Governo brasileiro pode estar equivocado sobre ODF, diz especialista da IBM

:: Jackeline Carvalho     :: 31/07/2006


Os questionamentos da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestação, sobre
o ODF (Open Documment Format), apresentadas na última semana, podem
estar baseados em uma visão equivocada do governo brasileiro sobre a
adoção do formato para documentos oficiais.

Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias aplicadas da IBM, lembra
que o formato já foi reconhecido pela ISO como padrão mundial e uma
instituição, a OASIS, possui participação de várias empresas de
software dedicadas a incorporação do formato aos seus produtos.

Ele lembra que logo após a aprovação do ODF como padrão mundial, o
Gartner divulgou resultados de um levantamento no qual diz que, por
volta de 2010, a troca de documentos baseados em ODF será um padrão
requerido por 50% dos governos no mundo.

"Há um caminhão de software que adotam o ODF como padrão", diz
Taurion, citando como exemplo o OpenOffice, o Lotus Notes, o
StarOffice e até softwares desenvolvidos pelo Google.

O ODF institui uma especificação padrão para documentos, tornando-os
independentes do software utilizado. Trata-se de uma iniciativa para
quebrar a hegemonia da Microsoft, que não só obriga o uso de um
determinado software para leitura de um documento, como também a
atualização constante de versões.

Há, inclusive, uma promessa da empresa em disponibilizar o OpenXML na
próxima versão do Office para facilitar o acesso a documentos, mas o
mercado não acredita na independência total dos documentos a partir
desta iniciativa da MS.

"O mundo hoje está preso ao padrão fechado da Microsoft, que gera
documentos doc, ppt, etc. Isso gera dificuldade de envio de texto de
um lado para outro", lembra Taurion, ao explicar que o novo paradigma,
baseado no padrão XML, quebra este vínculo.

Ele lembra que empresas como a Boing, além dos governos da Austrália e
de alguns estados norte-americanos e empresas de TI, estão envolvidas
com o ODF XML. "No openXML, o acesso é aberto, mas o controle é da MS,
enquanto no XML todo o processo é aberto", diz.

De acordo com Taurion, o andamento dos debates no Brasil mostra que o
ODF ainda é desconhecido. As pessoas sentem o problema de transmissão
de arquivo, mas não descobriram que existe uma saída. "Trata-se o
sintoma, mas a doença fica atrás", avalia.

A ODF Alliance, que propõe o debate e a disseminação do conceito,
possui mais de 200 membros em cerca de 40 países, inclusive no Brasil.
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