Praqueles que se interessam pela liberdade na internet
Arte: André Felix COMENTE A REPORTAGEM Pedágio na internet Gigantes de telecom dos EUA querem cobrar pelo acesso à rede e podem mudar o modelo de negócios online Por cristiane barbieri Nascida no meio acadêmico, a internet teve, até hoje, um modelo de funcionamento quase utópico: todas as informações que trafegam pela rede são iguais e todas as pessoas têm a mesma possibilidade de acessá-las gratuitamente, no chamado princípio da neutralidade. Esse modelo, no entanto, pode estar com os dias contados. Grandes empresas de telecomunicações americanas, fornecedoras de infra-estrutura da web, como AT&T e Verizon, têm feito lobby pesado junto a congressistas americanos na reforma da lei de telecomunicações, em curso nos Estados Unidos. Elas querem o direito de oferecer acesso rápido a quem pagar por ele, estabelecendo a hierarquia de tráfego na rede. Já conseguiram uma vitória importante para implantar o que poderá se tornar o pedágio da internet. No fim de junho, deputados americanos rejeitaram uma emenda que colocaria explicitamente na lei o princípio da neutralidade, que garante a mesma velocidade de acesso a grandes sites corporativos ou blogs. A legislação ainda passará pelo Senado americano, provavelmente no mês que vem. Mas a decisão dos deputados abriu a porta para que empresas de telecomunicação facilitem – ou dificultem – o tráfego na rede, de acordo com o pagamento de taxas. Com isso seriam criadas vias expressas dentro da rede. A iniciativa, evidentemente, gerou uma onda de protestos. Surgiram movimentos como o www.savetheinternet.com, que já tem mais de um milhão de assinaturas contra a iniciativa, e houve passeatas comandadas por artistas como o DJ Moby. Empresas de tecnologia, evidentemente, também não estão paradas. O Google, cuja fonte de receita são acessos de internautas, anunciou que não hesitará em abrir processos antitruste contra empresas que usem a nova legislação para cobrar a mais por tráfego diferenciado. "Se não formos bem-sucedidos em nossos argumentos e algo ruim acontecer, levaremos o caso para o Departamento de Justiça", afirmou Vint Cerf, vice-presidente do Google e um dos criadores da rede. "Minha empresa e muitas outras acreditam que a internet deve permanecer aberta e acessível a qualquer um de forma igualitária." Foto: André Felix DJ Moby: movimento Save the internet já tem mais de um milhão de assinaturas contra a proposta. As empresas de telecomunicação, por seu lado, têm dezenas de argumentos – e milhões de dólares – para expor seu ponto de vista. Eles vão desde a redução no número de empregos na área, com o avanço das chamadas telefônicas pela rede, ao fato de terem de fazer investimentos gigantescos em redes de fibra ópticas para atender às necessidades crescentes dos usuários. Além disso, dizem elas, muitos pacotes de informação já são favorecidos na internet atual. As empresas pagam rotineiramente ágio por "túneis" mais rápidos e seguros e por serviços de hospedagem que fazem seus sites abrir mais rapidamente. Firewalls e filtros também barram tráfego suspeito. A AT&T, que investiu US$ 11,5 bilhões em 2005 em infra-estrutura, diz não ter a intenção de bloquear conteúdo de competidores. Mas que estuda, sim, planos de negócios com serviços e cobranças de taxas para tráfego diferenciado. Apesar de a legislação brasileira ser diferente da americana, o País, como o resto do mundo, seria afetado, dizem os especialistas. Um dos motivos é que, como diz o nome, a World Wide Web é mundial. Tarifar uma das pontas – especialmente nos EUA – implica cobrar de todo o resto. US$ 11,5 milhões foram investidos pela AT&T em infra-estrutura nos EUA em 2005
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