On May 12, 2007, "Glauber Machado Rodrigues (Ananda)" <[EMAIL PROTECTED]> wrote:

> Levada por este entendimento, a pessoa entra numa corrente que a
> levará para fora da ignorância. Dessa maneira, é correto forçar uma
> pessoa a ser virtuosa.

Então, mas educar sobre a virtude e seus benefícios é forçar?

Enquanto alguém está agindo dentro de sua própria liberdade (isto é,
onde não invade a liberdade dos outros), não vejo problema nenhum,
desde que a pessoa esteja ciente das conseqüências de seus atos.

Tipo, "Entre quatro paredes, vale tudo!", desde que as crianças do
vizinho não escutem ;-)

Mas não "Deixa o nenê brincar com o facão!"

> Pergunta: Mas de que forma o fato de alguém fazer uma modificação a um
> software e usá-la apenas internamente leva a sociedade, ou, que seja,
> apenas eu, pra baixo do zero?

> Resposta: Não compartilhar é uma ação egoísta e traz muitos maus
> resultados.

Tipo, posso ter uma cópia da sua chave GPG, sem passphrase? :-)

A senha de root da sua servidora?

A senha do seu Internet Banking?  :-)


Nem tudo faz sentido compartilhar.


Há casos em que alguém anseia pelo que o outro resiste a compartilhar.
Quem está sendo egoísta e daninho?  O que não quer compartilhar porque
vê ou teme comseqüências daninhas para si próprio, ou quem nada fez
além de pedir o fruto do trabalho do próximo?

> Pergunta: Como é possível que eu ou a sociedade acabemos numa situação
> pior do que antes por não ter acesso a uma coisa que, se nunca
> houvesse sido criada, também não teríamos?

> Resposta: Se o advento desta coisa nova vem junto com a popularização
> do não compartilhar, a sociedade perde da seguinte forma: a sociedade
> ganha um cacareco qualquer que não tem muita importância, e perde o
> hábito de compartilhar, esse sim muito importante.

Tá esquisito isso.  O que é o "cacareco" em sua analogia?

No cenário que apresentei, a sociedade nem fica sabendo da existência
da modificação.  Ela não é distribuída, disponibilizada, anunciada,
nada.  É como se não existisse.

Bem diferente de uma modificação de fato disponibilizada, de uma
maneira que desrespeita as liberdades de seus usuários, isso sim um
problema social.

> Uma sociedade pode viver sem um produto, mas não pode viver sem
> compartilhar. Não compartilhar torna tudo muito mais difícil do que
> já é. Uma sociedade que acha que não compartilhando estará
> contribuindo para o surgimento de coisas novas está sofrendo de
> muita ignorância.

+1

Mas a solução para isso não é a obrigação de compartilhar, é a
liberdade de compartilhar.

> Pergunta: O que podemos dizer sobre o endividamento e o compartilhamento?

> Resposta: Endividamento é dever algo para alguém.

Obrigação, legal ou moral.

Quando se diz "[estou] muito obrigado [a alguém]", significa "fico
devendo essa", é uma promessa de retribuição.  É uma dívida.

> Dádiva é incompatível com dívida. Então o compartilhamento combate o
> endividamento, o endividamento combate o compartilhamento.

Desde que compartilhamento voluntário.  Porque se não for voluntário,
aí é dívida, não dádiva.  Daí minha oposição à obrigatoriedade do
compartilhar, mesmo que moral.

-- 
Alexandre Oliva         http://www.lsd.ic.unicamp.br/~oliva/
FSF Latin America Board Member         http://www.fsfla.org/
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