Hoje à noite, o país inteiro vai parar para assistir a final da Casa dos Artistas. O Brasil já foi o país do futebol, do samba e da cachaça mas hoje em dia as coisas mudaram: o Brasil virou o país da fofoca, do voyeurismo e da sacanagem debaixo do edredon. Até mesmo a Isaura, minha patroa, influenciada pela Casa dos Artistas, comprou um edredon felpudo aqui pra casa mesmo sabendo que o nosso Dodge Dart 73, enferrujado, que fica estacionado na porta de O Globo, não tem ar condicionado. A gulosa criatura, no auge do esplendor decadente da sua menopausa, quer porque quer despertar o macho viril adormecido que ainda vive dentro de mim (sem boiolismo, por favor). Mesmo assim, expliquei à minha fogosa cara-metade que já ultrapassamos há muito tempo a adolescência quando os jovens saem para acampar e armar a barraca.
Mas voltando à Casa do Cacete, quer dizer, à Casa dos Artistas. Podemos notar que os concorrentes estão No Limite, quer dizer, No Limite não, porque o No Limite é da Globo. Como diria Alexandre Frota, o intelectual do grupo, eles já "estão no osso", trancados há mais de 5 semanas naquela mansão do Morumbi. Todos estão muito estressados em busca do prêmio de 300 mil reais. O único que está acostumado a ficar trancado em uma mansão é o Supla que, enquanto adolescente de meia idade, ainda mora com os pais até hoje. Aliás, os pais nem moram mais juntos com ele, que insiste em ficar fechado no quarto tocando guitarra alto só pra incomodar a vizinhança. Na minha opinião, se o Supla, um abonado de nascença, ganhar ele deve aproveitar que estamos no Ano do Voluntariado para doar seu prêmio para uma instituição de caridade, um asilo, um orfanato ou até mesmo para uns velhinhos como eu, por exemplo.
Outro forte e musculoso concorrente é o Alexandre Frota que faz o maior sucesso com as mulheres por ser grosso, mal educado e cafajeste. Mas, apesar disso tudo, o meu amigo Frota tem alguns defeitos: ele chora e todo mundo sabe que bad boy pit bull não chora a não ser quando briga com o namorado. Intectual atormentado e pernóstico, Alexandre Frota é uma espécie de Arthur Dapieve da Casa dos Artistas e, como não encontrou ninguém com inteligência suficiente para dialogar com ele, criou seu próprio interlocutor, o Sílvio Mello, um melão. Mas não adiantou nada: depois de duas horas de conversa, a fruta provou que é muito mais madura que o fortão bombado da Casa dos Artistas.
Agamenon Mendes Pedreira
(Casseta e Planeta)
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