Re: [naval] nomes estranhos e MAIS: a MB no Tejo

1999-12-09 Por tôpico Luis Mendes

Finalmente um assunto "histórico" (já que quase ninguem ligou ao "assalto a
Conarky" - será que vale a pena continuar a enviar trabalhos similares?) e
uma duvida antiga desfeita - a minha "objecção" era o facto de Cochrane ter
disparado contra Lisboa, algo que era nessa altura quase impossivel para um
navio isolado (já agora é mais facil, depois de no ano passado terem acabado
com o Regimento Artilharia de Costa); disparar contra a costa Portuguesa já
é diferente.

Sobre os meios envolvidos: a frota saiu com 48 navios mercantes, 16 guerra e
5335 militares e 870 civis - 4 regressaram por serem a favor de D. Pedro
(incluindo uma charrua), arribaram 1 guerra e 9 mercantes, foram capturados
16 mercantes (e nove que não faziam parte do comboio), tendo chegado a
Lisboa 23 mercantes e todos os de guerra. De notar que o comboio se separou
(o 1º chegou a 21 Agosto e o ultimo 22 Setembro). D. Pedro e o seu governo
não gostaram muito da "perseguição" e não há duvidas que só aconteceu porque
as tripulações inglesas quiseram "mostrar trabalho" (após as dificuldades na
Baia em 4 Maio as tripulações eram inglesas).

De notar que os ultimos combates navais tiveram lugar em Montevideu em
Outubro.


-Original Message-
From: Alexandre Moraes de Castro e Silva <[EMAIL PROTECTED]>
To: Lista Naval <[EMAIL PROTECTED]>
Date: Segunda-feira, 6 de Dezembro de 1999 3:16
Subject: Re: [naval] nomes estranhos e MAIS: a MB no Tejo


Beleza então.  Como eu não palpito em áreas de tecnologia, e são quase
todas, deixa eu aproveitar pra esclarecer o que eu sei.  E aproveito para
esclarecer uma dúvida antigacom o Luis que eu fiquei devendo... Do Cochrane
nem vou falar pq acho que todo mundo sabe, né?  Britânico, lutou contra
Napoleão na RN, fez as independências do Chile e do Brasil como mercenário e
dizem que só pensava e falava em dinheiro, mas é verdade também que o D.
Pedro não pagou a ele o que tinha prometido.  Enfim, já éramos o Brasil
naquela época...


John Taylor (1796-1855) comandou a Niterói durante a Guerra de Independencia
e foi ele que realizou aquele façanha que eu mencionei aqui na lista...  Não
lembram não?  Que brigaram comigo até, achando que ia ofender o Luís?
Peraí... :)  Adoro Portugal, não vou brigar por causa de coisas que
aconteceram 170 anos atrás!!

De qualquer modo, foi a Niterói de John Taylor que perseguiu a esquadra
lusitana fugitiva da baía de todos os santos até a barra do Tejo.  Agora
estou com os livros aqui na frente pra não errar.  Os portugueses evacuaram
Salvador na calada da noite de 2 de junho de 1823, um comboio gigantesco de
mais de 60 ou 80 navios, e correram pra o Maranhão, onde os lusitanos ainda
resistiam, sendo então perseguidos por quatro navios brasileiros, entre eles
a Niterói. Ao longo do percurso, os brasileiros capturaram justamente dois
dos navios nos quais iam o grosso das tropas de desembarque portuguesas e o
almirante luso decidiu mudar de planos e rumar para Lisboa.  Nesse ponto, os
outros navios brasileiros tiveram que voltar e a Niterói ficou sozinha na
perseguição. A Niterói perseguiu a esquadra portuguesa até a embocadura do
Tejo, que alcançou a 12 de setembro. Deu um tiro de saudação a Portugal e
começou o caminho de volta. Graças aos esforços das forças perseguidoras,
especialmente a Niterói, foram capturados mais de um terço das tropas
portuguesas e cerca de metade dos navios -- 30. Alguns dizem que essa
perseguição foi essencial para o sucesso da guerra, pois argumentam que se
as forças tivessem chegado em Portugal intactas, os portugueses seriam
tentados a reforçar e socorrer os seus patrícios ainda resistindo no Pará,
Piauí e Maranhão., Taylor ainda se abasteceu em Flores e Madeira e capturou
mais meia dúzia de navios portugueses retardatários na viagem de volta.

Por fim, essa viagem também é muito bem documentada, por contar com um
participante ilustre: um certo Joaquim Marques Lisboa, marinheiro
voluntário, de tenros 16 aninhos.  Quem não sabe quem é, eu não digo! Basta
dizer que todas as biografias de Lisboa enfatizam que a perseguição teve
grande impacto sobre ele...

Além disso, o Taylor ainda ralou muito. "Pacificou" a província de
Pernambuco no pós-independência, combateu a confederação do equador,
combateu na cisplatina, combateu os mercenários amotinados no rj em 1831 e,
por fim, comandou as forças navais da regência que desbarataram os cabanos
em 1836.  Morreu no posto de Vice-Almirante.


João Guilherme Greenhalgh (1845-1865) era brasileiríssimo, guarda-marinha e
é o nosso "martir" de Riachuelo. Ele morreu a bordo da Parnaíba, de um modo
bem peculiar e que explica as homenagens que ele recebeu.  A Parnaíba tinha
encalhada e estava sob abordagem de quatro navios paraguaios. A luta era no
convés, de espada, no braço, o que houvesse, tudo para impedir a abordagem.
Nisso, Greenhalgh viu um paraguaio tentando arriar nossa bandeira. Ele corre
até lá, toma a bandeira do par

Re: [naval] nomes estranhos e MAIS: a MB no Tejo

1999-12-06 Por tôpico Wellington Rossi Kramer

Parabéns pelas informações

Alexandre Moraes de Castro e Silva wrote:

> Beleza então.  Como eu não palpito em áreas de tecnologia, e são quase
> todas, deixa eu aproveitar pra esclarecer o que eu sei.  E aproveito para
> esclarecer uma dúvida antigacom o Luis que eu fiquei devendo... Do Cochrane
> nem vou falar pq acho que todo mundo sabe, né?  Britânico, lutou contra
> Napoleão na RN, fez as independências do Chile e do Brasil como mercenário e
> dizem que só pensava e falava em dinheiro, mas é verdade também que o D.
> Pedro não pagou a ele o que tinha prometido.  Enfim, já éramos o Brasil
> naquela época...
>
> John Taylor (1796-1855) comandou a Niterói durante a Guerra de Independencia
> e foi ele que realizou aquele façanha que eu mencionei aqui na lista...  Não
> lembram não?  Que brigaram comigo até, achando que ia ofender o Luís?
> Peraí... :)  Adoro Portugal, não vou brigar por causa de coisas que
> aconteceram 170 anos atrás!!
>
> De qualquer modo, foi a Niterói de John Taylor que perseguiu a esquadra
> lusitana fugitiva da baía de todos os santos até a barra do Tejo.  Agora
> estou com os livros aqui na frente pra não errar.  Os portugueses evacuaram
> Salvador na calada da noite de 2 de junho de 1823, um comboio gigantesco de
> mais de 60 ou 80 navios, e correram pra o Maranhão, onde os lusitanos ainda
> resistiam, sendo então perseguidos por quatro navios brasileiros, entre eles
> a Niterói. Ao longo do percurso, os brasileiros capturaram justamente dois
> dos navios nos quais iam o grosso das tropas de desembarque portuguesas e o
> almirante luso decidiu mudar de planos e rumar para Lisboa.  Nesse ponto, os
> outros navios brasileiros tiveram que voltar e a Niterói ficou sozinha na
> perseguição. A Niterói perseguiu a esquadra portuguesa até a embocadura do
> Tejo, que alcançou a 12 de setembro. Deu um tiro de saudação a Portugal e
> começou o caminho de volta. Graças aos esforços das forças perseguidoras,
> especialmente a Niterói, foram capturados mais de um terço das tropas
> portuguesas e cerca de metade dos navios -- 30. Alguns dizem que essa
> perseguição foi essencial para o sucesso da guerra, pois argumentam que se
> as forças tivessem chegado em Portugal intactas, os portugueses seriam
> tentados a reforçar e socorrer os seus patrícios ainda resistindo no Pará,
> Piauí e Maranhão., Taylor ainda se abasteceu em Flores e Madeira e capturou
> mais meia dúzia de navios portugueses retardatários na viagem de volta.
>
> Por fim, essa viagem também é muito bem documentada, por contar com um
> participante ilustre: um certo Joaquim Marques Lisboa, marinheiro
> voluntário, de tenros 16 aninhos.  Quem não sabe quem é, eu não digo! Basta
> dizer que todas as biografias de Lisboa enfatizam que a perseguição teve
> grande impacto sobre ele...
>
> Além disso, o Taylor ainda ralou muito. "Pacificou" a província de
> Pernambuco no pós-independência, combateu a confederação do equador,
> combateu na cisplatina, combateu os mercenários amotinados no rj em 1831 e,
> por fim, comandou as forças navais da regência que desbarataram os cabanos
> em 1836.  Morreu no posto de Vice-Almirante.
>
> João Guilherme Greenhalgh (1845-1865) era brasileiríssimo, guarda-marinha e
> é o nosso "martir" de Riachuelo. Ele morreu a bordo da Parnaíba, de um modo
> bem peculiar e que explica as homenagens que ele recebeu.  A Parnaíba tinha
> encalhada e estava sob abordagem de quatro navios paraguaios. A luta era no
> convés, de espada, no braço, o que houvesse, tudo para impedir a abordagem.
> Nisso, Greenhalgh viu um paraguaio tentando arriar nossa bandeira. Ele corre
> até lá, toma a bandeira do paraguaio e enrosca-se nela. O paraguaio voa nele
> e Greenhalgh lhe dá um tiro na cara. Nisso, os outros paraguaios pulam nele,
> e ele morre de dezenas de feridas de machadinha e de balas. Mas o que
> importa para a lenda é nao só ele caiu literalmente enroscado na bandeira,
> como que também nem a bandeira e nem a Parnaíba caíram nas mãos do inimigo.
>
> Já o Dodsworth, é preciso que me digam que Dodsworth! Tem vários!  De
> qualquer modo, pro século XX eu tenho pouca coisa. Na Primeira Guerra
> Mundial, temos apenas o Primeiro-Tenente Jorge Dodsworth Martins, que fez
> parte do Estado Maior da DNOG, e o Capitão de Corveta Alfredo Andrada
> Dodsworth, que comandou a Piauí.
>
> Sobre os Dodsworths, eu nao tenho mais nada...
>
> alexandre
>
> -Mensagem original-
> De: Alexandre Fontoura <[EMAIL PROTECTED]>
> Para: [EMAIL PROTECTED] <[EMAIL PROTECTED]>
> Data: Domingo, 5 de Dezembro de 1999 23:55
> Assunto: Re: [naval] nomes estranhos (errata)
>
> >Alexandre Fontoura wrote:
> >
> >> Wellington Rossi Kramer wrote:
> >>
> >> > Desculpem a minha ignorância, mas qual a razão de nomes como Dotsworth,
> >> > Green...etc. em navios da MB?
> >> >
> >> > ==
> >> > Lista naval
> >> > Para sair desta lista mande mensagem para:
> >> > [EMAIL PROTECTED]
> >> > sem nada no Subject
> >> > e c

Re: [naval] nomes estranhos e MAIS: a MB no Tejo

1999-12-05 Por tôpico Alexandre Moraes de Castro e Silva

Beleza então.  Como eu não palpito em áreas de tecnologia, e são quase
todas, deixa eu aproveitar pra esclarecer o que eu sei.  E aproveito para
esclarecer uma dúvida antigacom o Luis que eu fiquei devendo... Do Cochrane
nem vou falar pq acho que todo mundo sabe, né?  Britânico, lutou contra
Napoleão na RN, fez as independências do Chile e do Brasil como mercenário e
dizem que só pensava e falava em dinheiro, mas é verdade também que o D.
Pedro não pagou a ele o que tinha prometido.  Enfim, já éramos o Brasil
naquela época...


John Taylor (1796-1855) comandou a Niterói durante a Guerra de Independencia
e foi ele que realizou aquele façanha que eu mencionei aqui na lista...  Não
lembram não?  Que brigaram comigo até, achando que ia ofender o Luís?
Peraí... :)  Adoro Portugal, não vou brigar por causa de coisas que
aconteceram 170 anos atrás!!

De qualquer modo, foi a Niterói de John Taylor que perseguiu a esquadra
lusitana fugitiva da baía de todos os santos até a barra do Tejo.  Agora
estou com os livros aqui na frente pra não errar.  Os portugueses evacuaram
Salvador na calada da noite de 2 de junho de 1823, um comboio gigantesco de
mais de 60 ou 80 navios, e correram pra o Maranhão, onde os lusitanos ainda
resistiam, sendo então perseguidos por quatro navios brasileiros, entre eles
a Niterói. Ao longo do percurso, os brasileiros capturaram justamente dois
dos navios nos quais iam o grosso das tropas de desembarque portuguesas e o
almirante luso decidiu mudar de planos e rumar para Lisboa.  Nesse ponto, os
outros navios brasileiros tiveram que voltar e a Niterói ficou sozinha na
perseguição. A Niterói perseguiu a esquadra portuguesa até a embocadura do
Tejo, que alcançou a 12 de setembro. Deu um tiro de saudação a Portugal e
começou o caminho de volta. Graças aos esforços das forças perseguidoras,
especialmente a Niterói, foram capturados mais de um terço das tropas
portuguesas e cerca de metade dos navios -- 30. Alguns dizem que essa
perseguição foi essencial para o sucesso da guerra, pois argumentam que se
as forças tivessem chegado em Portugal intactas, os portugueses seriam
tentados a reforçar e socorrer os seus patrícios ainda resistindo no Pará,
Piauí e Maranhão., Taylor ainda se abasteceu em Flores e Madeira e capturou
mais meia dúzia de navios portugueses retardatários na viagem de volta.

Por fim, essa viagem também é muito bem documentada, por contar com um
participante ilustre: um certo Joaquim Marques Lisboa, marinheiro
voluntário, de tenros 16 aninhos.  Quem não sabe quem é, eu não digo! Basta
dizer que todas as biografias de Lisboa enfatizam que a perseguição teve
grande impacto sobre ele...

Além disso, o Taylor ainda ralou muito. "Pacificou" a província de
Pernambuco no pós-independência, combateu a confederação do equador,
combateu na cisplatina, combateu os mercenários amotinados no rj em 1831 e,
por fim, comandou as forças navais da regência que desbarataram os cabanos
em 1836.  Morreu no posto de Vice-Almirante.


João Guilherme Greenhalgh (1845-1865) era brasileiríssimo, guarda-marinha e
é o nosso "martir" de Riachuelo. Ele morreu a bordo da Parnaíba, de um modo
bem peculiar e que explica as homenagens que ele recebeu.  A Parnaíba tinha
encalhada e estava sob abordagem de quatro navios paraguaios. A luta era no
convés, de espada, no braço, o que houvesse, tudo para impedir a abordagem.
Nisso, Greenhalgh viu um paraguaio tentando arriar nossa bandeira. Ele corre
até lá, toma a bandeira do paraguaio e enrosca-se nela. O paraguaio voa nele
e Greenhalgh lhe dá um tiro na cara. Nisso, os outros paraguaios pulam nele,
e ele morre de dezenas de feridas de machadinha e de balas. Mas o que
importa para a lenda é nao só ele caiu literalmente enroscado na bandeira,
como que também nem a bandeira e nem a Parnaíba caíram nas mãos do inimigo.

Já o Dodsworth, é preciso que me digam que Dodsworth! Tem vários!  De
qualquer modo, pro século XX eu tenho pouca coisa. Na Primeira Guerra
Mundial, temos apenas o Primeiro-Tenente Jorge Dodsworth Martins, que fez
parte do Estado Maior da DNOG, e o Capitão de Corveta Alfredo Andrada
Dodsworth, que comandou a Piauí.

Sobre os Dodsworths, eu nao tenho mais nada...

alexandre


-Mensagem original-
De: Alexandre Fontoura <[EMAIL PROTECTED]>
Para: [EMAIL PROTECTED] <[EMAIL PROTECTED]>
Data: Domingo, 5 de Dezembro de 1999 23:55
Assunto: Re: [naval] nomes estranhos (errata)


>Alexandre Fontoura wrote:
>
>> Wellington Rossi Kramer wrote:
>>
>> > Desculpem a minha ignorância, mas qual a razão de nomes como Dotsworth,
>> > Green...etc. em navios da MB?
>> >
>> > ==
>> > Lista naval
>> > Para sair desta lista mande mensagem para:
>> > [EMAIL PROTECTED]
>> > sem nada no Subject
>> > e com o comando a seguir no corpo da msg:
>> > "unsubscribe naval" (sem aspas)
>> > ==
>>
>> Dodsworth, Greenhalgh, Cochrane, Taylor e outros são oficiais e marujos
>> ingleses contratados por D