Pai
nosso. Pai dos 119 camponeses assassinados em Panzós, de suas viúvas, de
seus órfãos. Pai daqueles 35 camponeses seqüestrados pelos para-quedistas,
em Ixcán, a 7 de julho de 1975, de suas viúvas e de seus órfãos. Pai dos
25 camponeses de Olopa, em Chuquimula, que foram metralhados pelos
guardiões da "ordem", cujos cadáveres foram devorados pelos cães e pelos
urubus; de suas viúvas e de seus órfãos. Pai das crianças inocentes do
Rode Amatillo, Agua Blanca e outras comunidades, martirizadas para forçar
suas famílias a fugirem e, assim, expulsá-las de sua terra, a fim de
criarem gado e poderem exportar carne para o mundo "desenvolvido". Pai da
Rosa C..., que ficou sozinha com seis filhos depois que o Exército
seqüestrou seu marido, seu filho de 21 anos e depois o de 19, porque
procuravam saber onde estava seu papai ... Pai de todos os torturados, de
todos os angustiados, dos que andam escondidos pelas cavernas, pelos
montes, pela selva e que não podem mais voltar para ver suas esposas nem
seus filhos, por causa da repressão e do terror militar ... (Trecho do Pai
Nosso da Guatemala, de Júlia Esquivel, apud José Marins, op. cit., p.
103s.).
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