(AF) Em uma reunião
na noite deste sábado, na sede do partido em São Paulo, o PC do B, que compõe
a base do governo Lula, decidiu instaurar processo disciplinar contra os
quatro deputados da legenda que contrariaram a orientação da bancada na Câmara
e votaram contra a reforma da Previdência, aprovada em primeiro turno na
última quinta-feira (7). A decisão foi tomada por unanimidade, com votos de 18
integrantes da Comissão Política Nacional, e oficializada em carta intitulada
"Em defesa da unidade e da política do partido", no final da noite.
Pela resolução, o Comitê Central da legenda, histórico aliado do PT,
deliberará sobre o processo num prazo máximo de 50 dias, seguindo o artigo 12
do estatuto partidário. Os quatro dissidentes terão direito de apresentar
defesa e podem até enfrentar processo de expulsão.
O partido alega que
os deputados Sérgio Miranda (MG), Jandira Feghali (RJ), Alice Portugal (BA) e
Afonso Gil (PI) desrespeitaram a recomendação da direção, feriram a unidade
partidária e "causaram prejuízo a imagem do partido, trazendo como
consequência o enfraquecimento político" do PC do B. "A democracia partidária
em partidos comunistas não se confunde com anarquia, com ausência de normas e
princípios, que só traz instabilidade e divisão."
Miranda e Feghali
integram a Comissão Política. O primeiro, inclusive, compareceu à reunião, mas
se retirou logo no início após tentar intervir à pauta. "O partido
apresentou-se dividido, acontecimento que causou indignação da militância e
estranhamento da opinião pública (...) Confrontando a atitude desses
parlamentares com o estatuto do partido salta aos olhos que eles infringiram
várias normas partidárias, transgrediram o próprio princípio diretor da
organização do partido, o centralismo democrático", diz o texto.
A
resolução reitera a recomendação do presidente do sigla, Renato Rabelo, de que
o partido votaria unido pela proposta do governo de reforma previdenciária,
conforme decisão acordada na 9ª Conferência Nacional, realizada no último dia
2.