Ciência na Copa do Mundo: Troféu, Vuvuzelas, HD e
Sorte<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/06/cincia_na_copa_do_mundo_trofu.php>

[image: 
FIFA_World_Cup_Trophy_2002_0103]<http://scienceblogs.com.br/100nexos/FIFA_World_Cup_Trophy_2002_0103.jpg>

Milhões de brasileiros torcem para que em vinte dias a seleção levante o
troféu da Copa. Dourado, erguido duas vezes por nosso time – até o
tricampeonato, erguemos, e levamos para casa, a taça *Jules Rimet* – o
troféu tem 36 centímetros de altura e pesa pouco mais de seis quilos, feito
de “ouro maciço 18 quilates”, segundo a
FIFA<http://www.fifa.com/classicfootball/history/worldcup/trophies.html>
.

Há uma mentira no parágrafo acima, você pode descobrir qual é?

Não é a torcida, não é nosso penta. São as dimensões, o peso, a composição
do troféu que tanto almejamos para o hexa. Eles simplesmente não batem. Aqui
entra ciência, e ciência simples de ensino médio que pode denunciar o que
seria uma grande fraude. Vamos lá, para estimar o peso do troféu, sendo este
maciço de acordo com a FIFA, basta saber seu volume e a densidade do ouro 18
quilates.

[image: pic90]Ouro 18 quilates pesa ao redor de 16 gramas por centímetro
cúbico, é sua densidade. Estimar o volume exato do troféu é algo mais
complicado, mas podemos fazer uma estimativa com base na fotografia acima:
são 600 pixels de altura, 230 no ponto mais largo e 100 pixels mais
estreito. Como vacas
esféricas<http://scienceblogs.com.br/dimensional/2009/04/044.php>,
suponha que seja um troféu cilíndrico com 600 pixels de altura por 150 de
largura, isto é, quatro vezes mais alto do que largo. Como a FIFA informa
que o troféu tem 36 centímetros de altura, o cilindro equivalente para
estimar o seu volume teria 9 centímetros de diâmetro.

Com isso obtemos um volume ao redor de 2.290 centímetros cúbicos. Lembrando
que cada centímetro cúbico do ouro usado no troféu pesa por volta de 16
gramas, basta multiplicar os valores para estimar o peso do troféu.
Resultado: *mais de 36kg*. Mais de seis vezes o peso informado pela FIFA, e
um valor de fato muito grande, parece pouco provável que *Cafú* estivesse
erguendo mais de 30kg acima de sua cabeça com tanta facilidade.

O peso indicado pela FIFA parece ser verdadeiro, então alguma das outras
informações não deve estar correta. Mesmo que o volume do troféu fosse
estimado pela sua menor largura, que é seis vezes menor que sua altura,
ainda teríamos um volume superior a 1.000 centímetros cúbicos, ou 16 kg. Os
números não batem, não têm como bater. Seria um troféu de bijuteria?

Como o professor *Martin Poliakoff* nota, a resposta pode ser simples. *O
troféu é em verdade
oco*<http://www.tabelaperiodica.org/ouro-no-trofeu-da-copa-do-mundo/>.
Esta explicação faz muito sentido, e significaria que a FIFA não mente em
nenhum de seus números sobre a composição, dimensões e peso. Nem mesmo
quando informa que o troféu é de “ouro maciço” estaria mentindo, porque em
verdade a FIFA informa em inglês que é de “solid
gold<http://www.merriam-webster.com/dictionary/solid>”,
que embora traduzido comumente como “ouro maciço”, pode significar em inglês
apenas que é feito de uma só substância, de uma só liga de metal. É de fato
sólido, só não é maciço. A FIFA não mente, mas deixa todos presumirem que a
Copa do Mundo é um belo troféu de ouro maciço quando, embora de fato belo,
deve ter ar em seu interior.

É uma Copa do troféu oco. A ciência demonstra, embora a FIFA não admita, nem
à BBC <http://news.bbc.co.uk/2/hi/world/africa/10301713.stm>. Só dizem que o
troféu é “solid”, não informam que seja oco.

[image: vuvuzelas-desde-1660]

Neste campeonato mundial, a ciência também se envolve com as *Vuvuzelas*. O
scibling *Igor Zolnerkevic* do *Universo
Físico<http://scienceblogs.com.br/universofisico/>
* publicou um excelente post: *Vuvuzelas, aprenda a amá-las sem ficar
surdo*<http://scienceblogs.com.br/universofisico/2010/06/vuvuzelasaprenda_a_ama-las.php>.
Para estimar a frequência do som fundamental das Vuvuzelas, o professor *
Dulcídio* do *Física na
Veia<http://fisicamoderna.blog.uol.com.br/arch2010-06-13_2010-06-19.html#2010_06-13_12_17_46-7000670-0>
* também trabalhou com vacas esféricas, e com física estimou a vuvuzela como
um cilindro de 68 centímetros, obtendo o primeiro harmônico de 250Hz, muito
próximo do valor de fato medido e ao qual as vuvzelas são afinadas (pois
elas são afinadas, embora irritantes, o que explica por que vuvuzelas soam
todas igualmente irritantes). O Igor explica melhor as sutilezas de uma
vuvuzela, incluindo como se pode filtrar as frequências específicas para que
os jogos pela TV fiquem livres de
vuvuzelas<http://scienceblogs.com.br/universofisico/2010/06/vuvuzelasaprenda_a_ama-las.php>
.

O problema de filtrar a frequência das vuvuzelas, contudo, é que a voz
humana também se sobrepõe ao redor das mesmas frequências, principalmente no
primeiro harmônico, justamente o fundamental. O espectrograma abaixo mostra
como a vuvuzela se sobrepõe à voz do narrador, e por mais que alguns não
apreciem um conhecido narrador esportivo, assistir a uma partida sem
narração não deve ser uma experiência muito divertida.

[image: 
Vuvuzela]<http://scienceblogs.com.br/universofisico/2010/06/vuvuzelasaprenda_a_ama-las.php>

Ao final, e porque as próprias emissoras já processam o áudio dos jogos,
reforçando a narração e abafando as vuvuzelas do estádio, pode-se sim
remover a frequência das vuvuzelas sem afetar muito a narração, que soa
apenas um pouco estranha. Só há mais um problema: caso se escute tempo
suficiente ao som com a frequência filtrada, seu ouvido se adapta e… você
passa a escutar novamente as vuvuzelas abafadas, e talvez especialmente as
vuvuzelas ao vivo em sua sala e vizinhança. Nosso sistema auditivo é algo
fabuloso, não?

Um nexo complementar antes de pular ao próximo: filtrar as vuvuzelas e a
adaptação de nosso ouvido têm relação com a compressão MP3, uma tecnologia
que revolucionou a música. E um dos mais importantes truques que permitem
que o formato de arquivo MP3 reduza o tamanho de arquivos de som é similar
ao filtro da vuvuzela, mas enquanto calar as vuvuzelas afeta o som da voz
humana como o percebemos, o MP3 comprime e remove justamente a gama de
frequências sonoras que nosso sistema auditivo não processa muito bem de
toda forma. É a psicoacústica <http://en.wikipedia.org/wiki/Psychoacoustics>.
Deixando de lado os sons que não escutaríamos bem, ao contrário das
vuvuzelas, arquivos MP3 soam quase idênticos a gravações integrais do som, a
uma fração do tamanho.

[image: hdtv3ns]

Falando em compressão digital, esta Copa também é aquela em que como nunca
se promovem transmissões em alta definição, e a curiosa ironia é que, como
notou a *Folha*, “quem assiste ao Mundial com sinal HD via satélite escuta o
grito de gol do vizinho muito antes; quanto melhor a recepção, maior é o
‘delay’ <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2006201044.htm>”. A
imagem analógica cheia de fantasmas pode chegar até 15 segundos antes que
aquela digital límpida em que se vêem os detalhes da bola. A culpa é, entre
outros, da mesma compressão digital.

A imagem em alta definição envolve um volume tão grande de informação que é
simplesmente impossível que seja transmitida sem alguma forma de compressão,
mesmo no curto trajeto entre o decodificador e a TV. E toda forma de
compressão envolverá alguma espécie de “delay”, para que um determinado
volume de informações seja acumulado (nos infames “buffers”) para ser então
processado e comprimido. Por certo que estes pacotes não duram 15 segundos,
podem ser em verdade muito rápidos, mas um sinal de alta definição vindo de
outro continente provavelmente será comprimido e descomprimido mais de uma
vez, passando por diferentes redes, incluindo, via satélite.

O curioso é que mesmo o sinal analógico também possui um “delay”, afinal,
mesmo a velocidade da luz não é instantânea. Leva pouco mais de um décimo de
segundo para dar a volta ao mundo – rápido, mas não instantâneo. A “via
satélite”, contudo, é um caminho muito mais longo do que uma volta ao mundo!
Satélites de comunicação em órbita geoestacionária se encontram a
aproximadamente 36.000km de altitude (de fato, em órbita), e um sinal leva
um quarto de segundo para chegar até lá e retornar a outro ponto da
superfície. Menos rápido, e bem menos instantâneo. Um hipotético cabo de TV
ligando diretamente a África do Sul ao Brasil permitiria gritar “*Gol!*”
frações de segundo antes que todos os outros mesmo em suas TVs analógicas
via satélite.

Volume de cilindros e densidade do ouro, vuvuzelas e psicoacústica,
compressão digital e órbitas geoestácionarias é apenas algo da ciência e
tecnologia presentes em todos os aspectos de nossas vidas, por trás de cada
torcida, de cada “fóóóóm”. E a ciência, em especial a matemática
estatística, pode fornecer mesmo uma revelação inacreditável sobre a Copa do
Mundo.

[image: 250_0_KEEP_RATIO_SCALE_CENTER_FFFFFF] Todos presumem que a seleção
campeã de uma Copa seja merecidamente a melhor seleção. Mas pense um pouco
sobre isso: como podemos estar seguros de que a seleção campeã era mesmo a
melhor de todas, 32 no total, quando joga apenas sete partidas rumo ao
troféu? Sendo que pode empatar ou mesmo perder em jogos durante as três
primeiras partidas nos grupos? Qualquer um pode entender que, para assegurar
que uma seleção é a melhor de todas, deveria jogar pelo menos uma vez contra
todas as outras 31 seleções. Provavelmente mais.

Pesquisadores norte-americanos do *Los Alamos National Lab*, *Eli
Ben-Naim*<http://works.bepress.com/ebn/>e
*Nick Hengartner* mostram que o número de partidas necessário para garantir
que a melhor equipe ganhe um campeonato é realmente muito, muito maior. Algo
em torno do número de equipes elevado ao cubo, o que no caso da Copa do
Mundo significariam 32.768 partidas (ao invés de meras 64). Cada seleção
precisaria jogar em torno de 1.000 partidas, ao invés de sete.

Mais de 32 mil jogos, mil para cada seleção. Apenas isso asseguraria
matematicamente com margem de erro desprezível que a melhor seleção se sagre
vencedora de um campeonato. A diferença destes números aos números da Copa
(64 e 7, respectivamente) mostra o quanto a Copa do Mundo e a seleção campeã
dependem do acaso.

Ao final, que erga um troféu de ouro sólido, mas oco, pode não ser tão
inapropriado assim. Não é apenas a FIFA que não diz toda a história ao falar
de seu troféu, a seleção campeã, mesmo uma pentacampeã, também não irá fazer
questão de dizer que ganhar depende tanto de habilidade quanto da sorte.

Boa sorte, Brasil!


[As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas]



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