[Logica-l] Qeios(?)

2023-12-29 Por tôpico Julio Stern
Car(a/o)s:
Alguem tem experiencia com o repositorio >>> Qeios?
Parece ser um repositorio para um meio termo (?) entre pre-print e artigo.
Estao (alguem / AI) me pedindo reviews...
Grato e Tudo de bom, ---Julio

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LOGICA-L
Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de Lógica 

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Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Joao Marcos
Salve!

Sem querer estender muito mais este assunto OFF, parece-me essencial
enfatizar o conteúdo deste tweet da professora Carlotto:
https://twitter.com/maria___maria/status/1740070734318502251?t=jWvYDt6r6Zggo2PX-YZyeg=08
Fala-se pouco nisso, mas "mulheres" e
"mulheres-com-filhos-para-cuidar" são duas categorias *quase que
completamente distintas*, na Academia (mesmo aqui neste fórum, temos
aparentemente bem menos representantes desta última categoria do que
da primeira), e entendo que há que se fazer uma forcinha para elaborar
políticas públicas efetivas que levem isto seriamente em consideração.

Como já disse antes Elaine, neste mesmo fio, nossos órgãos de fomento,
via de regra, "recrutam pareceristas sem o mínimo treinamento e
orientação".  (Aliás, treinamento não é o forte das nossas
universidades, onde professores são frequentemente recrutados sem
receber qualquer treinamento ou orientação --- nem sequer para se
apresentarem em público, que dirá para dar aulas minimamente bem
organizadas, motivadoras e inclusivas.)  Isso precisa mudar!

Boas Festas a todos,
Joao Marcos

PS: No que diz respeito ao lugar de fala, como os colegas devem saber,
tive a má sorte de conhecer perfeitamente, de experiência própria, as
agruras de ser pai solo e sem qualquer rede de apoio.  Pertenço,
contudo, a uma sub-categoria pequena e praticamente invisível de
cuidadores, composta de indivíduos do sexo masculino.  As coisas deste
lado não são fáceis, posso atestar.


On Fri, Dec 29, 2023 at 9:24 AM Cassiano Terra Rodrigues
 wrote:
>
> Camaradas, bons dias.
>
> Nenhuma injustiça social vai acabar só com reflexão e ponderação e sem ações 
> coletivas.  Nesse sentido, divulgo aqui a iniciativa da professora Débora 
> Diniz (antropologia, UnB).
> Quem recebeu algum parecer misógino na vida, pode enviar a ela pelo email:
>
> pareceresmisogi...@gmail.com
>
> Segundo entendi, a ideia inicial é criar uma conversa com mulheres q passaram 
> por isso para trocar experiências e decidir o q fazer.
> Mais infos podem ser obtidas com ela mesma. Deixo aqui o link para a 
> publicação no Instagram da professora:
> https://www.instagram.com/p/C1Z-fBsIFi_/?igsh=eGFmaDF5dWwxOTV4
>
> Saudações e votos de q em 2024 saibamos aproveitar bem as oportunidades de 
> luta coletiva.
>
> cass.

On Fri, Dec 29, 2023 at 5:03 AM Elaine Pimentel
 wrote:
>
> Caro Walter,
>
> Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e essa 
> notícia me abalou muito mesmo.
>
> Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens 
> pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a 
> máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.
>
> Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser 
> "recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver um 
> balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis como 
> esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou isso??)
>
> Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens 
> brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e 
> tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.
>
> Abraços bem sem muita esperança,
>
> On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli  wrote:
>>
>>
>> Colegas:
>>
>> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros 
>> lugares.
>>
>> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm, ou 
>> aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>>
>> ///
>>
>> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social, 
>> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria 
>> Carlotto, que expôs na internet o teor do parecer que recebeu do Conselho 
>> Nacional Científico e Tecnológico (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de 
>> Ciência e Tecnologia, negando uma bolsa produtividade com argumentos que 
>> chocaram a comunidade acadêmica no País.
>>
>> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no exterior e 
>> considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve dois filhos 
>> ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade como um 
>> empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em instituições 
>> internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e acabou projetada 
>> em jornais como a Folha de S. Paulo.
>>
>> “Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha 
>> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro? 
>> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que 
>> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”, escreveu Maria 
>> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de 
>> visualização na plataforma.
>>
>>
>> Para a advogado e antropóloga Debora Diniz, “há vários erros neste parecer. 
>> Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a arrogância”.
>>
>> “Não sei o que o parecer 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Julio Stern

Caro Eduardo:
> o Tom de voz é muito mais importante do que os argumentos..

Nao exatamente, pois sem boas teses e bons argumentos,
as ideias e os conteudos se esvaem.

Todavia, o Tom de Voz eh importante tambem.
Um tom agresivo, pode repelir aqueles a quem seria possivel convencer.
Como dizia o Ulysses Guimaraes:
Politica eh ciscar p'ra dentro -- Quem cisca p'ra fora eh galinha.   :-)

Mais importante ainda eh permitir Tons de Cinza, e ate de Cor!
No mundo Booleano ha opcoes, mas nao ha acordos.
Pontos de equilibrio sao caracteristicos de systemas continuos,
ou aproximacoes destes por sistemas multi-estado.

Tudo de bom,  ---Julio Stern



From: Eduardo Ochs 
Sent: Friday, December 29, 2023 2:00 PM
To: Julio Stern 
Cc: Wagner de Campos Sanz ; elaine.pimen...@gmail.com 
; Lista acadêmica brasileira dos profissionais e 
estudantes da área de LOGICA 
Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o 
primeiro

Oi Julio,

On Fri, 29 Dec 2023 at 07:39, Julio Stern  wrote:
>
> Finalmente, reconheco que estas sao questoes dificeis.
>
> Na pratica, o manejo destes problemas "resiste" a nossas teorizacoes
> e categorizacoes, e a "inercia dos velhos habitos" sempre permeia e
> contamina nossas (coletiva e endividualmente) decisoes e acoes.
>
> Como avancar para resolver estes problemas, sem gerar reacoes,
> recuos e retrocessos maiores e piores que possiveis avancos?
>
> Com paciencia, muito mais paciencia, disponibilidade (de ouvir mais
> do que falar), boa vontade (de refletir e mudar de opiniao),
> determinacao (de seguir adiante), discursos sobrios e
> esclarecedores, evitando a cada passo polarizacoes paralizantes e
> buscando a construcao de consensos.

acho que aqui você levantou um ponto interessantíssimo - provavelmente
sem notar. Deixa eu começar copiando algumas das últimas falas do
"Manufacturing Consent", que é um documentário sobre o Noam Chomsky
que foi lançado em 1992...

  He's up there thinking for himself. And he's deciphering this
  tremendously overweighted body of information, which he puts into an
  order and gives you the feeling that you can do the same thing, that
  the whole thing is decipherable. And he also gives you the sense
  that there is a source, there is a centre to the... to a dissenting
  population, although we feel that there's no centre... reactivated
  in me a desire to get back... get reacquainted with the political
  scene ater 30 years of alienation from it.

  You do hundreds of interviews and lectures. And you're dealing with
  massacres in East Timor and invasions of Panama, etc. Pretty
  horrific stuff- death squads. What keeps you going? Don't you get
  burned out on this material?

  It's mainly a matter of whether you can look yourself in the mirror,
  I think.

Pelo que eu entendi você acha que o mais importante é a gente
encontrar o tom de voz certo pra conseguir conversar com as pessoas em
torno da gente - incluindo as pessoas perpetradoras de atrocidades e
as cúmplices delas - sem que elas se fechem, né? Ou seja, o tom de voz
é muito mais importante do que os argumentos...

Acho que não vou conseguir escrever o resto do que eu tinha planejado
- mas pelo menos vou contar o motivo. O meu departamento aqui em Rio
das Ostras virou uma espécie de Apocalipse Zumbi... as pessoas não
conseguem mais ler textos com mais de um parágrafo, elas argumentam
com argumentos louquérrimos, cometem altas barbaridades sem notar, e
depois todo mundo fica tendo que lidar com as consequências das
barbaridades delas. Lógicas Zumbis são muito diferente de Lógicas
Humanas, e eu, que leio muito mas sou bem ruim em conversar por voz,
não tou conseguindo conversar com elas bem o suficiente e tou
desesperado & puto.

  [[]],
Eduardo

-- 
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Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Eduardo Ochs
Oi Julio,

On Fri, 29 Dec 2023 at 07:39, Julio Stern  wrote:
>
> Finalmente, reconheco que estas sao questoes dificeis.
>
> Na pratica, o manejo destes problemas "resiste" a nossas teorizacoes
> e categorizacoes, e a "inercia dos velhos habitos" sempre permeia e
> contamina nossas (coletiva e endividualmente) decisoes e acoes.
>
> Como avancar para resolver estes problemas, sem gerar reacoes,
> recuos e retrocessos maiores e piores que possiveis avancos?
>
> Com paciencia, muito mais paciencia, disponibilidade (de ouvir mais
> do que falar), boa vontade (de refletir e mudar de opiniao),
> determinacao (de seguir adiante), discursos sobrios e
> esclarecedores, evitando a cada passo polarizacoes paralizantes e
> buscando a construcao de consensos.

acho que aqui você levantou um ponto interessantíssimo - provavelmente
sem notar. Deixa eu começar copiando algumas das últimas falas do
"Manufacturing Consent", que é um documentário sobre o Noam Chomsky
que foi lançado em 1992...

  He's up there thinking for himself. And he's deciphering this
  tremendously overweighted body of information, which he puts into an
  order and gives you the feeling that you can do the same thing, that
  the whole thing is decipherable. And he also gives you the sense
  that there is a source, there is a centre to the... to a dissenting
  population, although we feel that there's no centre... reactivated
  in me a desire to get back... get reacquainted with the political
  scene ater 30 years of alienation from it.

  You do hundreds of interviews and lectures. And you're dealing with
  massacres in East Timor and invasions of Panama, etc. Pretty
  horrific stuff- death squads. What keeps you going? Don't you get
  burned out on this material?

  It's mainly a matter of whether you can look yourself in the mirror,
  I think.

Pelo que eu entendi você acha que o mais importante é a gente
encontrar o tom de voz certo pra conseguir conversar com as pessoas em
torno da gente - incluindo as pessoas perpetradoras de atrocidades e
as cúmplices delas - sem que elas se fechem, né? Ou seja, o tom de voz
é muito mais importante do que os argumentos...

Acho que não vou conseguir escrever o resto do que eu tinha planejado
- mas pelo menos vou contar o motivo. O meu departamento aqui em Rio
das Ostras virou uma espécie de Apocalipse Zumbi... as pessoas não
conseguem mais ler textos com mais de um parágrafo, elas argumentam
com argumentos louquérrimos, cometem altas barbaridades sem notar, e
depois todo mundo fica tendo que lidar com as consequências das
barbaridades delas. Lógicas Zumbis são muito diferente de Lógicas
Humanas, e eu, que leio muito mas sou bem ruim em conversar por voz,
não tou conseguindo conversar com elas bem o suficiente e tou
desesperado & puto.

  [[]],
Eduardo

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[Logica-l] Re: Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Cassiano Terra Rodrigues
Camaradas, bons dias.

Nenhuma injustiça social vai acabar só com reflexão e ponderação e sem
ações coletivas.  Nesse sentido, divulgo aqui a iniciativa da professora
Débora Diniz (antropologia, UnB).
Quem recebeu algum parecer misógino na vida, pode enviar a ela pelo email:

pareceresmisogi...@gmail.com

Segundo entendi, a ideia inicial é criar uma conversa com mulheres q
passaram por isso para trocar experiências e decidir o q fazer.
Mais infos podem ser obtidas com ela mesma. Deixo aqui o link para a
publicação no Instagram da professora:
https://www.instagram.com/p/C1Z-fBsIFi_/?igsh=eGFmaDF5dWwxOTV4

Saudações e votos de q em 2024 saibamos aproveitar bem as oportunidades de
luta coletiva.

cass.




>

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Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Elaine Pimentel
> "enquanto não se tiver um balanço de diversidade nesses comitês"...
>

*É fato* que comitês diversos diminuem a chance de que violências de gênero
dentro da academia como essa descrita na mensagem inicial venham a ocorrer.
Isso não implica que deixem de existir. E de jeito nenhum implica que o
parecerista é homem... ou que eu disse isso...


> "Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
> brancos de meia idade."...
>

Sim, se você é um homem branco de meia idade a probabilidade de você ser
discriminado por gênero é quase nula. Ou estou errada? Quem já viu um
parecer do tipo: fulano não produziu o suficiente porque teve 2 filhos?

De novo, isso não diz nada sobre a pessoa que fez o parecer, mas sobre a
pessoa que sofreu a violência. Essa foi uma mulher.


> Digamos que eu tive fortes bases indutivas ...
>

Acho que suas bases devem ser revistas :)

Abraços,


>
>
> Em sex., 29 de dez. de 2023 06:20, Elaine Pimentel <
> elaine.pimen...@gmail.com> escreveu:
>
>> Caro Wagner,
>>
>> Eu não estou assumindo nada sobre quem fez o parecer e a nota, além de
>> que são despreparados para o serviço. (Interessante, entretanto: como você
>> chegou a essa conclusão sobre gênero a partir das minhas palavras?)
>>
>> Apenas disse que mulheres sofrem violência de gênero todos os dias, o
>> tempo todo. E que há várias maneiras de "diminuir" isso, uma delas é ter
>> comitês mais diversos -- acredito nisso piamente!
>>
>> Abraços,
>>
>> On Fri, Dec 29, 2023 at 9:02 AM Wagner de Campos Sanz <
>> wagners...@gmail.com> wrote:
>>
>>> Querida Elaine e colegas,
>>>
>>> Infelizmente, você está assumindo que o parecerista foi um homem, mas
>>> nem podem haver provas públicas disso. E se for uma mulher desastrada?  No
>>> parecer consta que a pesquisadora poderá se recuperar no futuro...
>>> Diferente de vocês, acho que o meio ambiente acadêmico é cheio de
>>> cretinos e cretinas, e esperar diferente é ilusão. Metade dos colegas das
>>> Ifes votou no Valdemort.
>>> A falha foi do comitê que devia ter jogado o parecer fora e pedido
>>> outro. Alguns colegas daqui já pertenceram aos comitês ...
>>>
>>> Saudações,
>>>
>>> Wagner Sanz
>>>
>>> -- Forwarded message -
>>> De: Elaine Pimentel 
>>> Date: sex., 29 de dez. de 2023 05:03
>>> Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o
>>> primeiro
>>> To: Walter Carnielli 
>>> Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
>>> LOGICA 
>>>
>>>
>>> Caro Walter,
>>>
>>> Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e
>>> essa notícia me abalou muito mesmo.
>>>
>>> Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens
>>> pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a
>>> máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.
>>>
>>> Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser
>>> "recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver
>>> um balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis
>>> como esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou
>>> isso??)
>>>
>>> Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
>>> brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e
>>> tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.
>>>
>>> Abraços bem sem muita esperança,
>>>
>>> On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli 
>>> wrote:
>>>

 Colegas:

 Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
 lugares.

 Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm,
 ou aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.

 ///

 Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
 professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
 Carlotto , que expôs na internet o
 teor do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
 (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
 bolsa produtividade com argumentos que chocaram a comunidade acadêmica no
 País.

 O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no
 exterior e considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve
 dois filhos ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade
 como um empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em
 instituições internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e
 acabou projetada em jornais como a Folha de S. Paulo.

 *“Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha
 carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro?
 Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que
 poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”*, escreveu Maria
 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Julio Stern

Walter, Elaine, Wagner e demais redistas:
Meus 3 centavos sobre o caso:

(1) O parecer em tela eh horrivel, deveria ter side descartado (e nunca ter 
sido enviado), e o parecerista nao deveria ser mais convidado para tarefas 
deste tipo.

(2) Eh preciso dar treinamento adequado as pessoas no que tange a normas de 
comportamento social, pois estas sao mutaveis ao longo de tempo, de culturas 
etc.

Exemplo: Em 2001-2002 fui professor visitante na NYU-Binghamton.
Ao chegar la, tive um curso de 3 dias sobre normas (expectativas 
comportamentais, no sentido Luhmanniano) para um professor.

Entre os itens discutidos:
(a) Uma mulher andando sozinha no campus nao anuncia estar "disponivel"; Para 
mim, obvio; para alguns homens vindo do oriente medio, nem tanto!
(b) Eh categoricamente prihibido o relacionamento afetivo entre professores e 
alunos (em qualquer circunstancia). Para os Americanos, obvio; Para alguns 
Sul-Americanos e Europeus, nem tanto...

No meu entender, a Instituicao dever esclarecer e explicitar suas normas de 
comportamento em Codigos de Conduta.
Estes podem e devem mudar ao longo do tempo mas, deve existir uma referencia 
clara e facilmente disponivel para as normas vigentes.
Ademais, deve haver um treinamento basico para professores e funcionarios, 
preferencialmente via discussao do Codigo de Conduta (existente) em exemplos 
concretos de aplicacao.
Este treinamento deve ter a dupla funcao de exclarecer aqueles que se prestam 
aa suas funcoes, e triar os que nao se prestam a determinadas tarefas.

(3) Na minha opiniao, Codigos de Conduta devem exprimir valores (relativamente) 
consensuais, em oposicao a serem instrumentos de ativismo e doutrinacao de 
vanguardas ideologicas (pois vanguardas ha muitas, cada uma seguindo seu 
proprio caminho).

Em particular, no que tange ao comentario da Elaine:
Acho que (quase) todos concordam que eh necessario lutar por uma maior e melhor 
participacao de grupos sub-representados na sociedade, dar voz nas instancias 
de decisao a representantes destes grupos, dar voz nas instancias de decisao a 
representantes de grupos com necessidades especificas, etc.

Todavia (ja Fora do escopo do comentario da Elaine):
Nao creio ser consensual ter como norma substituir Equidade ao inves de 
Igualdade (Equity instead of Equality) como criterio de justica social.
Eu, pelo menos nao acho que este seja um criterio desejavel, ou mesmo viavel, 
para construir uma sociedade melhor.

Finalmente, reconheco que estas sao questoes dificeis.
Na pratica, o manejo destes problemas "resiste" a nossas teorizacoes e 
categorizacoes, e a "inercia dos velhos habitos" sempre permeia e contamina 
nossas (coletiva e endividualmente) decisoes e acoes.

Como avancar para resolver estes problemas, sem gerar reacoes, recuos e 
retrocessos maiores e piores que possiveis avancos?
Com paciencia, muito mais paciencia, disponibilidade (de ouvir mais do que 
falar), boa vontade (de refletir e mudar de opiniao), determinacao (de seguir 
adiante), discursos sobrios e esclarecedores, evitando a cada passo 
polarizacoes paralizantes e buscando a construcao de consensos.

Fico por aqui com meus 3 centavos.
Vamos em frente que atras vem gente.
Tudo de bom para 2004 e o futuro,
---Julio Stern














From: logica-l@dimap.ufrn.br  on behalf of Elaine 
Pimentel 
Sent: Friday, December 29, 2023 9:21 AM
To: Wagner de Campos Sanz 
Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de LOGICA 

Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o 
primeiro

Caro Wagner,

Eu não estou assumindo nada sobre quem fez o parecer e a nota, além de que são 
despreparados para o serviço. (Interessante, entretanto: como você chegou a 
essa conclusão sobre gênero a partir das minhas palavras?)

Apenas disse que mulheres sofrem violência de gênero todos os dias, o tempo 
todo. E que há várias maneiras de "diminuir" isso, uma delas é ter comitês mais 
diversos -- acredito nisso piamente!

Abraços,

On Fri, Dec 29, 2023 at 9:02 AM Wagner de Campos Sanz 
mailto:wagners...@gmail.com>> wrote:
Querida Elaine e colegas,

Infelizmente, você está assumindo que o parecerista foi um homem, mas nem podem 
haver provas públicas disso. E se for uma mulher desastrada?  No parecer consta 
que a pesquisadora poderá se recuperar no futuro...
Diferente de vocês, acho que o meio ambiente acadêmico é cheio de cretinos e 
cretinas, e esperar diferente é ilusão. Metade dos colegas das Ifes votou no 
Valdemort.
A falha foi do comitê que devia ter jogado o parecer fora e pedido outro. 
Alguns colegas daqui já pertenceram aos comitês ...

Saudações,

Wagner Sanz

-- Forwarded message -
De: Elaine Pimentel 
mailto:elaine.pimen...@gmail.com>>
Date: sex., 29 de dez. de 2023 05:03
Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o 
primeiro
To: Walter Carnielli mailto:walte...@unicamp.br>>
Cc: Lista acadêmica brasileira dos 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Wagner de Campos Sanz
"enquanto não se tiver um balanço de diversidade nesses comitês"...

"Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
brancos de meia idade."...

Digamos que eu tive fortes bases indutivas ...


Em sex., 29 de dez. de 2023 06:20, Elaine Pimentel <
elaine.pimen...@gmail.com> escreveu:

> Caro Wagner,
>
> Eu não estou assumindo nada sobre quem fez o parecer e a nota, além de que
> são despreparados para o serviço. (Interessante, entretanto: como você
> chegou a essa conclusão sobre gênero a partir das minhas palavras?)
>
> Apenas disse que mulheres sofrem violência de gênero todos os dias, o
> tempo todo. E que há várias maneiras de "diminuir" isso, uma delas é ter
> comitês mais diversos -- acredito nisso piamente!
>
> Abraços,
>
> On Fri, Dec 29, 2023 at 9:02 AM Wagner de Campos Sanz <
> wagners...@gmail.com> wrote:
>
>> Querida Elaine e colegas,
>>
>> Infelizmente, você está assumindo que o parecerista foi um homem, mas nem
>> podem haver provas públicas disso. E se for uma mulher desastrada?  No
>> parecer consta que a pesquisadora poderá se recuperar no futuro...
>> Diferente de vocês, acho que o meio ambiente acadêmico é cheio de
>> cretinos e cretinas, e esperar diferente é ilusão. Metade dos colegas das
>> Ifes votou no Valdemort.
>> A falha foi do comitê que devia ter jogado o parecer fora e pedido outro.
>> Alguns colegas daqui já pertenceram aos comitês ...
>>
>> Saudações,
>>
>> Wagner Sanz
>>
>> -- Forwarded message -
>> De: Elaine Pimentel 
>> Date: sex., 29 de dez. de 2023 05:03
>> Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o
>> primeiro
>> To: Walter Carnielli 
>> Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
>> LOGICA 
>>
>>
>> Caro Walter,
>>
>> Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e
>> essa notícia me abalou muito mesmo.
>>
>> Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens
>> pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a
>> máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.
>>
>> Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser
>> "recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver
>> um balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis
>> como esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou
>> isso??)
>>
>> Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
>> brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e
>> tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.
>>
>> Abraços bem sem muita esperança,
>>
>> On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli 
>> wrote:
>>
>>>
>>> Colegas:
>>>
>>> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
>>> lugares.
>>>
>>> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm,
>>> ou aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>>>
>>> ///
>>>
>>> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
>>> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
>>> Carlotto , que expôs na internet o
>>> teor do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
>>> (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
>>> bolsa produtividade com argumentos que chocaram a comunidade acadêmica no
>>> País.
>>>
>>> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no
>>> exterior e considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve
>>> dois filhos ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade
>>> como um empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em
>>> instituições internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e
>>> acabou projetada em jornais como a Folha de S. Paulo.
>>>
>>> *“Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha
>>> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro?
>>> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que
>>> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”*, escreveu Maria
>>> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de
>>> visualização na plataforma.
>>>
>>> Para a advogado e antropóloga *Debora Diniz
>>> *, *“há
>>> vários erros neste parecer. Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a
>>> arrogância”.*
>>>
>>> *“Não sei o que o parecer entende como pós-doutorado — será o trabalho
>>> de dois ou três anos de jovens doutores como assistentes de um professor
>>> sênior, ou as licenças/estágios acadêmicas brasileiras de um ano para
>>> pesquisa? Qualquer que seja a compreensão (repito: são muito diferentes), a
>>> colonialidade da avaliação é assustadora. “No exterior” é onde estaria o
>>> selo de mérito que faltaria à professora”, *criticou Diniz numa
>>> 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Elaine Pimentel
Caro Wagner,

Eu não estou assumindo nada sobre quem fez o parecer e a nota, além de que
são despreparados para o serviço. (Interessante, entretanto: como você
chegou a essa conclusão sobre gênero a partir das minhas palavras?)

Apenas disse que mulheres sofrem violência de gênero todos os dias, o tempo
todo. E que há várias maneiras de "diminuir" isso, uma delas é ter comitês
mais diversos -- acredito nisso piamente!

Abraços,

On Fri, Dec 29, 2023 at 9:02 AM Wagner de Campos Sanz 
wrote:

> Querida Elaine e colegas,
>
> Infelizmente, você está assumindo que o parecerista foi um homem, mas nem
> podem haver provas públicas disso. E se for uma mulher desastrada?  No
> parecer consta que a pesquisadora poderá se recuperar no futuro...
> Diferente de vocês, acho que o meio ambiente acadêmico é cheio de cretinos
> e cretinas, e esperar diferente é ilusão. Metade dos colegas das Ifes votou
> no Valdemort.
> A falha foi do comitê que devia ter jogado o parecer fora e pedido outro.
> Alguns colegas daqui já pertenceram aos comitês ...
>
> Saudações,
>
> Wagner Sanz
>
> -- Forwarded message -
> De: Elaine Pimentel 
> Date: sex., 29 de dez. de 2023 05:03
> Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o
> primeiro
> To: Walter Carnielli 
> Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
> LOGICA 
>
>
> Caro Walter,
>
> Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e
> essa notícia me abalou muito mesmo.
>
> Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens
> pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a
> máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.
>
> Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser
> "recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver
> um balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis
> como esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou
> isso??)
>
> Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
> brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e
> tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.
>
> Abraços bem sem muita esperança,
>
> On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli 
> wrote:
>
>>
>> Colegas:
>>
>> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
>> lugares.
>>
>> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm, ou
>> aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>>
>> ///
>>
>> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
>> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
>> Carlotto , que expôs na internet o
>> teor do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
>> (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
>> bolsa produtividade com argumentos que chocaram a comunidade acadêmica no
>> País.
>>
>> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no
>> exterior e considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve
>> dois filhos ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade
>> como um empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em
>> instituições internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e
>> acabou projetada em jornais como a Folha de S. Paulo.
>>
>> *“Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha
>> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro?
>> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que
>> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”*, escreveu Maria
>> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de
>> visualização na plataforma.
>>
>> Para a advogado e antropóloga *Debora Diniz
>> *, *“há
>> vários erros neste parecer. Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a
>> arrogância”.*
>>
>> *“Não sei o que o parecer entende como pós-doutorado — será o trabalho de
>> dois ou três anos de jovens doutores como assistentes de um professor
>> sênior, ou as licenças/estágios acadêmicas brasileiras de um ano para
>> pesquisa? Qualquer que seja a compreensão (repito: são muito diferentes), a
>> colonialidade da avaliação é assustadora. “No exterior” é onde estaria o
>> selo de mérito que faltaria à professora”, *criticou Diniz numa
>> publicação no Instagram.
>>
>> *“Está fora da imaginação intelectual do parecerista a possibilidade de
>> uma formação sólida e continuada no país. Está fora da imaginação que uma
>> mulher com filhos possa ser doutora, pesquisadora e professora. A tal ponto
>> que se candidata ao início da carreira de pesquisadora do CNPq”,* completou
>> a jurista.
>>
>> O outro lado
>>
>> Em nota, o CNPq pediu desculpas pela situação, alegando que *“tal juízo
>> é 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Wagner de Campos Sanz
Querida Elaine e colegas,

Infelizmente, você está assumindo que o parecerista foi um homem, mas nem
podem haver provas públicas disso. E se for uma mulher desastrada?  No
parecer consta que a pesquisadora poderá se recuperar no futuro...
Diferente de vocês, acho que o meio ambiente acadêmico é cheio de cretinos
e cretinas, e esperar diferente é ilusão. Metade dos colegas das Ifes votou
no Valdemort.
A falha foi do comitê que devia ter jogado o parecer fora e pedido outro.
Alguns colegas daqui já pertenceram aos comitês ...

Saudações,

Wagner Sanz

-- Forwarded message -
De: Elaine Pimentel 
Date: sex., 29 de dez. de 2023 05:03
Subject: Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o
primeiro
To: Walter Carnielli 
Cc: Lista acadêmica brasileira dos profissionais e estudantes da área de
LOGICA 


Caro Walter,

Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e
essa notícia me abalou muito mesmo.

Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens
pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a
máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.

Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser
"recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver
um balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis
como esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou
isso??)

Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e
tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.

Abraços bem sem muita esperança,

On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli 
wrote:

>
> Colegas:
>
> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
> lugares.
>
> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm, ou
> aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>
> ///
>
> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
> Carlotto , que expôs na internet o teor
> do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
> (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
> bolsa produtividade com argumentos que chocaram a comunidade acadêmica no
> País.
>
> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no exterior
> e considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve dois
> filhos ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade como
> um empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em instituições
> internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e acabou projetada
> em jornais como a Folha de S. Paulo.
>
> *“Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha
> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro?
> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que
> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”*, escreveu Maria
> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de
> visualização na plataforma.
>
> Para a advogado e antropóloga *Debora Diniz
> *, *“há
> vários erros neste parecer. Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a
> arrogância”.*
>
> *“Não sei o que o parecer entende como pós-doutorado — será o trabalho de
> dois ou três anos de jovens doutores como assistentes de um professor
> sênior, ou as licenças/estágios acadêmicas brasileiras de um ano para
> pesquisa? Qualquer que seja a compreensão (repito: são muito diferentes), a
> colonialidade da avaliação é assustadora. “No exterior” é onde estaria o
> selo de mérito que faltaria à professora”, *criticou Diniz numa
> publicação no Instagram.
>
> *“Está fora da imaginação intelectual do parecerista a possibilidade de
> uma formação sólida e continuada no país. Está fora da imaginação que uma
> mulher com filhos possa ser doutora, pesquisadora e professora. A tal ponto
> que se candidata ao início da carreira de pesquisadora do CNPq”,* completou
> a jurista.
>
> O outro lado
>
> Em nota, o CNPq pediu desculpas pela situação, alegando que *“tal juízo é
> inadequado tanto porque um estágio no exterior não é requisito para a
> concorrência em tal edital quanto por expressar juízo preconceituoso com as
> circunstâncias associadas à gestação. Não é, portanto, compatível com os
> princípios que regem as políticas desta agência de fomento. A agência tem
> em suas normas, inclusive extensões de períodos de bolsa e de avaliação em
> decorrência de maternidade”.*
>
> O órgão explicou também que *“tal juízo foi formulado em parecer ad hoc,
> não tendo sido corroborado pelo comitê assessor responsável pelo
> julgamento, o qual fez análise de mérito comparativo com as propostas da
> mesma área 

Re: [Logica-l] Caso de vira-latismo e misoginia no CNPq- será o primeiro????

2023-12-29 Por tôpico Elaine Pimentel
Caro Walter,

Obrigada pela mensagem. Eu já havia visto em vários lugares também, e
essa notícia me abalou muito mesmo.

Eu acho que, de fato, há muito o que refletir. Mas não para jovens
pesquisadores que aspiram submeter um projeto PQ, e sim para quem roda a
máquina de moer gente que faz pesquisa no Brasil.

Enquanto não trocar a engrenagem, enquanto pareceristas deixarem de ser
"recrutados" sem o mínimo treinamento e orientação, enquanto não se tiver
um balanço de diversidade nesses comitês, vamos ter pareceres deploráveis
como esse e respostas ridículas como essa do CNPq (de fato, quem assinou
isso??)

Pra mim, a mensagem que fica é: mulheres cientistas, reencarnem homens
brancos de meia idade. Porque, sinceramente, estou cansada de "refletir" e
tentar mudar o que parece mesmo impossível ser mudado.

Abraços bem sem muita esperança,

On Fri, Dec 29, 2023 at 4:13 AM Walter Carnielli 
wrote:

>
> Colegas:
>
> Copio aqui a matéria do  GGN de 28/12/2023,  mas está em vários outros
> lugares.
>
> Acho que é um ponto importante para reflexão de todos aqueles que têm, ou
> aspiram ter, bolsa PQ do CNPq.
>
> ///
>
> Repercute nas redes sociais nesta semana o caso da cientista social,
> professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Maria
> Carlotto , que expôs na internet o teor
> do parecer que recebeu do Conselho Nacional Científico e Tecnológico
> (CNPq), órgão vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, negando uma
> bolsa produtividade com argumentos que chocaram a comunidade acadêmica no
> País.
>
> O parecer do CNPq sublinhou que Maria Carlotto não tem estudos no exterior
> e considerou que, muito provavelmente, isso se deu porque ela teve dois
> filhos ao longo dos últimos anos. A mensagem que trata a maternidade como
> um empecilho à carreira científica e que valoriza passagens em instituições
> internacionais sobre as nacionais, foi alvo de críticas e acabou projetada
> em jornais como a Folha de S. Paulo.
>
> *“Resultado preliminar da bolsa produtividade CNPq reconhece a minha
> carreira, mas aponta que não fiz pós-doc fora. Pandemia? Governo Bolsonaro?
> Não… ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que
> poderá ser compensado no futuro’. Vontade de chorar”*, escreveu Maria
> Carlotto na rede social X. A publicação tem mais de meio milhão de
> visualização na plataforma.
>
> Para a advogado e antropóloga *Debora Diniz
> *, *“há
> vários erros neste parecer. Salta aos olhos o colonialismo, a misoginia e a
> arrogância”.*
>
> *“Não sei o que o parecer entende como pós-doutorado — será o trabalho de
> dois ou três anos de jovens doutores como assistentes de um professor
> sênior, ou as licenças/estágios acadêmicas brasileiras de um ano para
> pesquisa? Qualquer que seja a compreensão (repito: são muito diferentes), a
> colonialidade da avaliação é assustadora. “No exterior” é onde estaria o
> selo de mérito que faltaria à professora”, *criticou Diniz numa
> publicação no Instagram.
>
> *“Está fora da imaginação intelectual do parecerista a possibilidade de
> uma formação sólida e continuada no país. Está fora da imaginação que uma
> mulher com filhos possa ser doutora, pesquisadora e professora. A tal ponto
> que se candidata ao início da carreira de pesquisadora do CNPq”,* completou
> a jurista.
>
> O outro lado
>
> Em nota, o CNPq pediu desculpas pela situação, alegando que *“tal juízo é
> inadequado tanto porque um estágio no exterior não é requisito para a
> concorrência em tal edital quanto por expressar juízo preconceituoso com as
> circunstâncias associadas à gestação. Não é, portanto, compatível com os
> princípios que regem as políticas desta agência de fomento. A agência tem
> em suas normas, inclusive extensões de períodos de bolsa e de avaliação em
> decorrência de maternidade”.*
>
> O órgão explicou também que *“tal juízo foi formulado em parecer ad hoc,
> não tendo sido corroborado pelo comitê assessor responsável pelo
> julgamento, o qual fez análise de mérito comparativo com as propostas da
> mesma área apresentadas no edital e sopesou a disponibilidade de recursos
> orçamentários, sem considerar tal parecer. Os pareceres ad hoc são emitidos
> por especialistas, respeitando o sigilo de sua autoria, e são subsídios que
> os comitês podem ou não incorporar em seus julgamentos. Ademais, os
> julgamentos podem ser objeto de recursos pelos proponentes, recursos estes
> que são julgados por comissão institucional sem a participação dos comitês
> que fizeram o julgamento preliminar”.*
>
> Para Debora Diniz, não basta o CNPq fazer uma retratação pública.* “Não é
> matéria de desculpa apenas: é urgente a atuação institucional para a
> compreensão da seriedade da pareceres, da sensibilidade para gênero, raça e
> região da candidata. É preciso anular este ciclo decisório das bolsas,
> comprometer-se ao treinamento dos parecerista, substitui-los,