O Apocalipse Inevitável (parte
VI)<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_parte_v_1.php>

[image: the_scream_edvard_munch2]

Pintado em 1893, “O Grito <http://en.wikipedia.org/wiki/The_Scream>” de *Edvard
Munch* é uma das representações mais icônicas da agonia e desespero, mas
quem estaria gritando? Contrariando a interpretação mais óbvia da figura
ensandecida com as mãos à cabeça (que inspirou uma famosa
máscara<http://en.wikipedia.org/wiki/Ghostface_%28Scream%29>usada em
uma
série de filmes <http://pt.wikipedia.org/wiki/Scream>), o título original da
obra em alemão era “*O Grito da Natureza*”. Munch anotou em seu diário qual
teria sido sua inspiração:

“Eu estava andando por um caminho com dois amigos, o Sol estava se pondo, e
subitamente o céu ficou vermelho como sangue. Eu parei, sentindo-me exausto,
e apoiei-me na cerca. Havia sangue e línguas de fogo sobre o fjord
azul-escuro e a cidade. Meus amigos continuaram caminhando, e eu fiquei
parado lá tremendo de ansiedade, sentindo um grito infinito passando pela
natureza”.

“O Grito” retrata a agonia da natureza em um céu de “sangue e línguas de
fogo”. O desespero da figura humana é inspirado pelo grito da própria
natureza. E o mais surpreendente é que é possível que a agonia que Munch
presenciou não fosse simplesmente uma metáfora, já que naquele mesmo ano a
natureza rugiu com a erupção do vulcão na ilha de Krakatoa, Indonésia, uma
das mais potentes na história humana. Ela quase varreu a ilha do mapa, sendo
literalmente ouvida a mais de 5.000 km de distância, com efeitos globais.
Com alcance muito maior do que o som, a fumaça lançada pelo vulcão chegou à
Ásia, EUA e Europa, tingindo o céu de vermelho especialmente ao
pôr-do-Sol<http://www.aps.org/publications/apsnews/200405/backpage.cfm>.
E quem primeiro associou a possibilidade de que “*O Grito*” possa ter sido
inspirado pelos efeitos climáticos de erupções vulcãnicas, em um literal
grito da natureza, foi *Alan Robock*, um dos pesquisadores recentes do Inverno
Nuclear<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_parte_i_3.php>.
Esta é mais uma peça na série sobre o Apocalipse Inevitável.

Prometemos no texto anterior abordar a ciência do Inverno Nuclear, mas
fazemos este desvio pela arte porque ela pode ser um registro histórico
fascinante e especialmente relevante. “*O Grito*” não é o único exemplo
emblemático: outra obra-prima e icônica relevante aqui é nada menos que “*
Frankenstein*”, de *Mary Shelley*, romance publicado originalmente em 1818,
mas escrito durante o verão de 1816 quando a jovem escritora tinha apenas 18
anos. O que poderia tê-la inspirado?

Rumores de experimentos fantásticos e tenebrosos na “reanimação” de
cadáveres com eletricidade e as pernas de rãs de Galvani foram influências
diretas, mas o verão de 1816 também desempenhou sua parte, porque 1816 foi o
“Ano Sem 
Verão<http://www.discoverybrasil.com/guia_terra_extremo/sem_verao/index.shtml>”,
com mudanças climáticas globais e inesperadas principalmente no hemisfério
Norte, provocando fome e doenças que mataram centenas de milhares de
vítimas. A narrativa de “*Frankenstein*” começa e termina em meio à
escuridão e o gelo, espelhando algo do clima em que Mary Shelley estava
confinada. O clima frio e chuvoso afetou inclusive a vila próxima do Lago
Genebra onde Shelley se hospedou, inspirando não só a jovem como também *John
Polidori*, abrigado – e confinado com as chuvas – na mesma cabana. Polidori
escreveria “*O Vampiro*”, primeiro romance moderno com a temática de
sugadores de sangue e por sua vez inspiração para o posterior “*Drácula*” de
*Bram Stoker*. Na mesma vila, e inspirado pelo mesmo clima lúgubre, *Lord
Byron* também escreveria o poema “*Escuridão*”, que você confere mais
abaixo.

O Ano sem Verão foi resultado de uma série de fatores, desde uma menor
atividade solar até uma série de grandes erupções vulcânicas que, como o
Krakatoa, lançaram poeira na atmosfera. E entre estas grandes erupções, a
que deu o golpe derradeiro foi a maior erupção em mais de 1.600 anos, a do
Monte Tambora em abril de 1815, um evento super-colossal que lançou grandes
quantidades de material na estratosfera.

Um outro grito da natureza, causando agonia e mortes à humanidade, que
reagiu produzindo obras de arte que nos assombram até hoje – ainda que pelo
visto, tenhamos tragicamente esquecido, e alguns jamais tenham entendido, a
inspiração natural desta angústia. Apenas mais de 100 anos depois de *
Frankenstein* de Shelley e exatos 90 depois do *Grito da Natureza* de Munch,
cientistas finalmente associariam as consequências climáticas naturais do
mais próximo que a Humanidade pôde chegar do poder de erupções vulcânicas.
Tanto erupções colossais quanto ogivas nucleares têm sua potência comparada
em megatons de TNT.

O poema “Escuridão” de Lord Byron é uma visão perturbadora de um Inverno
Nuclear, mais de um século antes que um Apocalipse desta natureza pudesse
ser criado por mãos – ou mesmo um dedo em um botão – humanas.

“Sonhei e não era propriamente um sonho.
O sol se apagara, as estrelas vagavam opacas no espaço eterno.
(Perdidas, não cintilavam mais)

A Terra, gélida e cega, oscilava obscura no firmamento sem luar;
Lampejos abriam as trevas, mas o dia não retornava.
Apavorados seres humanos abandonavam suas paixões.

Naquela devastação e percorridos por calafrios, desunidos corações,
– em egoística prece – clamavam pela claridade.
Súditos e reis ocupavam o mesmo lugar,
Palácios e choupanas crepitavam em imensa fogueira;
Cidades inteiras foram destruídas.”
[ESCURIDÃO (adaptação do poema Darkness, de George Gordon - Lord -
Byron)<http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/720407>
]

O caminho que Sagan e a equipe TTAPS tomou para descobrir o Inverno Nuclear,
como vimos, não foi inspirado na arte, e sim em Marte e na ciência
atmosférica<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_parte_v.php>,
que incluía a camada de ozônio. Foram trabalhos recentes, como o de Robock,
que finalmente restabeleceram a ligação, como parte da resposta aos
questionamentos da ciência do Inverno Nuclear. No próximo texto. [com
agradecimentos a Fabiane Lima, Anderson Fernandes e Beto Santana da
lista CA<http://br.groups.yahoo.com/group/ceticismoaberto/>
]


[As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas]



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