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TV digital: novo filão para os desenvolvedores de software

Profissionais brasileiros poderão investir em uma nova área: a de aplicativos que rodarão nos aparelhos receptores de TV digital.

Por Daniela Moreira, do IDG Now!
09 de novembro de 2006 - 11h05

Com a estréia da TV digital no Brasil, prevista para 3 de dezembro de 2007, um novo mercado começa a se abrir para os desenvolvedores brasileiros de software. Conhecidos pela habilidade e criatividade na elaboração de jogos para celular e videogames, os profissionais tupiniquins poderão investir em um novo filão, o de aplicativos que rodarão nos aparelhos receptores de TV digital.

A interatividade é um dos recursos mais celebrados da TV digital. Na prática, as emissoras poderão enviar junto com a programação dados e aplicativos que rodarão no receptor. A gama de aplicações é a mais variada: desde jogos, notícias, guias de entretenimento até programas governamentais, incluindo informações ao cidadão, consultas a serviços públicos e votações.

As aplicações podem funcionar de duas formas: localmente ou em comunicação com a emissora. No primeiro caso, o usuário simplesmente recebe o aplicativo e executa na sua TV – sem enviar dados de volta. Nesta categoria podem ser incluídos, por exemplo, os guias de programação, notícias e estatísticas sobre jogos esportivos.

Já as aplicações de interatividade remota – que requerem um canal de comunicação com a emissora (o chamado canal de retorno) – levam as possibilidades a um horizonte ainda mais amplo, que inclui respostas a enquetes, consultas a bases de dados, compras pela TV, entre muitas outras possibilidades.

Antes de entrar nos pormenores técnicos, é preciso pensar que a criação de aplicações para TV digital deve respeitar alguns critérios comportamentais. Embora possa ter uma tela tão grande ou maior que a de um computador, a TV não possui teclado – o que significa que os comandos estão restritos aos botões de um controle remoto.

A questão da distância é outro ponto a ser observado – não se assiste à TV tão de perto quanto se utiliza o computador ou o celular. Textos longos e letras pequenas, portanto, não são muito viáveis. Além disso, a TV tem um caráter coletivo, diferente do PC e do telefone móvel, que também deve ser levado em conta.
 
“A postura do espectador é o fator principal. No computador, ela é ativa e na TV, contemplativa”, observa Faiçal Farhat de Carvalho, consultor técnico da FITec, que produziu aplicações de prova de conceito para TV digital, pedido do consórcio do padrão norte-americano (ATSC).

Mercado


Além das emissoras de TV, que distribuirão conteúdo junto com a programação, e do governo, que pretende aproveitar a tecnologia para promover iniciativas em saúde e em educação, um dos mercados potenciais para o desenvolvedor de aplicativos para TV digital é o de publicidade.

A interatividade abrirá uma série de possibilidades aos anunciantes, que terão a opção de enviar informações adicionais aos espectadores e, utilizando o canal de retorno, até mesmo fazer transações de compra em tempo real. O desenvolvimento destes aplicativos ficará a critério do anunciante e não da emissora, que só enviará o sinal. Portanto, ao menos nesse filão, é certo que os programadores encontrarão oportunidades.

Mas, para Marcelo Zuffo, coordenador do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Universidade de São Paulo, o desenvolvedor brasileiro deve voltar sua atenção principalmente ao mercado externo. “Essa será a grande chance para o profissional brasileiro conquistar um espaço de destaque no mercado mundial”, defende o pesquisador.

Segundo Zuffo, uma das preocupações do grupo de padronização da TV digital é justamente garantir que as aplicações desenvolvidas no Brasil possam ser vendidas para outros países. “É o que temos de melhor para oferecer. O hardware tende a se tornar commodity”, concorda Daniel Pataca, pesquisador do CPqD.

Por isso, o middleware – camada de software que roda sobre o sistema operacional e a máquina virtual e permite que a mesma aplicação funcione em diferentes modelos de equipamentos receptores sem necessidade adaptações – desenvolvido no Brasil deve abarcar aplicações criadas para todos os sistemas vigentes no mundo: norte-americano (ATSC), o europeu (DVB) e o japonês (ISDB), que adotamos como referência para o nosso próprio sistema.

Essa é uma vantagem para os programadores, já que os aplicativos para celulares, por exemplo, não têm padronização, exigindo que um mesmo software tenha que ser reescrito ou adaptado para rodar em aparelhos dos diferentes fabricantes.

De acordo com o pesquisador, a plataforma de referência do middleware brasileiro, que permitirá aos desenvolvedores criar as aplicações para TV digital, deve ser divulgada ainda no início de 2007. Mas ele adianta: conhecimentos em linguagens de desenvolvimento para web, e padrões como Java e XML serão fundamentais.

“Antes de qualquer decisão é preciso resolver a questão do pagamento de royalties”, diz Zuffo, em relação ao uso do Java como linguagem de referência para as aplicações voltadas a TV digital no Brasil. No que depender da Sun, este não deve ser o empecilho: a companhia já sinalizou que deve abrir o código-fonte do Java até o início de 2007, eliminando a necessidade de pagar pelo uso da linguagem.

Zuffo justifica a opção pela linguagem: "O Brasil tem 37 mil programadores em Java". Segundo o pesquisador, a plataforma de referência para as aplicações de TV digital será escalável, se estendo a celulares, set-top boxes (receptores) e qualquer outro hardware que for receber o sinal digital.

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