Oliva, Simplesmente brilhante! Obrigado por compartilhar essas suas reflexões.
On 06-11-2014 21:04, Alexandre Oliva wrote: > On Nov 6, 2014, Sergio Durigan Junior <sergi...@sergiodj.net> wrote: > >> On Wednesday, November 05 2014, anah...@anahuac.eu wrote: >>> ”Mas eu já o encorajei a usar o Twitter, para que ele tivesse uma >>> plataforma onde pudesse falar”, continuou Greenwald. >> O Twitter, aquela mesma ferramenta que faz censura de posts? > Não é à toa que The Intercept, do mesmo Greenwald, *também* publica no > Twister, a rede de µblog P2P construída com tecnologia bittorrent e > bitcoin. Essa é incensurável. > >> Eu ainda não entendo como as pessoas (e a FSF!) acham que "tudo bem usar >> o Twitter"... > Não sei se a FSF acha que “tudo bem”, mas certamente seu uso não > contraria a bastante bem delimitada missão da FSF, que tem a ver com > usuários terem controle sobre suas *próprias* computações, com Software > ser Livre ou não. Embora isso toque em questões de censura e > intimidade, nem tudo que envolva censura ou intimidade automaticamente > tem a ver com a missão da FSF. > > É discutível se ela deveria expandir seu escopo, se é que ela poderia > fazer isso (por exemplo, se essa modificação seria legalmente permitida > por lei, se os contratos de atribuição de copyright relativo ao projeto > GNU permitiriam essa expansão, se as doações que recebeu ao longo dos > anos poderiam ser redirecionadas para outras questões mais amplas) e se > seria útil fazer isso (por exemplo, se atuais apoiadores continuariam > apoiando ou não, se outros que não são passariam a ser). > > Há argumentos para manter o escopo mais focado, concentrando esforço > numa questão específica. Há outros para abrir o leque apesar da > possibilidade de dispersar esforços. No fim das contas, a FSF é quem > decide (ou decidiu, se não puder mudar) a questão em que vai trabalhar. > > Nós, como pessoas, diferente de uma fundação, não temos obrigação legal > de escolhermos uma missão e nos atermos a ela. Podemos escolher várias > questões, podemos ter questões mais amplas. Poderíamos ficar > pessoalmente incomodados por não apoiar causas progressistas como a > vegana, a ambiental, a da desigualdade econômica, a da mão de obra > escrava, da fome, da miséria, e por aí vai. Podemos lutar em cada uma > delas, ainda que correndo o risco de não ser eficazes em nenhuma ao > tentar abraçar mais do que conseguimos. Também podemos escolher uma > causa ou outra para lutar, e lamentar não conseguir lutar por outras > ainda que as apoie. No fim das contas, também cabe a cada um de nós > decidir. > > E certo que a questão dos serviços web tem uma proximidade à questão do > Software Livre muito maior que, por exemplo, o veganismo, ou mesmo o > vegetarianismo, a ponto de a FSF tomar posição em casos que têm efeitos > iguais aos do software privativo, especificamente quando afetam > computações do próprio usuário, mesmo que desempenhadas através de > serviços, os chamados SaaSS (serviço como substituto de software). > > Ao mesmo tempo, questões que não são computações próprias, mas > computações colaborativas, tais como serviços de intermediação de > comunicação, sejam email, microblog, ou repositórios colaborativos e > públicos de software, parecem não encontrar equivalência no escopo de > atuação da FSF. Então, é razoável, embora desapontador, a FSF não tomar > posição, mesmo que outras questões que acabaram nos levando ao interesse > e ao ativismo pelo Software Livre estejam presentes e tornem nossa > posição quanto a esses serviços óbvia. > > Nessa hora, é preciso que nós compreendamos que a FSF está operando > dentro do que ela escolheu operar quando de sua fundação, e que haveria > sérios riscos em tentar mudar esse escopo. Essa não é, ou pelo menos > não parece ser, uma questão de Software Livre, de acordo com o que foi > delineado lá atrás. > > Não me parece que seja o caso de atacar a FSF por não ter uma bola de > cristal funcional, ou por cumprir compromissos implicitamente assumidos > anteriormente ao aceitar doações a ela oferecidas para levar adiante > aquela missão e nenhuma outra. > > Parece-me, sim, que seja o caso de nós, ativistas preocupados com > questões mais amplas, que nos levaram ao ativismo pelo Software Livre, > ou mesmo que conhecemos e apoiamos em decorrência de nosso envolvimento > com o Software Livre, aceitarmos que não podemos presumir apoio da FSF > nas questões mais amplas quando elas não se enquadrem no escopo de > atuação da FSF, e levemos adiante essa bandeira mais ampla, com ou sem > organizações juridicamente estabelecidas para esse fim; aceitar que > vamos encontrar, dentro do movimento Software Livre, pessoas que não > concordam com essas posições, mas que apoiam a FSF e o movimento > Software Livre justamente porque tem um escopo mais delimitado com o > qual elas concordam. > -- ------------------------------------------- prof. Pedro Antonio Dourado de Rezende /\ Computacao - Universidade de Brasilia /__\ tcp: Libertatis quid superest digitis serva http://www.cic.unb.br/docentes/pedro/sd.php ------------------------------------------- _______________________________________________ psl-brasil mailing list psl-brasil@listas.softwarelivre.org http://listas.softwarelivre.org/cgi-bin/mailman/listinfo/psl-brasil Regras da lista: http://wiki.softwarelivre.org/bin/view/PSLBrasil/RegrasDaListaPSLBrasil SAIR DA LISTA ou trocar a senha: http://listas.softwarelivre.org/mailman/options/psl-brasil