On May 10, 2007, "Rafael Rocha" <[EMAIL PROTECTED]> wrote: > Eu penso que o objetivo deva ser um mundo onde o software proprietário > esteja enterrado, como uma aberração de uma sociedade passada.
+1 > http://www.inverta.info/quotaInverta/inverta/jornal/411/Especial/411sofliv Então... Esse artigo cai no engano de achar que Software Livre é Socialismo. Não é. Que tem preocupação social, tem, mas não tem nada contra a exploração comercial, nada contra mega-corporações, nada contra o capitalismo. Software Livre é anti-monopolista, e o monopólio é justamente o câncer do capitalismo (embora o monopólio seja a vitória do capitalista, é a derrota do capitalismo ;-) Concluir-se-ia daí que o Software Livre é pró-capitalismo? Por certo, enquanto bandeira ideológica, Software Livre tem pontos em comum com várias outras ideologias, e pontos de divergências com várias outras ideologias. Não dá pra dizer que Software Livre seja socialista, capitalista, anarquista, comunista, terrorista ou qualquer coisa assim. Justamente porque Software Livre se criou sem tomar um desses partidos, mas sim com preocupação de atender a todos. Além da imensa confusão da idéia de patentes, "donos" de software e coisas do gênero, ainda entra a argumentação absurda: O que acabou acontecendo é que o movimento do código aberto abriu espaço para que grandes corporações e monopólios passassem a atuar na esfera do software livre, ganhando muito dinheiro com isso. Balela! Grandes corporações sempre puderam atuar na esfera do Software Livre, independente de OSI. Já faziam isso bem antes de aparecer o software proprietário. Monopólios, esses sim, podem ter mais dificuldade. Mas nada errado em ganhar muito dinheiro, desde que de maneira ética. Depois de pronto o programa, nada impede ao detentor deste programa sob licença de código aberto (diferentemente da licença do software livre, a GPL) de utilizar o código que foi gerado com apoio da comunidade em um programa proprietário. Tá fazendo grande confusão aqui, o detentor sempre pode relicenciar, seja GPL ou não. Já a licença GPL não permite isso: se qualquer parte de um código licenciado sobre ela for utilizada na confecção de um programa, esse programa passa automaticamente a estar também licenciado sob a licença GPL. Não, não tem nada de automático aí. A GPL condiciona a distribuição ao uso da mesma licença, o que significa que distribuição sem respeitar essa condição é infração de direito autoral. Não significa que o programa seja automaticamente licenciado sob licença alguma. Aí vem a contribuição do nosso Rafael Evangelista: o Linus cria o Linux, um sistema operacional inteiro OPA! Linux criou o Linux, um núcleo, que só se torna útil junto com o sistema operacional GNU, este sim um sistema operacional inteiro. Nas palavras do próprio Linus: http://www.kernel.org/pub/linux/kernel/Historic/old-versions/RELNOTES-0.01 Sadly, a kernel by itself gets you nowhere. To get a working system you need a shell, compilers, a library etc. These are separate parts and may be under a stricter (or even looser) copyright. Most of the tools used with linux are GNU software and are under the GNU copyleft. These tools aren't in the distribution - ask me (or GNU) for more info. Voltando ao Rafael Evangelista: Esse discurso traz para mim o fundamental, que é encarar os programas como meios de produção. Afinal, o que você utiliza para produzir um programa? Programas de computador. Falácia da generalização apressada. Nem todo programa de computador pode ser usado para produzir outros programas. De fato, são poucos os programas que podem ser usados com esse propósito. O meio de produção, dentro dessa linha de argumentação, seria o próprio computador. Vamos socializar o seu computador aí? Surge, então, o opensource. [...] essa visão se limita a liberar o código e não a acabar com as distinções sociais entre produtores e consumidores. Err... A definição OSD, derivada da DFSG, na medida em que tenta codificar em critérios objetivos o que a FSD expõe em termos de critérios mais abstratos, dá o mesmíssimo espaço para acabar com as distinções a um usuário de Software Livre quanto a um usuário de Software de Fonte Aberto. De fato, é o mesmo software, sob as mesmas regras. A diferença fundamental é que o Software Livre se constrói sobre a fundamentação moral, enquanto o OSS se constrói sobre as vantagens práticas dessa fundamentação moral e, às vezes, evita falar dela (justamente do mais importante) É exatamente evitar as questões éticas e morais que torna OSS mais aceitável nos meios de negócios. A partir do momento em que alguém aceita o cerceamento da liberdade como um mero inconveniente (ou vantagem), ao invés de uma impossibilidade ética ou moral, os negócios podem colocar o critério da liberdade de lado e tomar as decisões apenas com base nos critérios que já estão acostumados. É aí que o OSS ganha espaço na mente das pessoas de negócios, infelizmente sem carregar o princípio moral consigo. segundo Avi Alkalay, palestrante da IBM: "O software livre está muito associado ao pessoal da esquerda. Não deve ser assim. Software livre é uma das coisas mais capitalistas que existem, afinal tanto o software livre quanto o capitalismo tratam da liberdade de escolha (sic)... Aí escorregou, a liberdade de escolha não é uma das quatro liberdades fundamentais do Software Livre, embora seja até certo ponto conseqüência das demais. http://www.fsfla.org/svnwiki/circular/2007-02.pt#1 Essa visão é uma ameaça ao movimento do software livre, já que pretende seqüestrar as bandeiras do mesmo e domesticá-las ao gosto do capital. Engraçado, eu vejo o contrário: ao educar os usuários para que exijam suas liberdades, o Software Livre busca domesticar o capital, alinhando os interesses do capital com os da sociedade. > Saudações Gnunianas Que tal GNUdistas? :-) -- Alexandre Oliva http://www.lsd.ic.unicamp.br/~oliva/ FSF Latin America Board Member http://www.fsfla.org/ Red Hat Compiler Engineer [EMAIL PROTECTED], gcc.gnu.org} Free Software Evangelist [EMAIL PROTECTED], gnu.org}
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