Companheiros(as),

A seguir reproduzo texto publicado na URL meira.com
O articulista (que um dia receberá cópia desta mensagem
pois parece que ele está inteirado das novidades do Forum
do Voto Seguro) parece que quer defender a urna eletrônica
de todas as maneiras, como se a mesma fosse a propria democracia...

Mas o texto merece ser reproduzido na integra pois deve nos
levar a uma reflexao:

Por que alguem que pressupostamente sabe usar uma parcela
de neuronios se poe a cometer equivocos tecnicos e politicos
(misturando-os propositalmente e falaciosamente) e assume
algumas coisas como verdades absolutas? 

Este misterio poucos saberao explicar se o proprio articulista
nao se der ao trabalho de responder aos pobres ceticos
mortais questionadores da urna, ou como ele mesmo descreve,
os pobres mortais que vem conspiracao em tudo...

Ficam varias duvidas que colocarei posteriormente ao proprio
articulista (desde que eu descubra em qual e-mail ele responde
pois a pirotecnica pagina pessoal do autor 
http://www.di.ufpe.br/~srlm
nao permite que identifiquemos qual o endereco que ele atende)...
como por exemplo as inumeras possibilidades de fraude durante
TODO o processo eleitoral e nao somente com a maquina de votar
(ja que ele mesmo admite que TODO o processo eh informatizado)...

Eis o texto...

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 por Silvio Meira

{O seguro é o voto consciente}
Publicado em 21.Jul.2002.

Estamos vivendo tempos inesquecíveis. Primeiro porque o Brasil oscila entre ter ganho 
uma Copa em que não acreditava e uma tensão pré-eleitoral como há muito não víamos, 
passando por um nervosismo econômico que demanda prozacs e lexotans, às vezes 
simultaneamente, dependendo de que olho usamos, e para onde o apontamos. Alegre 
coquetel molotov de tensões quase nunca propriamente resolvidas, a vida brasileira vai 
ser ainda mais interessante daqui até junho do ano que vem. Isso porque o próximo 
governo, seja ele qual for, terá que começar a desatar nós que foram atados neste, 
além daqueles aos quais não se deu a mínima atenção nas últimas décadas.

Prometer longe do Planalto pra ganhar votos e talvez a eleição é uma coisa; estar lá e 
conseguir transformar promessas em ações e resultados é outra completamente diferente, 
dado que a vida nacional está engessada por um conjunto de condições de contorno que 
todos sabem que é preciso mudar mas pouca gente tem coragem, que seja, de 
pronunciar-se a favor de uma discussão séria sobre o assunto. Exemplos disso são a 
CLT, o sistema tributário e a verdadeira reforma fiscal, a eficácia e eficiência do 
executivo, o judiciário como um todo, e redistribuição de receitas e obrigações entre 
os níveis federal, estadual e municipal de governo. Independentemente disto, é tempo 
de promessas, do "iremos fazer". Talvez alguém precise avisar aos candidatos que um 
país deste tamanho, com o congresso funcionando, muda muito devagar. E só depois de 
muita conversa. E aí fazer a pergunta básica: "no seu governo, qual será a base 
parlamentar que lhe dará apoio para fazer a mudança X?" Tô doido pra ouvir as 
respostas...

Pois bem: antes disso, haverá as urnas e no Brasil elas são todas eletrônicas, como 
sabemos. Alguns, aliás, têm certeza absoluta de que as urnas são mais uma parte da 
grande conspiração universal contra a oposição (qualquer que seja ela) mas isso 
veremos mais abaixo. O processo eleitoral, no entanto, não é feito somente de urnas, 
mas de todo um sistema de informação que vai desde o registro eleitoral que emite e 
controla o título que carregamos até a totalização dos resultados. Trata-se, pura e 
simplesmente, do sistema informatizado de maior impacto social de todas as Américas e 
certamente um dos mais abrangentes do mundo inteiro. O único número que chega perto do 
total de eleitores eletrônicos do Brasil (110 milhões), em um só país, em termos de 
usuários de sistemas de informação, é o número de usuários ativos da internet nos 
Estados Unidos, 106 milhões, segundo a Nielsen . Pra gente ter uma idéia, o número 
estimado de usuários ativos da rede, no Brasil, é de cerca de 7 e meio milhões, quase 
15 vezes menos que o número de eleitores.

Apesar do sucesso indiscutível do sistema de votação eletrônica no Brasil, 
especialmente quando se compara com o imbroglio americano na eleição que deu a Casa 
Branca a G. W. Bush, há quem acredite ter motivos de sobra para duvidar da lisura do 
processo. Como em um forum de discussões recente , onde se acusa de políticos a 
ministros do Supremo de estarem armando uma fraude para "eleger o candidato do 
governo", supostamente já "derrotado". Haja conspiração... Num tom bem menos 
alarmante, especialistas sugerem que o processo poderia ser melhor fiscalizado , o que 
seria mais fácil se houvesse mais transparência em todo o processo. Mais aberto, mais 
visível, mais seguro, parece ser a tese subjacente a tais demandas, bastante 
razoáveis, por sinal.

Tão razoáveis que, depois de concluída a análise do sistema eleitoral brasileiro por 
um time da Unicamp liderado por Clésio Tozzi e Tomasz Kowaltowski, o TSE está 
convocando experts de todos os partidos para analisar o software que será utilizado na 
eleição deste ano, inclusive a criptografia, o que deverá acontecer entre 5 e 9 de 
agosto próximos.

Às dezoito horas do dia 9, o TSE transformará os programas fonte (aqueles escritos em 
linguagem de alto nível, que podem ser entendidos por quase qualquer especialista na 
linguagem) em programas objeto – os que são executados pelas urnas e pelos outros 
computadores que fazem parte do processo. É o TSE fazendo o que pode para dirimir as 
dúvidas e rebater os ataques de antes e depois das eleições, mas a luta é inglória. 
Por mais seguro que se torne o novo, haverá gente defendendo o velho voto em papel, 
como se ele não fosse, também, uma tecnologia contra a qual se pode alinhar muito mais 
possibilidades de falha, fraude e corrupção do que no processo eletrônico.

O relatório da Unicamp concluiu que o processo de votação eletrônica usado no país é 
seguro, robusto e confiável e atende a todos os requisitos do processo eleitoral 
brasileiro. E sugere melhorias no sistema operacional e na segurança da urna, por 
exemplo. O que não é de causar nenhum alarme: à medida que novos métodos se 
estabelecem, é claro que o Tribunal e seus fornecedores devem passar a considerá-los 
como alternativas para os que são usados atualmente. Para citar um ponto, um algoritmo 
chamado MD-5 faz o resumo criptográfico dos programas usados na urna; este "resumo" é 
a garantia de que o programa não será trocado durante o processo. Gerar um resumo 
igual, usando outro programa na urna, levaria (sem muuuita sorte) um bilhão de vezes o 
tempo de vida do universo. Mas alguém poderia dar sorte... e a Unicamp sugere uma 
troca futura de MD-5 por SHA-1, um algoritmo ainda mais difícil de ser quebrado. Só 
que os críticos já poderiam começar argüindo que dever-se-ia usar SHA-512, que é 
reputadamente mais seguro do que SHA-1... e a discussão seria (e será) eterna.

O problema é que talvez a discussão nem seja esta. Numa sociedade informatizada de 
forma pervasiva, onde todos teriam que ter certificados digitais , não seria muito 
difícil garantir voto único, direto e secreto. Poderíamos votar onde quiséssemos, 
fosse no caixa eletrônico, do supermercado ou no telefone celular. E sobre tudo o que 
fosse interessante, e quantas vezes fosse preciso. A discussão sobre segurança 
certamente seria ainda mais acirrada do que hoje, por muito tempo, mas o problema real 
que teríamos que discutir lá, e agora, é o do presente e futuro da democracia 
representativa. Não me consta que os eleitores, mundo afora, estejam cada vez mais 
motivados a participar de processos eleitorais para definir quem serão seus executivos 
e representantes. Muito pelo contrário. Em países onde o voto (democraticamente, por 
sinal) não é obrigatório, a freqüência às seções eleitorais vem deixando claros os 
sinais da separação entre candidatos e eleitores e o flagrante desinteresse pelos 
debates que realmente interessam à vida nacional. Ao invés, perde-se tempo discutindo 
assuntos periféricos e a vida dos candidatos.

As sociedades democráticas estão, também, passando pela crise da globalização e, 
diminuídas as determinações nacionais com a transferência do poder real para grupos, 
blocos e redes de corporações, é preciso se discutir a reinvenção da democracia, antes 
que se entenda o desinteresse do povo como uma carta branca para o exercício do poder. 
As conseqüências disso são conhecidas e nefastas... e o único seguro existente são 
votos conscientes. Aqui, eletrônicos. E, pelo menos por enquanto, seguros...
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Em tempo... eh interessante ressaltar que o articulista defende o voto "ateh nas
lotericas" desde 1998, dentre outras tecnologias modernas... tambem deve
defender a teoria de que colocando computadores nas escolas de todo o pais
faz-se a inclusao social.

Saudacoes PeTistas,

Evandro Oliveira
Beaga - MG


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