[obm-l] Wiki! Wiki! Wiki!

2008-02-07 Por tôpico Eduardo Tengan
Olá,

estou escrevendo para divulgar a nossa wiki de olimpíada, a Olimpédia,
que foi montada num computador gentilmente cedido pelo prof. Yoshiharu
Kohayakawa do IME/USP (Yoshi para os íntimos).  Acesse

 http://erdos.ime.usp.br

Inscrevam-se e divirtam-se!  A idéia desta wiki é criar uma referência
centralizada e de fácil acesso aos fatos matemáticos mais utilizados
nas diversas olimpíadas, em seus vários níveis.

Veja que não é necessário escrever tudo a partir do zero, a wiki
possui facilidades que permitem, por exemplo, criar links para a
página da OBM referenciando artigos da revista Eureka!  Obviamente não
queremos criar uma wiki de links apenas, mas sim construir um guia de
referência prática para ajudar não só aqueles que estão se preparando
para as diversas competições matemáticas mas também os demais
simpatizantes da Matemática Olímpica!

Por enquanto, a Olimpédia está bem vazia, aguardando a contribuição de
pessoas como você, participante da lista da OBM.  Alguns temas foram
sugeridos com base no conteúdo das últimas provas do nível 3 da OBM,
da IMO e da Ibero.  Está estudando raízes primitivas?  A desigualdade
de Cauchy-Schwartz?  Por que não criar uma página na Olimpédia a
respeito?  Afinal de contas, você só pode dizer que aprendeu mesmo um
assunto quando for capaz de explicá-lo a outra pessoa!

Veja que a Olimpédia está aberta aos outros níveis também, desde o
nível 1 até o universitário.  Nada impede que você crie, por exemplo,
uma página com título assuntos para iniciantes ou temas quentes
para a cone-sul ou o que devo saber para a Putnam.
Aqui contamos também com a experiência dos
professores que ajudam com o treinamento, com sugestões para tais
temas.  Mas se você tem sua própria lista de temas, vá em frente e
escreva!  A wiki é um esforço colaborativo e coletivo, e o seu formato
não é pré-determinado por um grupo de notáveis olímpicos, mas sim
por seus diversos usuários.  Além de ser mais um mero usuário da wiki,
o meu papel, como dos demais administradores da wiki, é apenas de
coibir os famigerados off-topics e garantir que não haja desvios de
seus propósitos iniciais, que é, reitero, de servir como referência
para os fatos matemáticos mais úteis nas diversas competições
matemáticas.  Para demais temas, existem outros canais mais
apropriados, aqui mesmo na internet.

Bem, é isso!  Espero seu artigo em breve!

Até,
ET





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Re: [obm-l] Teoria dos grupos.

2003-07-31 Por tôpico Eduardo Tengan


1) Seja G um grupo. Dado um G-set X :
 a) Mostre q a ação do grupo G induz um homomorfismo T : G em P(X).[P(X) é o grupo das permutações dos elementos de X].
 b) Mostre q quando X = G, o homomorfismo T induzido é um monomorfismo.
 c) Conclua q todo grupo G é isomorfo a um subgrupo de P(G).

(a) Isto e' consequencia da definicao de acao de um grupo sobre um conjunto!
(b) Neste caso, a acao e' dada por multiplicacao `a esquerda. Se g induz a identidade, em particular g*1 = 1, isto e', g=1. Logo ker do hom. e' trivial, ie, o hom. e' um monomorfismo.
(c) Segue de (b), G e' isomorfo `a sua imagem em P(G).

2) Dado um subgrupo H  G, considere a ação # : G em G/H dada por # (g,xH) = (gx)H.
a) Mostre q o núcleo do homomorfismo induzido por esta ação é um subgrupo de H.
b) Mostre q senenhum subgrupo de H é normal em G e [G :H] = n então G é isomorfo a um subgrupo do grupo de permutações de n elementos.
 c) Assuma q G é finito e seja p natural o menor primo q divide a ordem de G. Mostre q se [G : H] = p então H  G.
(a) Nucleo (kernel) e' sempre um subgrupo; e' inclusive um subgrupo normal.
(b) Acho que ha' uma pequena incorrecao aqui: H=1 e H=G sao sempre subgrupos normais. Mas se, com excecao destes casos triviais, G nao possui subgrupos normais, entao ele e' dito um grupo simples. Neste caso, a acao de G sobre as classes laterais G/H induz um homomorfismo de G em Sn (grupo das permutacoes de n elementos, conhecido como grupo simetrico). Como eu disse em (a), o kernel deste hom. e' um subgrupo normal de G, logo e' igual a 1 ou a G. Se for igual a G, entao gH=H para todo g em G, entao G=H, o que e' absurdo. Logo o hom. e' injetor e define um isomorfismo com um subgrupo de Sn.
(c) Esta e' uma notacao esquisita para subgrupo normal, mas vamos la'. Considere a acao de G sobre G/H; como [G:H]=p, temos um hom.f de G em Sp. Olhando para o que acontece com a classe H, e' facil ver que ker(f) e' um subgrupo de H. Se ker(f)=H, entao H 'e normal em G; caso contrario,f(H) fixa H, entao f(H) e' um subgrupo de S_{p-1}. Entao temos f(H) = H/(ker f) e' um subgrupo nao trivial de S_{p-1}, logo sua ordem e' divisivel por um primo menor que p, e portanto o mesmo ocorre para H. Isto contradiz o fato de que p e' o menor primo que divide |G| (use Lagrange).
Espero que isto ajude.
Ate',
ET
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Re: [obm-l] Teoria dos grupos

2003-03-21 Por tôpico Eduardo Tengan

- Original Message -
From: Tertuliano Carneiro [EMAIL PROTECTED]
Date: Fri, 21 Mar 2003 14:46:06 -0300 (ART)
To: [EMAIL PROTECTED]
Subject: [obm-l] Teoria dos grupos

 
 Olá pessoal!
 
 Alguém poderia tentar resolver estes problemas sobre grupos?
 
  
 
 1) Seja An o conjunto de funções pares do grupo Sn das permutações. Mostre que A4 
 não tem subgrupo de ordem 6.

Seja N um subgrupo de ordem 6 (indice 2) em A4, portanto normal em A4.  Seja V o 
subgrupo {1, (12)(34), (13)(24), (14)(23)}, que tambem e' normal em A4 (verifique, 
utilizando por exemplo o fato de que conjugacao em Sn nao altera o tipo da 
permutacao). Note que V consistem em todos os elementos g em A4 tais que g^2=1.
Entao H = N inter V tambem e' normal em A4, mas |H|=2 ou |H|=1 (Lagrange) e os 
subgrupos de ordem 2 de V nao sao normais em A4. Mas como |N|=6, par, N tem elementos 
de ordem 2 (Sylow ou pareie os elementos g e g^(-1)), entao H nao e' trivial, 
contradicao.

 
 2) Mostre que, se um grupo é abeliano finito, então vale a recíproca do teorema de 
 Lagrange.   
 

Seja n=|G|, se p|n, p primo, entao existe um subgrupo H de G de ordem p (Sylow ou 
inducao: verdadeiro para grupos ciclicos, entao se g diferente de 1 em G tem ordem r 
divisivel por p, acabou, caso contrario p divide |G/g|  |G|, logo existe h nao em 
g tal que h^p=g^k e h^r tem ordem p).

Agora se m|n, tome p|m, e considere H subgrupo de G de ordem p.  Aplique inducao em 
G/H para achar um subgrupo de ordem m/p,a pre-imagem deste subgrupo tem ordem m.

  
 
 Grato,
 
 Tertuliano Carneiro.
 

Ate',
ET


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[obm-l] Notas de Aula

2002-02-02 Por tôpico Eduardo Tengan

Oi.

Vários professores já disponibilizaram notas de aulas ministradas durante a semana 
olímpica.  Eles são pessoas dedicadas, organizadas e que tiveram o trabalho e a 
paciência de compilar suas aulas e torná-las acessíveis ao maior número possível de 
interessados.  Eu, por outro lado, sou uma pessoa desorganizada, desleixada e 
preguiçosa e, além disso, ocupada, assim ainda não escrevi nada e acho que não terei 
tempo para isso nos próximos, digamos, cinco anos.  Para não deixar na mão aqueles que 
gostariam de estudar o assunto sobre o qual falei (inteiros algébricos), estou 
enviando uma lista de referências.

Nível III
Não conheço uma fonte adequada para este nível sobre inteiros de Gauss e Eisenstein 
(Z[i] e Z[w], w^2 + w + 1 = 0).  Aguarde um futuro artigo da Eureka.  Sobre o critério 
de Lucas-Lehmer, veja as excelentes notas do Gugu e Nicolau---Primos de Mersenne (e 
outros primos muito grandes)---disponíveis nas páginas de ambos
http://www.impa.br/~gugu
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/publ/publ.html

A seguinte referência, Quadratische Zahlkörper, do Franz Lemmermeyer, trata da 
aritmética em corpos quadráticos em geral.  As seções iniciais cobrem exatamente o 
assunto da minha aula e são uma excelente fonte.
http://www.ub.uni-heidelberg.de/archiv/16

Elas estão em alemão.  Se você não fala alemão, não tem problema!  Basta saber ler 
alemão, que é bem mais simples do que falar.  Se você não sabe ler, bem...  Se alguém 
da lista lê alemão e se disponibilizar a traduzir alguns trechos, seria legal...  Em 
todo caso, o seguinte vocabulário pode ajudar, embora as palavras estejam sem tremas:
   http://www.math.princeton.edu/graduate/generals/germanwords.html
   
Por fim, queria recomendar o gnu pari, uma calculadora especializada em teoria dos 
números (ela trabalha com inteiros de Gauss e Eisenstein e muito mais, além de ter um 
monte de funções interessantes mesmo para quem só está interessado em teoria elementar 
dos números: fatoração em primos, resolução de Pell, Bezout, sistemas de congruências, 
função phi de Euler, entre outros).  Ela foi feita para profissonais, então há várias 
funções que só interessam a especialistas, mas você pode ignorá-las.
  ftp://megrez.math.u-bordeaux.fr/pub/pari/

Usando o pari, você pode, por exemplo, verificar que e elevado a pi vezes a raiz 
quadrada de 163 é
   e^(pi*sqrt(163)) = 262537412640768743.96...,
quase um inteiro.  Coincidência?  Não.  De fato, utilizando a função j de Klein 
(ellj(x) no pari),
   j((1+sqrt(163))/2) = -262537412640768000
é um inteiro! Notam alguma semelhança?  Pois é, conheço uma demonstração maravilhosa 
para este fato.  Infelizmente a margem deste e-mail é muito curta para contê-la...  De 
fato, esta explicação requer um livro inteiro e é cheia de pré-requisitos (que podem 
ser estudados em tempo finito, entretanto) e baseia-se na teoria de formas modulares e 
na teoria de corpos de classe.  Em suma, por enquanto aquela expressão ali em cima é 
uma curiosidade apenas.


Nível U
Para este nível, há bem mais material, de dificuldade e profundidade variadas.  A 
melhor introdução, na minha opinião, é o livro do Ian Steward e David Tall, Algebraic 
Number Theory:   
http://www.amazon.com/exec/obidos/ASIN/1568811195/ref=pd_bxgy_text_1/102-1446712-5248159

Este livro aborda vários outros temas importantes dos quais não falei, como o número 
de classe e o teorema das unidades de Dirichlet.  Equivalentes na web são os seguintes 
cursos do Robin Chapman, do J. Milne:
   http://www.maths.ex.ac.uk/~rjc/notes/ant.pdf
   http://www.jmilne.org/math/

As notas do Chapman são bem detalhadas.  As do Milne são bem completas.  Na página do 
Milne, você encontrará outras referências sobre tópicos relacionados, bem como alguns 
pré-requisitos para ler mais sobre o assunto (teoria de grupos e teoria de Galois, 
entre outros).
 
Na linha do curso do Lemmermeyer, abordando corpos quadráticos apenas, o Robin Chapman 
escreveu algumas notas de aula (as do Lemmermeyer são melhores):
   http://www.maths.ex.ac.uk/~rjc/notes/algn.pdf

Pode ser uma boa começar por estas notas, pois elas são curtinhas e dão uma boa idéia 
de toda a teoria, já que é possível fazer várias contas na mão neste caso 
(infelizmente as provas apresentadas não se generalizam facilmente).

Se você gostou do assunto e quiser estudá-lo para valer, recomendo ler (após o 
Steward, Tall) o excelente livro do Borevich e Shafarevich, Number Theory (eu disse 
excelente, não criativo).  Lá você encontra uma introdução bem simples a inteiros 
p-ádicos, e métodos analíticos importantes e que não são cobertos pelos livros e 
cursos anteriores, como a função zeta de Dedekind (que é parente próximo da função 
zeta de Riemann).


Bem, acho que isto é material suficiente para mantê-los ocupados até que eu escreva 
algo.  Se precisarem de mais, é só pedir!

Até,
ET




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