-l] Res: [obm-l] Radiciação 8ª série
>
> Pessoal... estamos discutindo matemática ou formação tecnológica? Qual o
> objetivos das aulas do nosso colega? Ajudar mentes a se desenvolverem ou
> treinar calculadoras? Qual o significado do "Teorema": Toda fração cujo
> denominador é formado por uma raíz enésima pode ser expressa como uma fração
> cujo denominador é um número real? Por si só isso tem significado? Quem não
> olharia como o Vitório para o seu professor e pensaria: "Tá. E daí?" ?
>
> Usar racionalização nos complexos é como usar um lema. Vc usa o lema (em
> uma área qualquer da matematica). Prova o que tem que ser provado. Daí vc
> encontra o significado de alguma coisa.
>
> A mesma coisa eu penso sobre ensinar teoria das matrizes no ensino médio.
> Para que ficar ensinando as coisas aos pedaços sem nunca completar o
> quebra-cabeças? Para alguém olhar o currículo de ensino médio e pensar:
> "Oooh... eles sabem multiplicar uma matriz".
>
> On 2/19/08, vitoriogauss <[EMAIL PROTECTED]> wrote:
> >
> >  Concordo na elegância....
> >
> > Mas creio que o Bruno foi feliz em suas palavras.."... que não fiquemos
> > escravos da vã tecnologia..."...
> >
> > Eu lembro bem, que no meu Ceará, por incrível que pareça....o professor
> > me disse :
> > Não pode deixar "raiz" no denominador...tem que racionalizar
> > obrigatoriamente..
> >
> > aí eu pensei...pela definição de racionais temos que a/b, com a e b
> > inteiros e b diferente de 0..deve se por isso...
> >
> > Depois...que aprendi que tratava-se de uma "mera" técnica, porém nos
> > complexos foi maravilhoso....
> >
> >
> > > Olá,
> > >
> > > De fato, se pensarmos bem, racionalizar um denominador significa
> > torná-lo racional. Por exemplo, em vez de se escrever 1/raiz(2), escreve-se
> > raiz(2)/2. Todavia, responda-me, com sinceridade, existe algum impedimento
> > para que as raízes fiquem no denominador?
> > >
> > > De qualquer modo, creio que saber racionalizar, é, na verdade,
> > importante, pois que quando assim o fazemos estamos treinando o conceito de
> > raiz quadrada, cúbica, etc, no sentido de que um número, para sair da raiz
> > n-ésima, precisa estar elevado à n-ésima potência. Talvez seja uma
> > justificativa.
> > >
> > > O problema é que, em sala de aula, sempre vão ter aqueles que
> > perguntam: "Professor, mas se eu não racionalizar fica errado?" E você, como
> > matemático, não pode dizer que fica. Outra pergunta do tipo é: "Professor,
> > mas precisa sempre simplificar a fração?" Enfim, talvez uma outra
> > justificativa seja a elegância, pois que a matemática precisa ser elegante.
> > Assim sendo, diga ao aluno: "Precisa, para ficar mais elegante..."
> > >
> > > Um abraço,
> > > Eduardo
> > >
> > > ----- Mensagem original ----
> > > De: vitoriogauss
> > > Para: obm-l
> > > Enviadas: Terça-feira, 19 de Fevereiro de 2008 14:03:02
> > > Assunto: [obm-l] Radiciação 8ª série
> > >
> > > Olá colegas,
> > >
> > >
> > >
> > > Estou ensinando radiciação na 8ª.
> > >
> > >
> > >
> > > Vou entrar em racionalização de denominadores, porém no site do
> > BIGODE, o mesmo diz que racionalização só é importante para a "prova de
> > radiciação".. .
> > >
> > >
> > >
> > > Ou seja, não é interessante ensinar racionalização, pois não há
> > mudança no resultado.
> > >
> > >
> > >
> > > Eu não concordo, particulamente, porque a matemática não é feita de
> > coisas sem uso, digamos assim. Deve existir uma aplicabilidade.
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
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> Julio Cesar Conegundes da Silva
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Julio Cesar Conegundes da Silva

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