On May 10, 2007, Rafael Evangelista <[EMAIL PROTECTED]> wrote:

> Alexandre Oliva escreveu:
>> On May 10, 2007, Rafael Evangelista <[EMAIL PROTECTED]> wrote:

>>> a idéia do copyleft é estabelecer uma cadeia de cooperação e
>>> compartilhamento.

>> BZZT ;-)

> sei que você está brincando mas, me desculpe, que coisa chata e
> arrogante isso, hein?

Desculpe, é uma das formas mais bem humoradas que eu conheço de dizer
"não, não é" ou "não, tá errado".  O que você sugere?

> bzzt pra vc pela joselitagem

:-), ainda que eu não tenha a menor idéia do que seja joselitagem ;-)

>> A idéia do copyleft é impedir que alguém cerceie a liberdade do outro
>> em relação ao código copyleft.

>> Cooperação e compartilhamento são conseqüências.

> e cercear a liberdade não é impedir o compartilhamento?

Sim.  Mas não cerceá-la não é obrigá-lo a compartilhar.

> só que, com o copyleft, a minha modificação vira uma retribuição.
> Retribuo aquilo que ganhei com a minha contribuição. estabelece-se
> uma cadeia de cooperação livre.

*Se* você decidir distribuí-la.  Não é obrigado.

>> Não, isso foram outros que entenderam torto a mensagem dele.  Não tem
>> payback na GPL.  É payforward.  Não há troca, porque troca implica
>> cada um dá uma coisa senão a troca não ocorre. 

> se eu não aceitar a gpl não posso distribuir o software modificado, é
> uma condição limitante.

Essa limitação não é da GPL, é da lei de direito autoral.

> mesmo a dádiva desinteressada implica em construção de laço social.

É a tal regra de ouro que RMS escreveu no GNU manifesto.

> recomendo a leitura do "ensaio sobre a dádiva", de marcel mauss, para
> expandir a idéia de troca para além da monetária-capitalista.

Obrigado pela recomendação.  Pelo que andei vendo on-line, parece ser
o que eu já havia lido a respeito como "Gift economy".  De fato, faz
todo o sentido.  Mas aí, o presente é o software em si ou o respeito à
liberdade?

> não estou falando em obrigar a nada,

Tipo, obrigação moral é obrigação ou não é? ;-)

> Me surpreende muito você apontar valores tão pragmáticos e imediatos
> como vindos do RMS e da FSF.

Não sei se entendo.  Pode explicar melhor?

>> Mas advogar *contra* uma ou mais das 4 liberdades não pode fazer parte
>> do movimento do Software Livre.

> vc acha que eu estou advogando contra qual liberdade? a liberdade de
> deixar o software escondido? de não compartilhar?

O que me parece é que está advogando contra a liberdade de fazer
modificações privadas e a liberdade de criar software para uso
interno.

> "socialmente justo, tecnologicamente viável, economicamente
> sustentável", não te sugere que o mov soft livre quer as liberdades
> pq eles significam algo mais?

Sim, são boas conseqüências.  Não quer dizer que os que gostam dessas
conseqüências sejam maus ou qualquer coisa do gênero.  Só não vejo que
seja a motivação que levou à criação do movimento.  Que pessoas se
associem ao movimento por apreciar as conseqüências, ótimo, mas por
favor não se deixem levar pelo engano de transformar a conseqüência na
motivação principal.

> e não misture o soft público pq senão o corinto tem um enfarte :)

Não, tranqüilo, eu já conversei bastante com ele a respeito.  Na
verdade o que ele quer dizer com Software Público é Software Público e
Livre.  Porque só as características do Público não garantem o que ele
busca.  Precisa juntar as características do Livre pra alcançar o
objetivo.  Na opinião dele, fica implícito.

Pode até ser que, se ele conseguir convencer que Público implica Livre
o resultado seja bom.  Só me desagrada a ausência do Livre explícito,
pela mesma razão que me desagrada ouvir chamar GNU/Linux de Linux: é
deixar o mais importante pra mim de fora, subentendido por alguns,
esquecido e desconhecido por muitos.

> não é pq estou usando o email dela que estou falando por alguma
> instituição (assim como não falava pela unicamp qdo assinava esta
> lista com aquele meu outro email). por favor não misture as coisas,

Ok, desculpe por supor que a mudança do e-mail era motivada por algum
alinhamento de conteúdo.  Eu mesmo cultivo a prática de usar o
endereço de e-mail apropriado para o conteúdo de minhas mensagens (se
bem que filtros anti-spam de listas têm dificultado :-(, daí meu
engano.

> Estou apontando que existe um problema para os valores que o
> software livre encerra e que as quatro liberdades não resolvem.

Há diversas possibilidades para resolver esse aparente dilema.

Uma delas é alterar os valores do Software Livre para adequá-los ao
que as 4 liberdades modelam.

Outro é modificar as 4 liberdades para adequá-las aos valores.

Outro é estudar a possibilidade de que talvez os valores que o
Software Livre encerra não sejam de fato os valores que parecem
encerrar, e que de fato eles são modelados perfeitamente pelas 4
liberdades.

Se for este último caso, pode-se buscar uma definição adequada para um
movimento que cultive esses valores pretendidos.  Vai ser um movimento
muito próximo ao do Software Livre, e por isso poderemos trabalhar
muito juntos.  Parece-me que iria na linha do Software Público e
Livre, ou na linha de um artigo do Diego Saravia que lembro de ter
lido há algum tempo, que defendia justamente o Software Livre e esse
algo mais que é a publicação/disponibilização do software para todos.
Respeito, a idéia é boa, mas isso não é o objetivo do Software Livre.
Isso é Software Livre com algo mais, e precisa ser definido e estudado
com cuidado para não virar Software Livre com algo mais mas também
algo menos.  Porque aí pode emperrar a possibilidade de cooperação
conosco, se é que há interesse nisso ;-)

>> Adianta para o dono do servidor, que é quem faz a computação.

> Boa, só ele pode fazer computação?

Se só ele tem o código, sim, até ele resolver compartilhar ou alguém
fazer outro software.

> E aquela conversa bacana que existia do usuário poder aprender, de
> não haver dependência de fornecedores, acabou?

Err...  O dono do servidor *é* o usuário.  E ele de fato é Livre.

> Estranho, pq estou fazendo um reply-to e está direcionando para vc e
> não para a lista.

Ah, isso é porque eu mando e-mail pra você com Cc pra lista.  Se você
responde o e-mail que chegou direto, não tem Reply-To, porque nem
passou pela lista.

Mas se você quer fazer Reply (= Reply to Sender), em vez de
Reply-to-All (= Follow-up), o correto é vir só pra mim mesmo.

-- 
Alexandre Oliva         http://www.lsd.ic.unicamp.br/~oliva/
FSF Latin America Board Member         http://www.fsfla.org/
Red Hat Compiler Engineer   [EMAIL PROTECTED], gcc.gnu.org}
Free Software Evangelist  [EMAIL PROTECTED], gnu.org}
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