On 9 Sep 2001, at 7:30, Heitor Reis wrote:

> >>>>>>>>>>>>
> depois da urna,
> nossa próxima luta pode ser
> pela defesa da democracia.
> <<<<<<<<<<<<

Heitor,


Concordo consigo quanto a necessidade de retirarmos o véu da realidade política 
brasileira. Sei que já existem listas neste tema, já me manifestei em algumas delas, 
mas 
todas padecem de um defeito que oblitera a análise do tema: invertem o contido pelo 
contentor.  Democracia contém partidos políticos, é o contentor dos partidos 
políticos. 

A consciência político-partidária dos brasileiros é destorcida: tem mais ares de 
facção 
sectária que de agremiação de pensamentos e metas. Esta é uma longa questão que 
certamente estarei analisando à luz da minha intuição, que é leiga, todos desta Lista 
sabem. 
Talvez eu possa oferecer algumas opiniões ricas por não ter sido contaminado pelos 
clichês 
doutrinários dos teóricos do saber político, sou uma amostra do povo além da conta,  
não 
tenho o menor escrúpulo em conviver com pessoas simples, sempre tive a curiosidade de 
analisar o pensamento dos meus pares. Sempre quis saber o porquê pensam assim ou 
assado. Durante muito tempo tive cuidado de anotar o que não fui capaz de entender no 
seio popular, tudo que se nos transparece na forma de anseios e reclamos. Só muito 
tarde 
encontrei algumas respostas; todas apontam a mesma coisas, nunca vivemos uma 
democracia: saímos  de uma monarquia para um regime plutocrata, ao povo nada mudou.

Todavia, finda a contenda desta Lista, ensarilhadas as armas, se me houver forças 
ainda 
pretendo lutar contra o mais violento flagelo à Nação Brasileira que os modernosos 
implantaram desde o início da década passada: a obsolescência forçada das coisas.

Quiçá ainda não percebestes a que me refiro. É uma questão complexa, indigesta, sutil 
e de 
difícil compreensão, todavia, garanto-lhe, é através deste flagelo e em meio a ele que 
estão 
afundando o Brasil. Vou tentar explicar.

Embora esteja tratando de uma questão nacional serei obrigado a buscar algumas luzes 
em 
fatos internacionais.

Entre a década de oitenta e noventa, mais propriamente após o desmonte da URSS, as 
nações hegemônicas resolveram tornar a tecnologia que dispunham (o estado da arte), em 
tecnologia estanque. Quem visitar as atas do G7 – da década de 90 -  perceberá que 
este 
grupo resolveu acabar e impedir a possibilidade de desenvolvimento autóctone às demais 
nações – vide em adição os famigerados consensos, principalmente, o Consenso de 
Washington.

(1)Qualmétodo usaram ? (2) Qual o objetivo ? (3) Qual o efeito imediato ? (4) Qual o 
    efeito de longo prazo ? (5) Quem perde ? (6) Quem ganha ?

1)O método usado foi o de concentrar todo o saber e todas as possibilidades de 
pesquisa 
    nas mão deles próprios e de multinacionais controladas pelo capital corporativo, 
ou seja, 
    do G7. Esta a gênese da tal da globalização.
2)Osobjetivos são vários, mas alguns saltam aos olhos. Dominação comercial e 
produtiva: 
    transformaram os países periféricos em uma espécie de supermercado do primeiro-
    mundo – tudo consome, todavia verdadeiramente nada produz: sempre serão 
    dependentes tecnológicos. Desde as sementes à agricultura às máquinas; controle 
    econômico via dependência de insumos, ou seja, criaram um combate a 
auto-suficiência 
    da nações periféricas, por exemplo, os automóveis hoje montados dependem de itens 
    importados (66,4%, em média) e OBSOLECÊNCIA FORÇADA.
3)O efeito imediato deste pacote estratégico ao povo é ilusório. Quase todos os 
viventes 
    da nação atingida passarão a sentir um aparente salto em que pese ao avanço 
    tecnológico. Esta ilusão é proporcionada pelas facilidades oferecidas ao consumo 
de 
    bens socialmente desnecessários: telefone celular, automóveis de luxo, etc. Em 
    contrapartida, esta nação passa importar mais que devia, passa a vender os seus 
    manufaturados a preços vis para poder continuar importando (fazer caixa), tem sua 
    capacidade inventiva destruída (nada mais cria, só importa), enfim, perde a 
soberania.
4)  O efeito de longo prazo disto tudo recai sobre o povo: diminui o número de 
empregos, 
    rebaixa o valor da mão-de-obra nativa (para aumentar os lucros dos investidores e 
    conseguir exportar), transforma os países em zonas de processamento e montagens, 
mas 
    não exatamente de produção....
5)Comojá vimos quem perde é o povo. O país passa funcionar como uma espécie de 
    condomínio internacional, a não ter verdadeiramente a figura do governo, o qual 
opera 
    como síndico dos interesses do capital internacional e, por tal, o povo perde vez 
e voz 
    às decisões e anseios nacionais (populares). O bem-social deixa de ser um 
preocupação 
    da elite gerente....
6)É evidente que todo este processo escraviza os povos. E se há escravos há feitores. 
    Quem ganha verdadeiramente são o grandes investidores, todavia no eixo nativo quem 
    ganha são os gestores (o síndico e seus auxiliares).

Agora a questão da obsolescência. Para que não haja risco de absorção de tecnologia, 
também para garantir a dependência de importados, todos os bens passam a ter vida 
planejada (bens descartáveis). 

Esta neste viés o maior flagelo da economia brasileira. Quem tiver o cuidado de 
observar 
os números e a pauta de importações brasileira verá que mais de 75% dos bens e do 
dinheiro que gastamos está sendo usado para importar bens com vida (duração) 
programada. Destes bens, mais de 50% se enquadram na categoria de bens suntuários ou 
são insumos para montagens de bens desta natureza (automóveis, bebidas e diversões 
eletrônicas, por exemplo).

Não sou favorável ao fechamento das portas do Brasil. Todavia, se tivéssemos um 
governo, o Ministério da Industria e Comércio poderia resolver parte desta questão. 
Bastava obrigar, ou só permitir a importação de bens recuperáveis durante um 
determinado 
prazo. Como mandavam as normas do MIC no passado.

Todavia os “fabricantes” (ninguém fabrica mais nada no Brasil) com a complacência do 
MIC passaram a aviltar o valor das peças de reposição: um televisor desmontado, peça 
por peça, eqüivale em preço a 14 aparelhos montados !!! O farol de um automóvel é 
vendido, em média, por 2% do valor do automóvel. Um ferro de engomar vale 3% do 
valor das suas peças. Isto, amigo, é a obsolescência forçada. Isto está matando o 
Brasil. 
Nós estamos pagando salários de miséria aqui e pagando a farra do primeiro-mundo. Isto 
só acontece por não termos em verdade um governo. Isto merece um questionamento 
sério. Isto é tão daninho ao povo quanto as fraudes eleitorais. Isto representa 2/3 da 
sangria do capital nativo, acaba o mercado interno e é o vetor do nosso empobrecimento.


Aristóteles

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