[obm-l] Derivadas da função Zeta de Riemann

2018-04-15 Por tôpico Artur Steiner
No semiplano Re(z) > 1, Zeta é definida pela série Z(z) = Soma (n = 0, oo)
1/n^z. Neste semiplano, as derivadas de ordem n de Z são dadas pelas séries
obtidas diferenciando-se n vezes os termos da série primitiva. Provar este
fato que, incrivelmente, não parece ser muito conhecido, é interessante

Artur Costa Steiner

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 acredita-se estar livre de perigo.



[obm-l] RE: [obm-l] Re: [obm-l] Derivadas da função Zeta

2014-11-28 Por tôpico Artur Costa Steiner


[obm-l] RE: [obm-l] Re: [obm-l] Derivadas da função Zeta

2014-11-28 Por tôpico Artur Costa Steiner


Re: [obm-l] Re: [obm-l] Derivadas da função Zeta

2014-11-28 Por tôpico Artur Costa Steiner
O Bernardo deu uma excelente sugestão. Vou explorar esta linha com algumas 
variantes. Vamos admtir conhecido que a série definindo zeta para Re(z)  1 
converge (na realidade, converge absolutamente). Salvo menção em contrário, 
valores de z e convergências referem-se ao semiplano {z | Re(z)  1}, nosso 
conjunto universo.

Para k = 1, 2, 3... sejam f_k(z) = k^(-z) e, para m = 1, 2, 3... , seja s_m a 
m-gésima soma parcial das f_k. Então, as funções f_k e, portanto, as s_m, são 
holomorfas e (s_m) converge para Z.

Definindo Z[0] = Z, vemos que afirmação dada vale para n = 0, pela própria 
definição de Z (como ln(1) = 0, na sua fórmula não faz diferença começar a 
série em 2 ou em 1. Vamos começar em 1, para facilitar). 

Suponhamos que a fórmula dada valha para n = j. Para cada k, temos que 
f_k[j](z) = (-ln(k))^j k^(-z) e, portanto, |f_k[j](z)| = (ln(k)^j |k^(-z)| = 
(ln(k)^j k^(Re(-z)) = (ln(k)^j k^(-Re(z). Assim, para todo k, a funcão real 
definida no nosso semiplano por z -- |f_k[j](z)| decresce estritamente com 
Re(z).

Seja K um subconjunto compacto não vazio de nosso semiplano. Como a função z 
-- Re(z) é contínua, apresenta um mímimo absoluto em algum z* de K (como 
Re(z*)  1, z* não é nulo). Assim, em z*, todas as funções |f_k[j] apresentam 
um máximo global M_k = ln(k)^j k^(-Re(z*)). Temos portanto que

|f_k[j](z)| = M_para todo k e todo z de K

Como Re(z*) é um real em nosso semiplano, a série Soma (k = 1, oo) converge, 
pela hipótese indutiva, para Z[j](Re(z*)). Assim, em virtude das desigualdades 
acima, o Teste M de Weierstrass nos mostra que a série de funções Soma (k = 1, 
oo) f_k[j] converge uniformemente en K (para Z[j], pela hipótese indutiva). Em 
virtude da definição das funções s_m acima, isto é o mesmo que dizer que a 
sequência de somas parciais (s_m[j]) converge uniformemente em K para Z[j]. 

Vemos assim que, em todo subconjunto compacto de nosso plano, a convergência 
(s_m[j]) -- Z[j] é uniforme. Como as funções s_m[j] são holomorfas (derivadas 
de holomorfas são holomorfas), segue-se de um teorema da Análise Complexa que, 
em todo compacto de nosso semiplano, a sequência (s_m[j]') = (s_m[j + 1]) 
converge uniformemente para Z[j]' = Z[j + 1]. Isto valida sua fórmula para n = 
j + 1 em subconjuntos compactos de nosso semiplano.

Mas como todo z do semiplano pertence a algum subconjunto compacto do mesmo, a 
sua fórmula fica automaticamente validada para n = j + 1 em todo o semiplano 
com Re(z)  1. Isto completa a indução e mostra que, de fato, para todo e todo 
z com Re(z)  1,

Z[n](z) = Soma (k = 1, oo) (ln(k)^n k^(-z)


Para n = 0, temos a própria Z. Para n = 1, podemos começar a série em 2.

Veja que, embora uniforme em conjuntos compactos, a convergência da série não é 
uniforme na totalidade do semiplano.

A função Zeta é também dada por uma integral que envolve a função Gama. Esta 
representação vale em todo o C perfurado em 1, pois Zeta tem um polo em 1. 
Talvez seja possível deduzir sua fórmula com base nisso, mas me parece que vai 
ser bem mais difícil. Enfim, não sei. Na matemática , às vezes acontece de se 
achar que algo é extremamente complicado e alguém aparece com uma solução 
simplíssima, tipo ovo de Colombo. Outras vezes, acha-se que algo é muito 
simples, vai-se fazer e caj-se num tremendo embrólio. 

Esta é minha contribuição. Me avisem se houver algum erro.

Abraços 

Artur


Artur Costa Steiner

 Em 27/11/2014, às 17:38, Bernardo Freitas Paulo da Costa 
 bernardo...@gmail.com escreveu:
 
 2014-11-27 15:44 GMT-02:00 Amanda Merryl sc...@hotmail.com:
 Oi amigos.
 
 A função zeta é definida para complexos com Re(z)  1 pela série Z(z) = 
 Soma(k = 1, oo) k^(-z). Embora isto não seja uma série de potências, acho 
 que podemos derivar termo a termo indefinidamente,
 
 Não é uma série de potências, mas é uma série de funções. Reveja os
 teoremas de convergência uniforme / normal para séries de funções.
 Funções de variável qualquer, claro, para aplicar no caso z
 complexo. (Os teoremas que você viu num curso de análise real sobre
 séries muitas vezes possuem análogos para mais variáveis, com a mesma
 demonstração.)
 
 de modo, que, se isto for válido, então, no semiplano Re(z)  1, a 
 ngésima derivada é
 
 Z[n](z) = (-1)^n Soma(k = 2, oo) (ln k)^n k^(-z)
 
 Eu acho que consegui provar isso no caso de z real. Usando indução e o 
 teste da integral, podemos mostrar que esta série converge para todo real z 
  1. E como a série primitiva converge, a fórmula acima vale para todo z  
 1. Mas vale de fato para todo complexo z com Re(z)  1. Se sim, como podemos 
 provar?
 
 Se você estiver fazendo um curso de análise complexa, talvez valha a
 pena fazer de outra forma: primeiro, você vai ter que provar que a
 zeta é holomorfa. Em seguida, mostrar que a série da derivada n-ésima
 também define uma função holomorfa. (Provavelmente, similar à 
 anterior.) Enfim, conclua que ambas coincidem na reta real, logo por
 continuação 

[obm-l] Derivadas da função Zeta

2014-11-27 Por tôpico Amanda Merryl
Oi amigos.

A função zeta é definida para complexos com Re(z)  1 pela série Z(z) = Soma(k 
= 1, oo) k^(-z). Embora isto não seja uma série de potências, acho que podemos 
derivar termo a termo indefinidamente, de modo, que, se isto for válido, então, 
no semiplano Re(z)  1, a ngésima derivada é 

Z[n](z) = (-1)^n Soma(k = 2, oo) (ln k)^n k^(-z)

Eu acho que consegui provar isso no caso de z real. Usando indução e o teste da 
integral, podemos mostrar que esta série converge para todo real z  1. E como 
a série primitiva converge, a fórmula acima vale para todo z  1. Mas vale de 
fato para todo complexo z com Re(z)  1. Se sim, como podemos provar?

Obrigada.

Amanda
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Instru��es para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
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[obm-l] Re: [obm-l] Derivadas da função Zeta

2014-11-27 Por tôpico Bernardo Freitas Paulo da Costa
2014-11-27 15:44 GMT-02:00 Amanda Merryl sc...@hotmail.com:
 Oi amigos.

 A função zeta é definida para complexos com Re(z)  1 pela série Z(z) = 
 Soma(k = 1, oo) k^(-z). Embora isto não seja uma série de potências, acho que 
 podemos derivar termo a termo indefinidamente,

Não é uma série de potências, mas é uma série de funções. Reveja os
teoremas de convergência uniforme / normal para séries de funções.
Funções de variável qualquer, claro, para aplicar no caso z
complexo. (Os teoremas que você viu num curso de análise real sobre
séries muitas vezes possuem análogos para mais variáveis, com a mesma
demonstração.)

 de modo, que, se isto for válido, então, no semiplano Re(z)  1, a ngésima 
 derivada é

 Z[n](z) = (-1)^n Soma(k = 2, oo) (ln k)^n k^(-z)

 Eu acho que consegui provar isso no caso de z real. Usando indução e o teste 
 da integral, podemos mostrar que esta série converge para todo real z  1. E 
 como a série primitiva converge, a fórmula acima vale para todo z  1. Mas 
 vale de fato para todo complexo z com Re(z)  1. Se sim, como podemos provar?

Se você estiver fazendo um curso de análise complexa, talvez valha a
pena fazer de outra forma: primeiro, você vai ter que provar que a
zeta é holomorfa. Em seguida, mostrar que a série da derivada n-ésima
também define uma função holomorfa. (Provavelmente, similar à
anterior.) Enfim, conclua que ambas coincidem na reta real, logo por
continuação analítica são iguais em todo { Re(z)  1 }

 Obrigada.

 Amanda

Abraços,
-- 
Bernardo Freitas Paulo da Costa

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