[obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Convergência de pi

2011-02-21 Por tôpico Henrique Rennó
2011/2/18 Bernardo Freitas Paulo da Costa bernardo...@gmail.com:
 2011/2/17 Henrique Rennó henrique.re...@gmail.com:
 A sequência $\frac{4}{1}, \frac{8}{3}, \frac{32}{9}, \frac{128}{45},
 \frac{768}{225}, ...$ converge para pi muito lentamente. Sendo o
 primeiro termo $a_1$, o segundo $a_2$ etc, a partir do segundo termo,
 cada termo de índice par é igual ao termo anterior multiplicado por
 $\frac{n}{n+1}$ e cada termo de índice ímpar é igual ao termo anterior
 multiplicado por $\frac{n+1}{n}$, onde n é o índice. Como pode ser
 demonstrada essa convergência?

 Estou utilizando a notação do LaTeX. Caso usem o gmail, existe o
 GmailTeX que pode ser instalado e ativado para visualizar os dados
 acima.
 Henrique, nada (mas absolutamente nada) contra o TeX. Mas um pouco
 contra o uso forçado do Gmail: veja bem, se você dependesse de algo
 que funcionasse no yahoo ? Puxando a analogia um pouco mais: pense no
 futuro. Um mail em ASCII é como um livro, todos lêem. Um treco que
 depende de montes de plugins e um webmail em particular, é como um
 disquete de 5 1/2. Ninguém mais consegue ler hoje em dia. Eu tô
 falando isso também porque acho meio exagerado você usar \frac etc e
 tal em vez de simplesmente 4/1, 8/3, 32/9, 128/45, ... que me parece
 muito melhor para todos. Inclusive os jovens da lista que nunca
 ouviram falar de LaTeX, usam um e-mail no computador dos pais e
 sabe-se lá se eles podem instalar um treco (ou se é que eles *sabem* o
 que é isso).

 Bom, isso dito, vamos à matemática.

 Você tem duas seqüências, n_k e d_k (n = numerador, d = denominador).

 n_1 = 4, d_1 = 1.

 você tem duas recorrências, uma para os pares, outra para os ímpares. Veja:

 n_{2k} = n_{2k-1} * 2k
 d_{2k} = d_{2k-1} * (2k+1)

 n_{2k+1} = n_{2k} * (2k+2)
 d_{2k+1} = d_{2k} * (2k+1)

 Assim,
 n_{2k+2} = (2k+2) * n_{2k+1} = (2k+2)^2 n_{2k}
 d_{2k+2} = (2k+3) * n_{2k+1} = (2k+3)*(2k+1) d_{2k}

 n_{2k+1} = (2k+2) * n_{2k} = (2k+2)*2k * n_{2k-1}
 d_{2k+1} = (2k+1) * d_{2k} = (2k+1)^2 * d_{2k-1}

 Agora, lembre que (a+1)(a-1) = a^2 - 1, logo n/d é crescente nos k
 pares, e decrescente nos k ímpares. Como a seqüência dos ímpares é
 decrescente e limitada por 0, ela converge; seja L o seu limite. Como
 o quociente dos pares pelos ímpares é (n+1)/n, que tende a 1, o limite
 da seqüência dos pares existe também, e é o mesmo.

O quociente dos pares pelos ímpares seria n/(n+1), que tende a 1, com
n tendendo ao infinito. Não entendi por que sabendo que o quociente
dos pares pelos ímpares converge, conclui-se que o limite da sequência
dos pares é o mesmo que o da sequência dos ímpares.


 Bom, agora eu suponho que você quer na verdade que eu mostre que L =
 pi. Isso é mais complicado. Esse produto infinito é conhecido de antes
 do cálculo, e se chama Produto de Wallis. Uma forma de mostrar isso
 é o seguinte:

 - sin(x) tem raízes 0, +- pi, +- 2pi, +- 3pi, etc, etc.
 - sin(x)/x tem raízes simétricas, portanto é uma função de x^2
 - sin(x)/x = 1 em x = 0

 Assim, você pode tentar escrever o produto infinito

 sin(x)/x = (1 - x^2 / pi^2)*(1 - x^2 / 4pi^2)*(1 - x^2 / 9pi^2)* ...

 (veja que ambos os lados se anulam somente para x = +- pi, +- 2pi, ...
 e que ambos valem 1 em x = 0. Essa belíssima idéia de comparar uma
 função com infinitos zeros e um polinômio em (1 - x/raiz) é do Euler:
 em vez de fazer (x - raiz) como a gente está acostumado, fazer (1 -
 x/raiz) garante que o limite vai dar certo pelo menos para x = 0; isso
 é o ponto crucial da demonstração de que ambos os lados são realmente
 iguais).

 Agora, substitua x = pi/2 nessa fórmula. Porquê ? Porque primeiro o
 seno vai ser um número inteiro (a gente podia tentar pi/6 também, mas
 o 6 não aparece tanto assim na sua fórmula para valer a pena, e os
 outros ou são irracionais em pi, ou são de seno irracional). sin(pi/2)
 = 1, e a fórmula fica

 2/pi = (1 - 1/4) * (1 - 1/16) * (1 - 1/36) * ... = Produto(4n^2 - 1)/(4n^2).

 Agora, é só expandir os n_k e d_k em ímpares / pares e ver que vai dar 
 certo.

 Uma outra forma de demonstrar isso, que você deve ter visto num curso
 de cálculo, é calcular as integrais de sin(x)^n, por indução, usando
 sin(x)^2 = 1 - cos(x)^2 para criar um fator integrante. Daí você faz
 uma integração por partes com

 u = sin(x)^{n-2}*cos(x) e
 dv = cos(x)dx

 e daí vai aparecer um cos(x)^2. Que você transforma (de novo...) em 1
 - sin(x)^2. Se você integrar de 0 a pi, isso dá uma fórmula de
 recorrência

 I_n = (n-1)/n I_{n-2} onde I_n = integral de 0 a pi sin(x)^n dx.

 Agora note que I_n - I_{n+1} é muito pequeno, e tende a zero. Mas por
 um lado I_0 = pi, e I_1 = 1, logo fazendo o produto até a etapa n,
 você vê que tem uma relação entre pi e 1 dada por um monte de produtos
 de cada lado. Passe todo mundo pro lado do 1, e você terá as suas
 recorrências.

 De qualquer forma, as demonstrações demandam um pouco de trabalho
 porque você tem que ver que os produtos para os quais você tem uma
 fórmula dão o mesmo resultado que o n_k/d_k. O mais legal é que,
 

[obm-l] Re: [obm-l] Identidades trigonométricas nos complexos

2011-02-21 Por tôpico Ralph Teixeira
Oi, Ana.

Bom, acho que a resposta depende da escolha da definicao de sin e cos
nos complexos.

Se voce jah tiver no bolso a exponencial complexa e suas propriedades,
podemos definir sin e cos assim:
cos(z)=(e^(iz)+e^(-iz))/2
sin(z)=(e^(iz)-e^(-iz))/2i
e as propriedades que voce mencionou sao soh um bando de contas.

Senao, podemos definir cos e sin direto a partir de:
cos(a+bi)=cosh(b)*cos(a)-i*sinh(b)*sin(a)
sin(a+bi)=cosh(b)*sin(a)+i*sinh(b)*cos(a)
para quaisquer a e b reais (que eh uma definicao razoavel, e
essencialmente equivalente aa anterior). De novo, um bando de contas
dao as propriedades que voce mencionou.

Em particular, sim, cos(bi)=cosh(b) fica tao grande quanto eu quiser,
idem para sin(bi)=i*sinh(b) em modulo.

Abraco,
  Ralph

2011/2/20 Ana Evans Merryl ana...@yahoo.com:
 Olá a todos!

 Gostaria de saber como provar que, nos complexos, também valem as
 identidades:

 (sen(z))^2 + (cos(z))^2 = 1
 sen(z1 + z2) = sen(z1) cos(z2) + sen(z2) cos(z1)
 cos(z1 + z2) = cos(z1) cos(z2) - sen(z1) sen(z2)

 Nos reais, a identidade sen(z1) + sen(z2) = 2 sen((z1 + z2)/2) cos((z1 -
 z2)/2) é uma simples decorrência das dusa últimas identidades acima.
 Acredito que nos complexos também seja isso, certo?

 Nos complexos, as funções seno e cosseno são ilimitadas, não é verdadade?
 Podemos ter |sen(z)| e |cos(z)| tão grandes quanto se queira, certo?

 Obrigada
 Ana


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Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
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