Caro Giorgi, e Fernando Tangerino,
Estamos quase em chat.
Quero aqui valorizar a franqueza do Eng. Giorgi.
Ela vale por tudo quanto a indignação nos acomete nestes dias de hoje,
frente aos inúmeros problemas mundiais que passam sempre um pouco pelos
problemas pessoais.
Na verdade o que você reclama não é novidade mas precisa ser badalado.
Não temos agricultores no mundo nem técnicos produtivos.
Temos donos de terras e funcionários bem pagos, quando são bem pagos.
Correndo o risco de exagerar e de ser injusto pela generalização, acompanho
um pouco o seu desencanto com a situação da técnica e da gestão dos
proprietários.
É um fato e um fato triste , mas está aí!
Como consertar? Espere mais uns anos , talvez 100!
Mas nessa altura existirão outros problemas talvez maiores que talvez dêem
tanta importância á irrigação como hoje damos importância ao carro de bois.
Mas , conforme ia dizendo, o problema persiste e demorará tanto tempo para
solucionar quanto o tempo que resistirmos á mudança de hábitos e perdermos o
medo de usarmos o que sabemos que é eficaz.
De tão habituados á idéia de emprego fixo ad eternum, esquecemos de aplicar
a técnica aprendida nas escolas , nas faculdades e na vida.
Esquecemos de olhar para milhões de Brasileiros de Angolanos de Nigerianos,
Moçambicanos, etc etc que morrem de fome comendo barro para que os ácidos
digestivos não façam doer a barriga.
Não saimos do nosso conforto para resolver esses problemas que julgamos
serem dos outros até ao momentop em que um qualquer pai de familia honrado ,
despedido, alijado da economia, sem arrimo, deixa de ser tranquilo e nos
invade as nossas casas, roubando e matando , revoltado com a má distribuição
dos recursos de sobrevivência.etc etc
Mas falemos do que sabemos.
Irrigação !
Quem a faz? Quem tem direito ao seu produto? Quem é dono ? Porque os
técnicos ficam nos gabinetes inventando fórmulas que corroboram outras
fórmulas sem mudarem o essencial, apenas para escrever mais um livro?
A coisa parece complicada e é porque mexe com direitos adquiridos de há
séculos.
Exemplo: você pode ser o melhor técnico do mundo e estar ciente de que certa
propriedade pode produzir 300.000 kg de alimentos por ano para alimentar 500
pessoas e que eventualmente essa será a derradeira solução para salvar essas
vidas. Mas, você não é dono da terra e não lhe é dado o direito de fazer
essa boa ação de salvar 500 pessoas.
O dono exibe o titulo de propriedade, chama a polícia ou o exercito que
legalmente estão constituidos para salvaguardar os direitos desse
proprietário e escorraçam os 500 famintos para bem longe dessa propriedade,
se sentindo mui dignos pela lei cumprida! Palavrão Palavrão Palavrão!!
É assim meu caro!
Temos de ir reformando e vendo que por um lado os agricultores, não sabem
produzir, por outro lado os técnicos não são compensados por aumentos de
produtividade e quando querem produzir , porque sabem produzir, não são
considerados nos orgãos financeiros porque tendo gasto seu patrimônio
estudando, não exibem garantias reais , posse de terras, casas, e outras
coisas mais de que os bancos são gulosos.
Mas há soluções ! Temos de as buscar e ter a coragem de enfrentar os que nos
impedem ostensivamente . E depois, abraçar ações concertadas que descartem a
malandragem, e que sejam sérias e objetivas na construção de uma economia
sólida, dando emprego para as pessoas trabalhadoras e também para os
ladrões, porque não? Eles também têm o dever de ganhar o seu próprio
sustento nem que seja á força!
O problema mais grave não é acertar a formula técnica de seja qual for a
irrigação que se considere para aumentar eficiências de 95% para 98% ou de
65% para 70%.
O maior desafio é esclarecer o agricultor para que ele aceite produzir muito
dividindo um pouco com os seus colaboradores, com os quais deve fazer
contrato firme de remunerar o aumento de produtividade e os beneficios de
uma boa colocação dos produtos no mercado a bom preço para o que é
fundamental aquilo que não se faz decididamente no Brasil que é
PLANEJAMENTO!
Não digo aquele planejamento que os gabinetes fazem normalmente para retirar
dinheiro do banco . O outro planejamento que projeta a produção para as
necessidades levantadas pelo plano de MARKETING!
Enquanto não decidirmos ser todos ricos, ficaremos uns com diplomas
empoeirados e outros com fazendas inprodutivas e inadimplentes.
Importante é começar pelo planejamento e pelas relações entre participantes
na produção.
Não basta ser dono para exercer o mando!
Quando não se sabe mandar, contrata-se e paga-se a quem sabe comandar!
Este acordo em linhas tão simples, é apenas um lá mi ré. A musica é muito
mais sinfónica!
Aqui que eu bato na tecla de que o nosso agricultor precisa urgentemente de
esclarecimentos acessíveis ás suas plantações.
Não é necessário que o próprio dono entenda o que é Kc.
Ele tem que deixar é que os técnicos participem de seu esforço como
entidades empenhadas em aumentar produtividades dirigidas a encomendas
firmadas por bom