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30 de julho
Alegria de petistas dura pouco!
Na semana passada, VEJA descobriu que o polivalente esquema de Delúbio
arrecadou dinheiro também entre bandidos. Sim, bandidos. O ex-tesoureiro do
PT pode ter recebido dinheiro desviado do Orçamento da União pela máfia dos
vampiros, aquela que sugou 2 bilhões de reais dos recursos reservados pelo
Ministério da Saúde para a compra de produtos derivados do sangue. Seu
contato com os vampiros era feito pelo lobista Laerte Correa Junior, um dos
integrantes da máfia, que foi preso pela Polícia Federal. Escutas
telefônicas autorizadas pela Justiça revelaram que Delúbio mantinha relações
com integrantes de mais uma quadrilha, a máfia do lixo. Ela era composta de
empreiteiras que faziam conchavos para fraudar licitações municipais para a
coleta e o tratamento de lixo.
A ligação da máfia do lixo com Delúbio se fazia por intermédio de Rogério
Buratti, um antigo quadro petista. Buratti foi assessor do ex-ministro José
Dirceu e do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, ambos envolvidos nas
denúncias do mensalão. Sua relação mais estreita, no entanto, era com o
ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Buratti foi o secretário de Governo de
Ribeirão Preto em 1993, quando Palocci era prefeito. Acabou demitido depois
que foi flagrado pedindo propina para um empreiteiro. Fora do governo, foi
contratado para presidir a empreiteira Leão Leão, que passou a atuar na
coleta e no tratamento de lixo em diversas cidades no estado de São Paulo.
De lá, Buratti passou a comandar a distribuição de obras entre as
empreiteiras. As investigações conduzidas pelo promotor Sebastião Sérgio da
Silveira envolvem também outros três diretores da Leão Leão. São Fernando
Fischer, Wilney Barquete, Marcelo Franzine e Luiz Cláudio Leão, o dono da
empresa.
O empresário Buratti também tinha contatos freqüentes com Valdemir Garreta,
o homem forte da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy. Muito material
ainda se encontra sob sigilo. Em especial, provas de que a quadrilha se
encontrava periodicamente com Delúbio. A suspeita mais forte é a de que a
máfia do lixo obtinha favores do governo e repassava ao ex-tesoureiro do PT
uma comissão. 'Apenas começamos a desenrolar o novelo das ligações do
esquema do ex-tesoureiro Delúbio com as empreiteiras', explica o promotor
Sebastião Sérgio da Silveira, que cuida do caso. Na semana passada, o
delegado Benedito Antônio Valencise, que lidera as investigações sobre a
máfia do lixo, avisou os promotores públicos envolvidos na investigação que
já tem elementos suficientes para convocar todos os envolvidos para depor.
Quase todos os depoentes devem ser indiciados por formação de quadrilha,
fraude em licitação, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
O ex-tesoureiro Delúbio também se aproximou da máfia dos vampiros, o grupo
que dominava as vendas de derivados do sangue para o Ministério da Saúde. As
relações começaram durante a campanha de 2002 de Luiz Inácio Lula da Silva
para o Palácio do Planalto. O primeiro contato de Delúbio com essa máfia foi
o lobista Laerte Correa Junior. A pedido do ex-tesoureiro, o lobista montou
uma operação de guerra junto aos laboratórios farmacêuticos para conseguir
doações para o PT. Levantou 1,5 milhão de reais. A dinheirama garantiu-lhe
um interlocutor privilegiado no governo. Depois da posse de Lula, Laerte e
Delúbio continuaram a se encontrar. (...) Na campanha municipal do ano
passado, Delúbio voltou a pedir socorro a Laerte. Disse-lhe que estava com
dificuldade para arranjar dinheiro para as campanhas petistas. Pediu ao
lobista que pagasse a alguns fornecedores e prestadores de serviços
contratados pelo PT. O favor de Laerte seria recompensado no futuro. O
lobista topou.
Desde que Renilda Santiago Fernandes de Souza, mulher do publicitário Marcos
Valério, apontou José Dirceu como o comandante do mensalão, muita gente
dentro e fora do PT passou a enxergar na cassação do mandato do deputado a
melhor alternativa para abreviar a crise. O problema é que José Dirceu
avisou que não vai aceitar assumir o papel de chefe de quadrilha e ameaça
envolver o presidente Lula. O ex-ministro, (...) como chefe da Casa Civil,
comandou a máquina administrativa e conhece como ninguém as áreas de
interesse. José Dirceu tem a memória boa e a ruim do governo Lula. 'Ele
nunca dividiu com ninguém o mapa político dos cargos na administração',
conta um ministro. 'Fiz tudo com o conhecimento e o aval do presidente',
repete Dirceu. (...) Nos últimos dias, Dirceu tem dito a interlocutores que
suas relações com Delúbio não eram tão boas como se apregoa. Aliás, seriam
até muito ruins. 'O Delúbio estava descolado, agindo por conta própria,
falando diretamente com o presidente', disse o ex-ministro. O afastamento
teria acontecido por divergências políticas. O ex-tesoureiro queria ser
candidato ao governo de Goiás, mas Dirceu considerava a idéia