Mas  e se o juiz dissesse "Você será enforcado  de surpresa na segunda ou
na terça ou na quarta ou na quinta ou na sexta" ?

Nesse caso, mesmo que o preso (ou rábula)  concluísse pela inconsistência
ou pela impossibilidade do enforcamento, o juiz poderia enforcá-lo em
qualquer dia.

O rábula certamente ficaria surpreso dada sua própria conclusão,  e o juiz
perguntaria;
"Está surpreso, meu caro?
 Não foi exatamente a isso que eu lhe condenei?"


Walter
 PS - Talvez seja essa a formulação do problema do exame surpresa, mas não
sei se é exatamente a mesma.
De todo modo a questão central aí é a surpresa, que parece ser intratável
logicamente...

Em qua, 25 de mar de 2020 07:10, <logica-l@dimap.ufrn.br> escreveu:

> logica-l@dimap.ufrn.br
> <https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/forum/?utm_source=digest&utm_medium=email#!forum/logica-l/topics>
>  Grupos
> do Google
> <https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/forum/?utm_source=digest&utm_medium=email/#!overview>
> <https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/forum/?utm_source=digest&utm_medium=email/#!overview>
> Resumo por e-mail dos temas
> Ver todos os temas
> <https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/forum/?utm_source=digest&utm_medium=email#!forum/logica-l/topics>
>
>    - O enforcado - de novo <#m_-5314833240286883577_group_thread_0> - 13
>    atualizações
>    - ensino de Lógica [e tudo o mais] na era do distanciamento social
>    <#m_-5314833240286883577_group_thread_1> - 7 atualizações
>    - 14 anos de LOGICA-L <#m_-5314833240286883577_group_thread_2> - 1
>    atualização
>    - Abaixo-assinado · Pela imediata Revogação da Portaria 34 da CAPES
>    #NenhumaBolsaaMenos <#m_-5314833240286883577_group_thread_3> - 1
>    atualização
>
> O enforcado - de novo
> <http://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/group/logica-l/t/167c5cbdd059263e?utm_source=digest&utm_medium=email>
> Rodrigo Freire <freires...@gmail.com>: Mar 24 11:15AM -0300
>
> Olá Andrea. A formulação da prova surpresa é mais familiar para mim.
>
> A sentença poderia ser reformulada com o axioma:
>
> *Você será enforcado na segunda ou na terça ou na quarta ou na quinta ou na
> sexta.*
>
> Essa é a única informação da sentença. O resto tem o efeito de "sem mais
> informações" e é melhor entendida como uma frase da metalinguagem (sobre o
> sistema de informações, não como uma informação adicional). Uma
> incorporação do "sem mais informações" como uma informação positiva não
> gera um sistema confiável.
>
> A interpretação que o rábula faz da sua sentença de morte incorpora em seu
> sistema de justificação a parte prescreve o que ele não saberá. Ou seja,
> ele interpreta, com ajuda da má formulação da sentença, uma ausência de
> informação como informação positiva.
> Esse movimento incorpora na lógica do rábula uma modalidade
> metalinguística. O sistema resultante de justificação do rábula é baseado
> na própria noção de justificação que o sistema tenta capturar. Esse é um
> tipo de planificação da linguagem/metalinguagem é problemática e não gera
> um sistema dedutivo confiável. De qualquer modo, uma formalização simples
> desse sistema em logica modal resulta inconsistente.
>
> É assim que vejo o problema.
>
> Abraço
> Rodrigo
>
>
>
>
>
>
> Andrea Loparic <alopa...@gmail.com>: Mar 24 03:38PM -0300
>
> Oi Rodrigo,
>
> Assim formulado, o problema é outro. O problema tradicional é uma questão
> de lógica epistêmica. O não poder saber de véspera é parte da sentença
> do problema tradicional. Eu não estou nesse momento podendo pegar meu
> exemplar do "The ways of Paradox" do Quine, onde ele expõe o problema e
> a solução que ele dá; se você ou algum colega tiver à mão esse livro, peço
> que copie aqui a formulação que lá aparece.
> Abraços,
> Andréa
>
> <
> https://www.avast.com/sig-email?utm_medium=email&utm_source=link&utm_campaign=sig-email&utm_content=webmail
> >
> Livre
> de vírus. www.avast.com
> <
> https://www.avast.com/sig-email?utm_medium=email&utm_source=link&utm_campaign=sig-email&utm_content=webmail
> >.
> <#DAB4FAD8-2DD7-40BB-A1B8-4E2AA1F9FDF2>
>
> Em ter., 24 de mar. de 2020 às 11:15, Rodrigo Freire <freires...@gmail.com
> >
> escreveu:
>
> >>
> https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CACHAqBnO2pCNhNfMO9OqEcy5d5G%3DUspDta1Ek6DcU1TU6f%3DAVg%40mail.gmail.com
> >> <
> https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CACHAqBnO2pCNhNfMO9OqEcy5d5G%3DUspDta1Ek6DcU1TU6f%3DAVg%40mail.gmail.com?utm_medium=email&utm_source=footer
> >
> >> .
>
> <
> https://www.avast.com/sig-email?utm_medium=email&utm_source=link&utm_campaign=sig-email&utm_content=webmail
> >
> Livre
> de vírus. www.avast.com
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> https://www.avast.com/sig-email?utm_medium=email&utm_source=link&utm_campaign=sig-email&utm_content=webmail
> >.
> <#DAB4FAD8-2DD7-40BB-A1B8-4E2AA1F9FDF2>
> Rodrigo Freire <freires...@gmail.com>: Mar 24 03:48PM -0300
>
> Oi Andrea,
>
> Sim, meu ponto é que a teoria epistêmica resultante não é confiável (se
> formalizada será contraditória). Por isso sugiro que "não saberá de
> véspera" não deve ser interpretada como uma nova informação e internalizada
> através de uma linguagem epistêmica, mas apenas como a metainformação "sem
> mais informações". O problema se dissolve se interpretado desse modo.
>
> Abraço
> Rodrigo
>
>
>
>
> Andrea Loparic <alopa...@gmail.com>: Mar 24 04:08PM -0300
>
> Bem o que você está dizendo é que o probema tradicional é um
> falso problema, ou seja, que a sentença não tem modelo. Você
> concorda então com o rábula! E seria contraditado na terça
> feira, quando fosse surpreendido pela chegada do carrasco
> pra te buscar as 5:50 !
>
> <
> https://www.avast.com/sig-email?utm_medium=email&utm_source=link&utm_campaign=sig-email&utm_content=webmail
> >
> Livre
> de vírus. www.avast.com
> <
> https://www.avast.com/sig-email?utm_medium=email&utm_source=link&utm_campaign=sig-email&utm_content=webmail
> >.
> <#DAB4FAD8-2DD7-40BB-A1B8-4E2AA1F9FDF2>
>
> Em ter., 24 de mar. de 2020 às 15:48, Rodrigo Freire <freires...@gmail.com
> >
> escreveu:
>
> Rodrigo Freire <freires...@gmail.com>: Mar 24 04:47PM -0300
>
> Ao contrário, discordo do raciocínio do rábula. O rábula raciocina em um
> sistema que usa o raciocínio do rábula (o próprio sistema, portanto) na
> linguagem objeto. Esse sistema é contraditório, dele qualquer coisa se
> segue. Não se pode usar esse sistema.
>
> Antonio Marmo <marmo.t...@gmail.com>: Mar 24 05:50PM -0300
>
> Pois é preciso dizer antes em quais termos se coloca o problema para
> pensar a solução. Ainda assim, isto não garante que alguém não o resolva
> pensando “fora da caixa”.
>
> A lenda do nó górdio é um exemplo óbvio. Alexandre o Grande teria sido o
> único que resolveu o problema passando a espada, ao passo que todos antes
> dele pressupuseram que a proposta era desfazer o nó sem partir a corda.
>
> Voltando ao problema específico: as Cortes de Lisboa determinam que El-rei
> D. João VI deve voltar à Lisboa. O monarca responde: “um dia eu volto, hoje
> não.” Como vamos analisar o problema? Usando alguma lógica epistêmica
> conhecida, como T ou D? Usando da simples lógica proposicional clássica? Ou
> vamos observar como as pessoas intuitivamente reagem ao problema?
>
> No caso do exemplo histórico, os deputados portugueses não se
> surpreenderam com o retorno de D. João VI quando aconteceu. Na verdade, ao
> ouvirem dele que regressaria algum dia, mas sem uma data marcada,
> entenderam que ele não regressaria e o pressionaram até que anunciasse sua
> partida do Rio de Janeiro. Qual era a lógica que guiou a intuição política
> nesse caso? Houve uma lógica nisso?
>
> Por isso é que questões em lógica não se limitam à parte técnica. Não
> existe a técnica sem a indispensável reflexão filosófica. É no bojo dela
> que os problemas se formulam. Obviamente, admitimos que ad soluções quando
> nos chegam podem estar fora da caixa, mas neste caso é outrossim necessário
> ter ciência de que a reflexão se deslocou para outros termos. Só com a
> reflexão clara entendemos direito o que significam os problemas e as
> soluções propostas.
>
> Most problems of teaching are not problems of growth but helping cultivate
> growth. As far as I know, and this is only from personal experience in
> teaching, I think about ninety percent of the problem in teaching, or maybe
> ninety-eight percent, is just to help the students get interested.
> Noam Chomsky
>
> Andrea Loparic <alopa...@gmail.com>: Mar 24 06:14PM -0300
>
> Então não entendi sua posição antes. Deixe ver agora:
> Na sua opinião, a sentença do rei é sustentável e
> é o raciocínio do rábula que não é?
> E você estava mostrando por que a argumentação do
> rábula está furada, é isso?
>
> <
> https://www.avast.com/sig-email?utm_medium=email&utm_source=link&utm_campaign=sig-email&utm_content=webmail
> >
> Livre
> de vírus. www.avast.com
> <
> https://www.avast.com/sig-email?utm_medium=email&utm_source=link&utm_campaign=sig-email&utm_content=webmail
> >.
> <#DAB4FAD8-2DD7-40BB-A1B8-4E2AA1F9FDF2>
>
> Em ter., 24 de mar. de 2020 às 17:50, Antonio Marmo <marmo.t...@gmail.com>
> escreveu:
>
> Rodrigo Freire <freires...@gmail.com>: Mar 24 06:27PM -0300
>
> A sentença do rei é mais que sustentável, ela de fato ocorre, não é?
> O raciocínio do rábula não é sustentável, como não são alguns raciocínios
> que contém a noção metalinguística de "verdade" na linguagem objeto. Ele
> poderia, por exemplo, dizer ao rei: "se o que estou a dizer é verdade,
> então sou inocente". O rei teria que concluir que essa frase é verdadeira,
> portanto que o rábula é inocente. É essa analogia que faço.
> No caso em questão, o raciocínio contém a noção metalinguística de "saber"
> na linguagem objeto.
> Meu ponto é que isso gera um sistema inconsistente, como a inclusão da
> noção metalinguística de "verdade" na linguagem objeto.
>
>
>
>
> Antonio Marmo <marmo.t...@gmail.com>: Mar 24 06:47PM -0300
>
> Rodrigo,
>
> A que semântica você se refere quando diz isso?
>
> Suponha que numa lógica epistêmica o operador K faz o modal “quadradinho”.
> Numa semântica como a de Scott-Montague, Kp então quer dizer que o conjunto
> de mundos da proposição p está na vizinhança de um mundo de referência w.
> Por que isso seria inconsistente de dizer?
>
> Andrea Loparic <alopa...@gmail.com>: Mar 24 06:53PM -0300
>
> Ah, tá. Eu não tinha entendido sua primeira msg.
> Também acho que o furo do rábula tem a ver com "saber" e
> que já a eliminação do último dia não se sustenta, ou seja, o
> "se eu fosse morrer no sábado, eu saberia na sexta que
> ia morrer no sábado" é falso e ele não poderia impugnar
> a sentença na sexta dizendo algo como "eu não vou morrer
> amanhã pois eu estou sabendo hoje que vocês vão me matar
> amanhã"...
>
>
> Em ter., 24 de mar. de 2020 às 18:27, Rodrigo Freire <freires...@gmail.com
> >
> escreveu:
>
> Rodrigo Freire <freires...@gmail.com>: Mar 24 07:35PM -0300
>
> Não é a lógica (modal) que é inconsistente, é a teoria modal em que o
> rábula raciocina. Vamos analisar esse raciocínio para tentar esclarecer.
>
> Seja K o operador de conhecimento de véspera, ~ o operador de negação, p1 a
> proposição que diz que o enforcamento será na segunda, ..., p5 a proposição
> que diz que o enforcamento será na sexta.
>
> O rábula admite como axiomas
>
> A: (p1 e ~K(p1)) ou ... ou (p5 e ~K(p5)). [a interpretação dele da
> sentença]
>
>
> B1: p1 implica ~p2 e ... e ~p5
> .
> .
> .
> B5: p5 implica ~p1 e ... e ~p4
>
> C: p5 implica K(p5)
>
> D: K(~p5) implica (p4 implica K(p4))
>
> E: (K(~p5) e K(~p4)) implica (p3 implica K(p3))
>
> F: (K(~p5) e K(~p4) e K(~p3)) implica (p2 implica K(p2))
>
> G: (K(~p5) e K(~p4) e K(~p3) e K(~p2)) implica (p1 implica K(p1))
>
> Agora o raciocínio:
>
> - A partir de C, de B5 e de A, conclui-se ~p5. Da necessitação, que o
> rábula assume pois o que ele deduz ele considera como conhecimento de
> véspera, K(~p5).
>
> - A partir de K(~p5), de B4, de D e de A, conclui-se ~p4. Da necessitação,
> que o rábula assume pois o que ele deduz ele considera como conhecimento de
> véspera, K(~p4).
>
> - A partir de K(~p5), K(~p4), de B3, de E e de A, conclui-se ~p3. Da
> necessitação, que o rábula assume pois o que ele deduz ele considera como
> conhecimento de véspera, K(~p3).
>
> - A partir de K(~p5), K(~p4), K(~p3), de B2, de F e de A, conclui-se ~p2.
> Da necessitação, que o rábula assume pois o que ele deduz ele considera
> como conhecimento de véspera, K(~p2).
>
> - A partir de K(~p5), K(~p4), K(~p3), K(~p2), de B1, de G e de A,
> conclui-se ~p1.
>
> - A partir de ~p5, ~p4, ~p3, ~p2, ~p1 e de A, conclui-se bottom.
>
> Abraço
>
>
>
>
> Antonio Marmo <marmo.t...@gmail.com>: Mar 24 08:13PM -0300
>
> Caro Rodrigo,
>
> Obrigado pela sua resposta.
> Entendi agora qual é o caminho que você está vendo.
>
> Como há mais pessoas lendo essa discussão, se me permite, vou apenas dizer
> algo sobre a literatura: esse problema do enforcado apareceu, conforme já
> disse a professora Andreia, num livro de Quine, cujo título é “Ways of
> Paradox”. No primeiro capítulo desse livro, Quine faz uma exposição da
> distinção entre falácia e paradoxo. No segundo capítulo, páginas 21 a 23,
> ele aborda esse problema dando a entender que não é um paradoxo de verdade,
> mas apenas um caso de um sujeito que raciocinou errado sobre uma
> proposição. Vale a pena ler o livro só por esses dois capítulos.
>
>
> Andrea Loparic <alopa...@gmail.com>: Mar 24 09:32PM -0300
>
> Muito legal, Rodrigo!
> Eu estou sem poder hoje, mas amanã vou sentar e seguir
> passo a passo sua dedução.
> Valeu!!
>
>
> Em ter., 24 de mar. de 2020 às 20:13, Antonio Marmo <marmo.t...@gmail.com>
> escreveu:
>
> Voltar ao início <#m_-5314833240286883577_digest_top>
> ensino de Lógica [e tudo o mais] na era do distanciamento social
> <http://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/group/logica-l/t/b9e9b1e6c9a04be7?utm_source=digest&utm_medium=email>
> Adolfo Neto <adolfo....@gmail.com>: Mar 24 07:58AM -0300
>
> Atividades de ensino da UTFPR foram suspensas
>
> http://portal.utfpr.edu.br/noticias/geral/atividades-de-ensino-estao-suspensas-por-tempo-indeterminado
>
>
> --
> ==================================================================
> Adolfo Neto
> Associate Professor - Federal University of Technology, Paraná
> Web: http://www.dainf.ct.utfpr.edu.br/~adolfo
> Mestrado em Computação Aplicada: http://www.ppgca.ct.utfpr.edu.br
> ==================================================================
> Claus Akira Horodynski Matsushigue <claus...@mat.unb.br>: Mar 24 10:10AM
> -0300
>
> ORGULHO DE SER UnB!!!!!!!!!!!!!!!!!!
>
>
>
>
>
>
> ADUnB pede suspensão completa das atividades na UnB
>
> A Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB) enviou um
> oficio ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), pedindo a
> suspensão completa das atividades de ensino na universidade, por tempo
> indeterminado e com posterior discussão do calendário acadêmico quando a
> situação de circulação de pessoas já esteja regularizada.
>
>
> A UnB havia determinado a suspensão das atividades presenciais de ensino,
> pesquisa e extensão e a substituição das aulas presenciais por atividades
> virtuais, por meio do uso de ferramentas e plataformas de EAD. Para a
> ADUnB, a medida causa prejuízos aos(às) docentes e à comunidade acadêmica,
> já que muitos estudantes não têm acesso livre à internet e as professoras e
> professores não terão o suporte adequado para desenvolver conteúdo nessas
> plataformas.
>
>
> Leia o documento na íntegra:
>
>
> Ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UnB
>
> Reitoria em Cópia
>
> Senhores e Senhoras Conselheiros,
>
>
> A Associação de Docentes da Universidade de Brasília tem acompanhado de
> perto as medidas coletivas de proteção à nossa comunidade e vem partilhar
> com os senhores e senhoras algumas preocupações no interesse da categoria
> docente.
>
>
> Todos e todas estamos cientes da gravidade dessa pandemia, sem precedentes
> na história, e que começa a se espalhar pelo nosso país, tornando
> imprescindível reduzir rapidamente a circulação de pessoas para reduzir,
> consequentemente, a velocidade de contágio. A Resolução do CEPE 0011/2020,
> de 14 de março, suspendeu até o dia 29 do mesmo mês as atividades
> presenciais de ensino, pesquisa e extensão e o DEG emitiu comunicado
> orientando a substituição das aulas presenciais por atividades virtuais por
> meio do uso de ferramentas e plataformas de EAD, disponibilizadas pela
> universidade.
>
>
> Nós estamos compreendendo essas medidas como uma solução temporária para
> manter os alunos em atividade neste primeiro período de interrupção. Mas,
> acreditamos que elas não poderão dar conta de manter qualidade de ensino e
> equidade de acesso, caso seja necessário um prolongamento de maior duração
> das atividades presenciais. Enumeramos abaixo as razões principais que nos
> fazem pensar assim:
>
>
> 1. Existe um conjunto de conhecimentos e técnicas em torno de textos e
> aulas em EAD desenvolvidos ao longo do tempo, demonstrando que para
> garantir qualidade de ensino nesta modalidade não se pode, simplesmente,
> fazer o mesmo que se faria em sala diante de uma câmera de computador ou
> dentro de uma sala virtual de debate. É verdade que muitos de nossos
> professores tem experiência anterior em EAD, o que torna mais fácil para
> eles, na dependência da natureza dos conteúdos, adaptar as aulas ao formato
> virtual. Entretanto, essa não é a realidade, talvez, da maioria dos nossos
> docentes e suas dificuldades com essas ferramentas não permitirão, por um
> lado, a isonomia na qualidade da oferta e, por outro lado, não pode
> expô-los ao conjunto dos estudantes como docentes despreparados, ou
> negligentes.
>
>
> 2. A UnB não dispõe de nenhum estudo sobre inclusão digital de seus
> estudantes, no que se refere à qualidade da acessibilidade domiciliar dos
> mesmos. É sabido, entretanto, que muitos deles dependem de conexões
> disponibilizadas publicamente, cuja possível radicalização das medidas de
> isolamento os impedirá de acessá-las, prejudicando exatamente o grupo dos
> estudantes mais vulnerável, em um contexto, onde já estão suspensos os
> passes estudantis de transporte público. Ou, poderá ainda, forçar esse
> grupo a procurar os locais com sinal aberto, obrigando-os a gastos e
> expondo-os a maiores riscos, o que também vai de encontro à equidade das
> oportunidades.
>
>
> 3. Não parece evidente que o nosso provedor e nossa rede suportarão, de uma
> só vez, todas as disciplinas de todos os cursos usando plataformas
> abrigadas em nosso CPD. Do mesmo modo, nos preocupa se o suporte técnico
> necessário às novas demandas desse uso generalizado das plataformas on line
> poderá ser mantido diante da redução de efetivos técnico-administrativos
> presenciais necessários à proteção desse setor. Devemos notar que problemas
> com quedas temporárias de conexão não chegam a ser raras em condições
> normais na UnB, o que causa maiores inseguranças para longos períodos de
> sobrecarga do sistema.
>
>
> 4. Entre as medidas do governo pensadas para reduzir nossa jornada para 30
> horas e baixar 25% de nossos salários, encontra-se a proposta de
> transformar 40% de todos os cursos em atividade EAD. Assim sendo, se no
> esforço de respondermos às demandas emergentes da pandemia, nós
> transformarmos, ainda que sem condições, os cursos presenciais de todo um
> semestre em modalidade EAD, estaremos reforçando essa perspectiva irreal e
> contrária aos interesses de toda a comunidade universitária.
>
>
> No dia de ontem surgiu o primeiro caso comunitário no Distrito Federal e as
> estimativas de especialistas apontam para 4.900 casos no Brasil até o fim
> desse mês. Desta maneira, acreditamos que no dia 29 de março deverá estar
> mais claro para todos e todas que o rigor nas medidas de isolamento físico
> necessário só aumentará nas semanas seguintes. Neste sentido, solicitamos
> aos conselheiros e conselheiras, que ao fim desse período determinem a
> suspensão completa das atividades de ensino por tempo indeterminado, com
> posterior discussão do calendário acadêmico quando a situação de circulação
> de pessoas já esteja regularizada, devendo-se ter em conta que o conjunto
> de docentes e da comunidade acadêmica em geral não pode ser culpabilizado
> pela crise com perda de seus direitos.
>
>
> Com votos de respeito e consideração,
>
> Associação dos Docentes da Universidade de Brasília - ADUnB
>
> A DIRETORIA
>
>
>
> --
> _______________________________________________
> adunb-l mailing list
> adun...@listas.unb.br
> http://listas.unb.br/listinfo/adunb-l
>
>
>
> Claus Akira Horodynski Matsushigue <claus...@mat.unb.br>: Mar 24 10:16AM
> -0300
>
> ORGULHO DE SER UnB!!!!!!!!!!!!!!!!
>
>
>
> O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade de
> Brasília, decidiu, em reunião virtual nesta segunda-feira (23/3), suspender
> o calendário acadêmico do primeiro semestre de 2020 pelo tempo que durar a
> situação de emergência de saúde pública relacionada à pandemia do novo
> coronavírus no Distrito Federal. As aulas e atividades realizadas de 9 de
> março até agora não perdem a validade.
>
>
> Na resolução do Cepe, ficam autorizadas algumas atividades não presenciais,
> como as de extensão voltadas ao atendimento à comunidade em temas
> relacionados à saúde da população. Os estágios supervisionados e atividades
> assistenciais na área de saúde, preferencialmente relacionadas ao combate à
> Covid-19, também estão autorizadas pelo Cepe, assim como a realização de
> bancas de defesa de Trabalho de Conclusão de Curso, de qualificação e
> defesa de dissertação ou tese, *desde que exclusivamente de modo não
> presencial*.
>
>
> A Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB) representada
> na reunião pelos diretores Jacques de Novion e Luiz Araújo, e defendeu,
> conforme o *ofício enviado pelo sindicato ao Cepe na quarta-feira (18)*
> <
> https://www.adunb.org/post/adunb-pede-suspens%C3%A3o-completa-das-atividades-na-unb
> >,
> a suspensão completa das atividades de ensino na universidade.
>
>
> A ADUnB afirmou que a medida preserva a isonomia da instituição, já que não
> há como garantir equidade de acesso - tanto aos docentes quanto aos
> estudantes - à tecnologia necessária para continuidade das atividades
> acadêmicas, o que prejudicaria a qualidade do ensino.
>
>
> "Não podemos colocar em risco a comunidade com atividades presenciais,
> tampouco aprofundar as desigualdades existentes de acesso ao ensino.
> Concordamos também com a abertura para atividades de acolhimento,
> solidariedade e combate à pandemia. Certamente a UnB tem dever de estar
> engajada nesse esforço nacional", considerou a ADUnB durante a reunião.
>
>
> _______________________________________________
> adunb-l mailing list
> adun...@listas.unb.br
> http://listas.unb.br/listinfo/adunb-l
>
> On Tue, Mar 24, 2020 at 10:10 AM Claus Akira Horodynski Matsushigue <
> Joao Marcos <botoc...@gmail.com>: Mar 24 10:32AM -0300
>
> > já que muitos estudantes não têm acesso livre à internet e as professoras
> e professores
> > não terão o suporte adequado para desenvolver conteúdo nessas plataformas
>
> Quais as propostas da UnB (ou da ADUnB) para *resolver* estes dois
> problemas?
>
> JM
> Claus Akira Horodynski Matsushigue <claus...@mat.unb.br>: Mar 24 10:59AM
> -0300
>
> Veja.. não sou da ADUnB, nem estou defendendo-a. O prof Everaldo abaixo
> não é de "esquerda" por exemplo.
>
> Realmente é não fechar os olhos para o que está acontecendo no mundo, e
> pior, o morticínio que ocorrerá no Brasil... morticínio.
>
> Sugeriria também uma leve visita às residências dos nosso alunos com mais
> carências, ver as casas, os cômodos, quantos vivem, quantos desempregados,
> doentes, bêbados, idosos, crianças, problemas de segurança... isso antes
> da epidemia. Saber que no BRASIL REAL, agora no início da epidemia, por
> exemplo, um dos maiores problemas são crianças que, sem escola, ficam sem
> merenda, SEM COMER. Fora que não há e não haverá hospital para todos. A
> maioria terá que voltar para casa, mesmo infectado e enfermo. Sem nenhuma
> instrução ou condição. Nem testes estão fazendo, esta é a realidade. E um
> governo que faz piada durante estes meses sobre a "gripezinha", ainda faz.
> Quando não sugere deixar os trabalhadores SEM SALÁRIOS POR 4 MESES. Com
> MAIS DE DOIS MESES DE ANTECEDÊNCIA DA CHINA e mais de um da Itália, o
> Brasil não tem nem álcool, nem máscara, nem testes, nem equipes preparadas
> e organizadas, nem hospitais ou novos leitos sendo construídos, nem
> respiradores.... No final, NADA... ao deus dará!!!
>
>
>
>
> *O calendário acadêmico precisa e poderá aguardar; nossas vidas, não!*
>
> *Prof. Everaldo Batista da Costa*
>
> *Departamento de Geografia*
>
> *Universidade de Brasília*
>
> *everaldoco...@unb.br <everaldoco...@unb.br> *
>
> Vou repetir o que já está dado: os meses de abril, maio e junho poderão ser
> trágicos para o Brasil, na dimensão da saúde pública e da economia, em
> especial.
>
> Nesse sentido, diante de um quadro social caótico, como atuarão ou como
> podem atuar as Universidades públicas brasileiras?
>
> O debate interno parece ser o da “manutenção do calendário acadêmico” no
> EAD.
>
> Eu teria dezenas de argumentos contra essa posição, mas deixarei apenas um,
> o mais óbvio: *nem a Universidade púbica brasileira, muito menos a
> sociedade, os professores ou estudantes temos **estrutura técnica** e *
> *formativa** para a “desejada” EAD, nem momentaneamente, para
> ensinar-aprender de forma qualificada.*
>
> Assim, quero fazer coro ao que defende o colega professor Paulo Celso dos
> Reis Gomes, da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília, em
> texto publicado, no dia 20 de março de 2020 pela ADUnB, no tocante à
> atuação social da instituição, neste momento peculiar da história mundial.
>
> Texto coerente e necessário que termina com o chamado: “Peço
> encarecidamente à Administração Superior que avalie a possibilidade de
> suspender o calendário do semestre letivo e o substitua por atividades de
> extensão universitária, coordenadas e integradas por nossas instâncias
> internas mais adequada, até que o pior dessa pandemia passe” (P. Gomes).
>
> Não é o momento para que a “Universidade sem condição” (J. Derrida) esteja
> centrada na manutenção do calendário acadêmico, de forma
> precarizada-precarizante, ultrajada-ultrajante do ensino, dos docentes e
> dos alunos. O calendário será recuperado, as vidas não.
>
> Assim, dentre as Faculdades, Institutos e Departamentos, quais poderiam:
>
>
>
> 1. Atuar junto às mães e aos pais que estão em casa com seus filhos
> pequenos, com atividades pedagógicas?
> 2. Dar suporte técnico à manutenção de equipamentos hospitalares?
> 3. Criar e/ou disponibilizar/indicar material lúdico, de lazer ou
> entretenimento para famílias que estão em casa acometidos pela angústia do
> confinamento?
> 4. Propor grupos de leitura interativa entre docentes e comunidade
> (obviamente, incluindo nossos alunos), no limite daquilo que podemos atuar
> e que a sociedade pode receber, virtualmente?
> 5. Realizar apoio psicológico às famílias que já apresentam indivíduos
> infectados ou em quadro de depressão catalisado ou não pela pandemia?
>
>
>
> São muitas as alternativas de atuação extensiva, além destas aqui indicadas
> e inspiradas no que propõe nosso colega Paulo Celso dos Reis.
>
> Este momento - único na vida da maioria de nós - deve ser superado com
> solidariedade. *O calendário acadêmico precisa e poderá aguardar; nossas
> vidas, não. *
>
>
>
>
> _______________________________________________
> adunb-l mailing list
> adun...@listas.unb.br
> http://listas.unb.br/listinfo/adunb-l
>
>
>
> Joao Marcos <botoc...@gmail.com>: Mar 24 11:12AM -0300
>
> Pelo que entendi, a proposta do Prof. Everaldo ---com cinco ações
> claramente delineadas--- é nos concentramos na *extensão*. Parece-me bom
> --- certamente bem melhor do que simplesmente proibir todos os docentes de
> dar aulas "em qualquer modalidade", sem justificativa, e propor interromper
> as defesas de trabalhos de conclusão, dissertação e tese, sem
> justificativa. A UnB já começou a tomar medidas para a *implementação*
> destas propostas? O tempo urge!
>
> JM
>
>
> PS: Mais uma vez, esta thread vai se tornando demasiado off-topic, e não
> pretendo por isso dar continuidade à discussão.
> Rodrigo Freire <freires...@gmail.com>: Mar 24 11:36AM -0300
>
> Vou tentar esclarecer o que aprovamos no cepe (não que seja relevante, mas
> sou conselheiro titular e estive na reunião por zoom) e o cenário de
> coordenação que temos.
>
> 1- Como foi dito, aprovamos a suspensão do semestre, não seu cancelamento.
> Significa que o semestre será retomado quando a quarentena terminar. Já era
> a proposta da reitoria e, de fato, em uma semana de coordenação, vimos que
> seria muito difícil suportar a avalanche de demandas por muito tempo. É
> recomendado que sejam mantidas atividades ou mesmo cursos de modo mais
> leve, mais diluído, sem cobrança de calendário nem de avaliação, para
> manter os alunos engajados e ajudar no lado psicológico deles durante a
> quarentena. Usamos google classroom, aprenda, moodle, email e outras
> plataformas. Como coordenador de pós, acho essencial manter, na medida do
> possível, cursos de modo diluído durante esse período.
>
> 2- Sobre os estudantes que não tem acesso à internet, não há um plano para
> garantir internet em espaços privados fora do câmpus. O acesso é garantido
> nas dependências do câmpus. Se a presença no câmpus é impedida, temos um
> problema. Mas temos um problema mais básico, de garantir a alimentação dos
> estudantes que dependem disso. A alimentação está sendo entregue em casa
> para os que tem uma modalidade específica de bolsa alimentar. Outras
> soluções estão em estudo. Na pós não temos esses problemas.
>
> 3- A universidade deve continuar ativa. Deve ajudar no que for possível.
>
> Abraço
> Rodrigo
>
>
> Voltar ao início <#m_-5314833240286883577_digest_top>
> 14 anos de LOGICA-L
> <http://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/group/logica-l/t/834218be7cb5b3d5?utm_source=digest&utm_medium=email>
> O Administrador da LOGICA-L <logica-l+own...@dimap.ufrn.br>: Mar 24
> 11:16AM -0300
>
> Esta lista acaba de completar 14 anos. Estendo meus parabéns a todos
> aqueles que a tornam diariamente um espaço de intercâmbio de
> informação e de ideias úteis à comunidade!
>
> Aproveito para registrar aqui, igualmente, o meu desejo de que todos
> possamos novamente, tão breve quanto possível, respirar com mais
> leveza!
>
> O Administrador da LOGICA-L
> Voltar ao início <#m_-5314833240286883577_digest_top>
> Abaixo-assinado · Pela imediata Revogação da Portaria 34 da CAPES
> #NenhumaBolsaaMenos
> <http://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/group/logica-l/t/e522fb1d6ffa18c1?utm_source=digest&utm_medium=email>
> Marcos Silva <marcossilv...@gmail.com>: Mar 24 10:20AM -0300
>
> ---------- Forwarded message ---------
> From: iana cavalcanti <ianavcavalcant...@gmail.com>
> Date: Mon, Mar 23, 2020 at 7:44 PM
> Subject: Abaixo-assinado · Pela imediata Revogação da Portaria 34 da CAPES
> #NenhumaBolsaaMenos · Change.org
> To: Marcos Silva <marcossilv...@gmail.com>
>
>
>
> https://www.change.org/p/presid%C3%AAncia-da-capes-pela-imediata-revoga%C3%A7%C3%A3o-da-portaria-34-da-capes-nenhumabolsaamenos?recruiter=1060510894&utm_source=share_petition&utm_campaign=psf_combo_share_abi&utm_medium=whatsapp&utm_content=washarecopy_20983958_pt-BR:v3&recruited_by_id=8c8475f0-6cd0-11ea-bd61-4993772a22b1&fbclid=IwAR2roI9nA3qgXpnbC8THUX-zOwQ8aL7x2hI1fCwCxyFYO4xYKl1_bWvEWy0
>
>
> --
> Marcos Silva (UFPE/CNPq)
> Philosophy Department
> Federal University of Pernambuco, Brazil
> Marcos Silva Philosophy
> <https://sites.google.com/view/marcossilvaphilosophy/home>
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