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Cientistas criam vírus superletal



William J. Broad


Em uma tentativa de desenvolver defesas mais fortes contra o uso terrorista de formas supervirulentas da varíola, cientistas criaram um vírus superletal, disseram pesquisadores na sexta-feira (31/10). A pesquisa de engenharia genética envolveu o vírus da varíola de camundongo, que, até aonde se sabe, não afeta seres humanos. Nesse vírus, um primo da varíola humana, foi inserido um único gene que o tornou superletal.

O produto foi testado em camundongos tratados com diferentes combinações de vacinas e drogas contra a varíola. Segundo os pesquisadores, os resultados mostraram que as melhores defesas se provaram bastantes eficazes contra a doença mortífera, não só em camundongos, mas provavelmente em seres humanos expostos a varíola similarmente alterada. Há anos que esse tipo de pesquisa é debatido.

Os críticos argumentaram mais uma vez na sexta-feira que os supervírus criados em laboratórios poderiam inspirar terroristas a fabricarem suas próprias doenças mortíferas. Os pesquisadores do estudo responderam que a pesquisa deveria ajudar a deter o terrorismo, demonstrando o surgimento de defesas médicas mais potentes.

A pesquisa foi conduzida na Universidade de St. Louis, em um projeto financiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas. O intuito do projeto é descobrir novas proteções contra a varíola, doença altamente contagiosa que mata uma em cada três vítimas.

Os autores da pesquisa disseram que o vírus letal de camundongos não teria efeito sobre seres humanos mesmo se, de alguma forma, escapasse do laboratório. Este é classificado como nível de bio-segurança 3, o segundo mais alto grau.

"Até aonde eu sei, não há dados científicos que sugiram que esse tipo de pesquisa imponha qualquer tipo de risco à saúde humana", disse Mark Buller, professor de microbiologia molecular da universidade, que dirigiu a pesquisa. Muitos experimentos demonstraram que a varíola de camundongo não causa doença em humanos, disse.

Em 2001, cientistas australianos publicaram pesquisa similar, com o vírus da varíola de camundongo. Eles advertiram que o vírus alterado pela estratégia que descobriram acidentalmente poderia superar as vacinas existentes e produzir tipos mais mortais de armas biológicas. A notícia gerou feroz debate internacional científico.

Na sexta-feira, Buller disse que os pesquisadores de St. Louis também tinham alterado um vírus de varíola bovina, outro primo da varíola, para entender melhor qual seria o grau de dificuldade em aplicar o mesmo tipo de engenharia genética ao vírus da varíola humana e torná-la mais letal.

Especialistas disseram que o público ainda não precisa se preocupar, que tanto a ameaça desses possíveis desenvolvimentos quanto a resposta federal parecem fazer parte de um debate teórico. No entanto, suas opiniões são divididas quanto à prudência da pesquisa. Alguns argumentaram que, dada a velocidade dos avanços na engenharia genética,
era sábio investigar as piores possibilidades e suas respostas. "Se não agirmos em uma gama ampla de setores, estaremos fracassando em nossa responsabilidade de cidadãos globais", disse Ken Alibek, ex-líder do programa de armas biológicas da União Soviética.

Outros especialistas chamaram tal pesquisa de duvidosa, que poderia ajudar os terroristas. Segundo eles, o estudo deveria ter sido submetido à rigorosa revisão de outros pesquisadores, como foi recomendado no mês passado por um conselho da Academia Nacional de Ciências.

"Este trabalho vai além do australiano. Eles conheciam os resultados
com o vírus da varíola do camundongo e foram mais fundo deliberadamente, criando um vírus ainda mais mortífero", disse Elisa D. Harris, que trabalhou no controle de armas no governo Clinton e hoje está na Universidade de Maryland.

"Esse tipo de pesquisa precisa ser analisado por outras pessoas da área, que possam pesar os riscos e as vantagens do trabalho antes de iniciado. Isso, aparentemente, não ocorreu."

Dr. Lawrence D. Kerr, alto funcionário do Escritório de Política em Ciência e Tecnologia da Casa Branca, concordou, observando que a pesquisa de St. Louis começara muito antes da emissão das novas recomendações e teriam sofrido tal análise se fosse iniciada agora.

"Este é exatamente o tipo de situação" que as autoridades federais têm em mente quando se preocupam, disse ele em entrevista. Erradicada há duas décadas, a varíola não existe mais na natureza ou em populações humanas, diferentemente da maioria dos patógenos que podem ser usados como armas. Oficialmente, apenas os EUA e a Rússia têm estoques do vírus, que estão guardados em alta segurança. Especialistas federais, entretanto, suspeitam da existência de fontes clandestinas do vírus.

A pesquisa com os camundongos foi divulgada na atual edição da revista inglesa "New Scientist". Ela envolveu a inserção, no vírus da varíola, de um gene de camundongo que controla a interleucina-4, composto primário na resposta imunológica a invasores. Na pesquisa australiana, o vírus alterado prejudicava a reposta do sistema imunológico do animal, com o excesso de produção de interleucina-4. Os camundongos vacinados contra a doença morreram e os outros ficaram permanentemente aleijados. Buller disse que a pesquisa em St. Louis tornou o germe assassino ainda mais letal pela inserção do gene da interleucina-4 em uma região sem importância do DNA do vírus. Isso permitiu que o vírus se multiplicasse ainda mais rápido, disse ele. Os australianos tinham escolhido a parte central do genoma viral.

"Ele não é capaz de afetar seres humanos", Buller repetiu várias vezes. A vacina contra a varíola humana não serviu para proteger os camundongos expostos ao vírus superletal. "Todos morreram", disse Buller. A droga antiviral cidofovir também não os protegeu. Uma combinação da droga com a vacina, entretanto, salvou alguns camundongos. Os pesquisadores descobriram que a melhor proteção é uma combinação de cidofovir com um anticorpo monoclonal que combate os efeitos da interleucina-4.

Com essa combinação, "Conseguimos salvar todos os camundongos que
receberam uma dose muito alta" do vírus, disse ele. O estudo deve ser submetido para publicação e Buller não se incomoda em revelar a localização exata da inserção do gene. "É irrelevante" à fabricação de uma arma, disse ele, observando que a seqüência genética do vírus da varíola já foi publicada. Buller disse que colegas do instituto de biodefesa do Exército em Fort Detrick, Maryland, estavam planejando testar o vírus superletal da varíola de bovinos em camundongos. Nem a Casa Branca nem o Fort Detrick quiseram comentar sobre esses planos.

O vírus da varíola de bovinos pode infectar seres humanos, apesar da doença resultante ser geralmente relativamente leve. Mesmo assim, os críticos se preocupam com as ramificações de tal pesquisa, tanto por questões de segurança quando pelo precedente. "A questão neste caso é a possibilidade dessa pesquisa ser mal aplicada, com propósitos destrutivos", disse Harris, da Universidade de Maryland.


Tradução: Deborah Weinberg
Cientistas criam vírus superletal



William J. Broad


Em uma tentativa de desenvolver defesas mais fortes contra o uso terrorista de formas supervirulentas da varíola, cientistas criaram um vírus superletal, disseram pesquisadores na sexta-feira (31/10). A pesquisa de engenharia genética envolveu o vírus da varíola de camundongo, que, até aonde se sabe, não afeta seres humanos. Nesse vírus, um primo da varíola humana, foi inserido um único gene que o tornou superletal.

O produto foi testado em camundongos tratados com diferentes combinações de vacinas e drogas contra a varíola. Segundo os pesquisadores, os resultados mostraram que as melhores defesas se provaram bastantes eficazes contra a doença mortífera, não só em camundongos, mas provavelmente em seres humanos expostos a varíola similarmente alterada. Há anos que esse tipo de pesquisa é debatido.

Os críticos argumentaram mais uma vez na sexta-feira que os supervírus criados em laboratórios poderiam inspirar terroristas a fabricarem suas próprias doenças mortíferas. Os pesquisadores do estudo responderam que a pesquisa deveria ajudar a deter o terrorismo, demonstrando o surgimento de defesas médicas mais potentes.

A pesquisa foi conduzida na Universidade de St. Louis, em um projeto financiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas. O intuito do projeto é descobrir novas proteções contra a varíola, doença altamente contagiosa que mata uma em cada três vítimas.

Os autores da pesquisa disseram que o vírus letal de camundongos não teria efeito sobre seres humanos mesmo se, de alguma forma, escapasse do laboratório. Este é classificado como nível de bio-segurança 3, o segundo mais alto grau.

"Até aonde eu sei, não há dados científicos que sugiram que esse tipo de pesquisa imponha qualquer tipo de risco à saúde humana", disse Mark Buller, professor de microbiologia molecular da universidade, que dirigiu a pesquisa. Muitos experimentos demonstraram que a varíola de camundongo não causa doença em humanos, disse.

Em 2001, cientistas australianos publicaram pesquisa similar, com o vírus da varíola de camundongo. Eles advertiram que o vírus alterado pela estratégia que descobriram acidentalmente poderia superar as vacinas existentes e produzir tipos mais mortais de armas biológicas. A notícia gerou feroz debate internacional científico.

Na sexta-feira, Buller disse que os pesquisadores de St. Louis também tinham alterado um vírus de varíola bovina, outro primo da varíola, para entender melhor qual seria o grau de dificuldade em aplicar o mesmo tipo de engenharia genética ao vírus da varíola humana e torná-la mais letal.

Especialistas disseram que o público ainda não precisa se preocupar, que tanto a ameaça desses possíveis desenvolvimentos quanto a resposta federal parecem fazer parte de um debate teórico. No entanto, suas opiniões são divididas quanto à prudência da pesquisa. Alguns argumentaram que, dada a velocidade dos avanços na engenharia genética,
era sábio investigar as piores possibilidades e suas respostas. "Se não agirmos em uma gama ampla de setores, estaremos fracassando em nossa responsabilidade de cidadãos globais", disse Ken Alibek, ex-líder do programa de armas biológicas da União Soviética.

Outros especialistas chamaram tal pesquisa de duvidosa, que poderia ajudar os terroristas. Segundo eles, o estudo deveria ter sido submetido à rigorosa revisão de outros pesquisadores, como foi recomendado no mês passado por um conselho da Academia Nacional de Ciências.

"Este trabalho vai além do australiano. Eles conheciam os resultados
com o vírus da varíola do camundongo e foram mais fundo deliberadamente, criando um vírus ainda mais mortífero", disse Elisa D. Harris, que trabalhou no controle de armas no governo Clinton e hoje está na Universidade de Maryland.

"Esse tipo de pesquisa precisa ser analisado por outras pessoas da área, que possam pesar os riscos e as vantagens do trabalho antes de iniciado. Isso, aparentemente, não ocorreu."

Dr. Lawrence D. Kerr, alto funcionário do Escritório de Política em Ciência e Tecnologia da Casa Branca, concordou, observando que a pesquisa de St. Louis começara muito antes da emissão das novas recomendações e teriam sofrido tal análise se fosse iniciada agora.

"Este é exatamente o tipo de situação" que as autoridades federais têm em mente quando se preocupam, disse ele em entrevista. Erradicada há duas décadas, a varíola não existe mais na natureza ou em populações humanas, diferentemente da maioria dos patógenos que podem ser usados como armas. Oficialmente, apenas os EUA e a Rússia têm estoques do vírus, que estão guardados em alta segurança. Especialistas federais, entretanto, suspeitam da existência de fontes clandestinas do vírus.

A pesquisa com os camundongos foi divulgada na atual edição da revista inglesa "New Scientist". Ela envolveu a inserção, no vírus da varíola, de um gene de camundongo que controla a interleucina-4, composto primário na resposta imunológica a invasores. Na pesquisa australiana, o vírus alterado prejudicava a reposta do sistema imunológico do animal, com o excesso de produção de interleucina-4. Os camundongos vacinados contra a doença morreram e os outros ficaram permanentemente aleijados. Buller disse que a pesquisa em St. Louis tornou o germe assassino ainda mais letal pela inserção do gene da interleucina-4 em uma região sem importância do DNA do vírus. Isso permitiu que o vírus se multiplicasse ainda mais rápido, disse ele. Os australianos tinham escolhido a parte central do genoma viral.

"Ele não é capaz de afetar seres humanos", Buller repetiu várias vezes. A vacina contra a varíola humana não serviu para proteger os camundongos expostos ao vírus superletal. "Todos morreram", disse Buller. A droga antiviral cidofovir também não os protegeu. Uma combinação da droga com a vacina, entretanto, salvou alguns camundongos. Os pesquisadores descobriram que a melhor proteção é uma combinação de cidofovir com um anticorpo monoclonal que combate os efeitos da interleucina-4.

Com essa combinação, "Conseguimos salvar todos os camundongos que
receberam uma dose muito alta" do vírus, disse ele. O estudo deve ser submetido para publicação e Buller não se incomoda em revelar a localização exata da inserção do gene. "É irrelevante" à fabricação de uma arma, disse ele, observando que a seqüência genética do vírus da varíola já foi publicada. Buller disse que colegas do instituto de biodefesa do Exército em Fort Detrick, Maryland, estavam planejando testar o vírus superletal da varíola de bovinos em camundongos. Nem a Casa Branca nem o Fort Detrick quiseram comentar sobre esses planos.

O vírus da varíola de bovinos pode infectar seres humanos, apesar da doença resultante ser geralmente relativamente leve. Mesmo assim, os críticos se preocupam com as ramificações de tal pesquisa, tanto por questões de segurança quando pelo precedente. "A questão neste caso é a possibilidade dessa pesquisa ser mal aplicada, com propósitos destrutivos", disse Harris, da Universidade de Maryland.


Tradução: Deborah Weinberg
Cientistas criam vírus superletal



William J. Broad


Em uma tentativa de desenvolver defesas mais fortes contra o uso terrorista de formas supervirulentas da varíola, cientistas criaram um vírus superletal, disseram pesquisadores na sexta-feira (31/10). A pesquisa de engenharia genética envolveu o vírus da varíola de camundongo, que, até aonde se sabe, não afeta seres humanos. Nesse vírus, um primo da varíola humana, foi inserido um único gene que o tornou superletal.

O produto foi testado em camundongos tratados com diferentes combinações de vacinas e drogas contra a varíola. Segundo os pesquisadores, os resultados mostraram que as melhores defesas se provaram bastantes eficazes contra a doença mortífera, não só em camundongos, mas provavelmente em seres humanos expostos a varíola similarmente alterada. Há anos que esse tipo de pesquisa é debatido.

Os críticos argumentaram mais uma vez na sexta-feira que os supervírus criados em laboratórios poderiam inspirar terroristas a fabricarem suas próprias doenças mortíferas. Os pesquisadores do estudo responderam que a pesquisa deveria ajudar a deter o terrorismo, demonstrando o surgimento de defesas médicas mais potentes.

A pesquisa foi conduzida na Universidade de St. Louis, em um projeto financiado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas. O intuito do projeto é descobrir novas proteções contra a varíola, doença altamente contagiosa que mata uma em cada três vítimas.

Os autores da pesquisa disseram que o vírus letal de camundongos não teria efeito sobre seres humanos mesmo se, de alguma forma, escapasse do laboratório. Este é classificado como nível de bio-segurança 3, o segundo mais alto grau.

"Até aonde eu sei, não há dados científicos que sugiram que esse tipo de pesquisa imponha qualquer tipo de risco à saúde humana", disse Mark Buller, professor de microbiologia molecular da universidade, que dirigiu a pesquisa. Muitos experimentos demonstraram que a varíola de camundongo não causa doença em humanos, disse.

Em 2001, cientistas australianos publicaram pesquisa similar, com o vírus da varíola de camundongo. Eles advertiram que o vírus alterado pela estratégia que descobriram acidentalmente poderia superar as vacinas existentes e produzir tipos mais mortais de armas biológicas. A notícia gerou feroz debate internacional científico.

Na sexta-feira, Buller disse que os pesquisadores de St. Louis também tinham alterado um vírus de varíola bovina, outro primo da varíola, para entender melhor qual seria o grau de dificuldade em aplicar o mesmo tipo de engenharia genética ao vírus da varíola humana e torná-la mais letal.

Especialistas disseram que o público ainda não precisa se preocupar, que tanto a ameaça desses possíveis desenvolvimentos quanto a resposta federal parecem fazer parte de um debate teórico. No entanto, suas opiniões são divididas quanto à prudência da pesquisa. Alguns argumentaram que, dada a velocidade dos avanços na engenharia genética,
era sábio investigar as piores possibilidades e suas respostas. "Se não agirmos em uma gama ampla de setores, estaremos fracassando em nossa responsabilidade de cidadãos globais", disse Ken Alibek, ex-líder do programa de armas biológicas da União Soviética.

Outros especialistas chamaram tal pesquisa de duvidosa, que poderia ajudar os terroristas. Segundo eles, o estudo deveria ter sido submetido à rigorosa revisão de outros pesquisadores, como foi recomendado no mês passado por um conselho da Academia Nacional de Ciências.

"Este trabalho vai além do australiano. Eles conheciam os resultados
com o vírus da varíola do camundongo e foram mais fundo deliberadamente, criando um vírus ainda mais mortífero", disse Elisa D. Harris, que trabalhou no controle de armas no governo Clinton e hoje está na Universidade de Maryland.

"Esse tipo de pesquisa precisa ser analisado por outras pessoas da área, que possam pesar os riscos e as vantagens do trabalho antes de iniciado. Isso, aparentemente, não ocorreu."

Dr. Lawrence D. Kerr, alto funcionário do Escritório de Política em Ciência e Tecnologia da Casa Branca, concordou, observando que a pesquisa de St. Louis começara muito antes da emissão das novas recomendações e teriam sofrido tal análise se fosse iniciada agora.

"Este é exatamente o tipo de situação" que as autoridades federais têm em mente quando se preocupam, disse ele em entrevista. Erradicada há duas décadas, a varíola não existe mais na natureza ou em populações humanas, diferentemente da maioria dos patógenos que podem ser usados como armas. Oficialmente, apenas os EUA e a Rússia têm estoques do vírus, que estão guardados em alta segurança. Especialistas federais, entretanto, suspeitam da existência de fontes clandestinas do vírus.

A pesquisa com os camundongos foi divulgada na atual edição da revista inglesa "New Scientist". Ela envolveu a inserção, no vírus da varíola, de um gene de camundongo que controla a interleucina-4, composto primário na resposta imunológica a invasores. Na pesquisa australiana, o vírus alterado prejudicava a reposta do sistema imunológico do animal, com o excesso de produção de interleucina-4. Os camundongos vacinados contra a doença morreram e os outros ficaram permanentemente aleijados. Buller disse que a pesquisa em St. Louis tornou o germe assassino ainda mais letal pela inserção do gene da interleucina-4 em uma região sem importância do DNA do vírus. Isso permitiu que o vírus se multiplicasse ainda mais rápido, disse ele. Os australianos tinham escolhido a parte central do genoma viral.

"Ele não é capaz de afetar seres humanos", Buller repetiu várias vezes. A vacina contra a varíola humana não serviu para proteger os camundongos expostos ao vírus superletal. "Todos morreram", disse Buller. A droga antiviral cidofovir também não os protegeu. Uma combinação da droga com a vacina, entretanto, salvou alguns camundongos. Os pesquisadores descobriram que a melhor proteção é uma combinação de cidofovir com um anticorpo monoclonal que combate os efeitos da interleucina-4.

Com essa combinação, "Conseguimos salvar todos os camundongos que
receberam uma dose muito alta" do vírus, disse ele. O estudo deve ser submetido para publicação e Buller não se incomoda em revelar a localização exata da inserção do gene. "É irrelevante" à fabricação de uma arma, disse ele, observando que a seqüência genética do vírus da varíola já foi publicada. Buller disse que colegas do instituto de biodefesa do Exército em Fort Detrick, Maryland, estavam planejando testar o vírus superletal da varíola de bovinos em camundongos. Nem a Casa Branca nem o Fort Detrick quiseram comentar sobre esses planos.

O vírus da varíola de bovinos pode infectar seres humanos, apesar da doença resultante ser geralmente relativamente leve. Mesmo assim, os críticos se preocupam com as ramificações de tal pesquisa, tanto por questões de segurança quando pelo precedente. "A questão neste caso é a possibilidade dessa pesquisa ser mal aplicada, com propósitos destrutivos", disse Harris, da Universidade de Maryland.


Tradução: Deborah Weinberg

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