Re: OBM Segunda Fase

2001-09-05 Por tôpico Marcelo Rufino de Oliveira

Na minha opinião os critérios de correção poderiam ter sido mais amplos, e
incluir coisas que não poderiam ser feitas, além do que pode ser feito para
resolver cada questão. Por exemplo, na questão 3 do Nível 3 alguns alunos do
meu colégio utilizaram métodos que não estavam previstos nos critérios de
correção e chegaram a resposta correta do problema. O enunciado é o
seguinte:

3) Determine todas as funções f: R - R tais que f(x) = f(-x) e f(x + y) =
f(x) + f(y) + 8xy + 115 para todos os reais x e y.

Um aluno chutou que  f(x) = ax^2 + bx + c (justificou isto devido o termo
8xy + 115  ser polinomial) aplicou na equação funcional tirando a, b, c e
chegando na função correta. Eu sei que ele calculou somente a função
polinomial que satisfaz o problema e não provou que não existem outras
possíveis, entretanto, como a grade de resposta é omissa com relação a esta
solução eu deixo duas perguntas:
1) Quanto vale esta solução?
2) Um professor menos acostumado com olimpíadas não poderia dar 10 pontos
para esta solução?

Nesta mesma questão outros 2 alunos fizeram y = 1 e escreveram n expressões
variando x nos naturais desde 1 até n. Somaram todas as expressões e
obtuveram quanto vale f(x) se x for natural. Evidentemente obtiveram f(n) =
4n^2 - 115. Novamente esta solução não estava prevista, e ficam as duas
perguntas acima para esta outra situação.

Na questão 6 do Nível 3 um aluno encontrou que o somatório vale n^2/2
utilizando indução matemática para isto, que também não estava previsto na
grade de resposta. Neste caso, como eu li com bastante calma sua solução
(que era longa) e estava tudo certo eu acabei dando os 10 pontos. Só que
também seria interessante esta solução por indução estar prevista na grade
de resposta.

É evidente que existem outras soluções (algumas bastante complexas) para as
questões do Nível 3 (acho que a questão 5 dá para fazer usando recorrência),
porém outras soluções não tão complexas deveriam ser incluídas, para não
deixar que professores menos experientes cometam injustiças na hora da
correção.

Até mais,
Marcelo Rufino de Oliveira


- Original Message -
From: Paulo Jose Rodrigues [EMAIL PROTECTED]
To: [EMAIL PROTECTED]
Sent: Tuesday, September 04, 2001 11:44 PM
Subject: OBM Segunda Fase


 Parabéns aos que trabalharam na elaboração da 2a fase da OBM. As questões
 estavam adequadas, criativas e  desafiantes. A única que me pareceu
 inadequada foi a 4 do nível 1.

 Por outro lado, em alguns momentos, os critérios de correção me pareceram
 injustos.

 Não é muito pouco dar 3 pontos para que achou que cada número aparecia 7
 vezes no dominó?

 Não é muito dar 2 pontos para quem fez a figura corretamente no problema 4
 do nível 2?



 Paulo






Re: OBM Segunda Fase

2001-09-05 Por tôpico Nicolau C. Saldanha

On Wed, Sep 05, 2001 at 10:29:55AM -0300, Marcelo Rufino de Oliveira wrote:
 Na minha opinião os critérios de correção poderiam ter sido mais amplos, e
 incluir coisas que não poderiam ser feitas, além do que pode ser feito para
 resolver cada questão. Por exemplo, na questão 3 do Nível 3 alguns alunos do
 meu colégio utilizaram métodos que não estavam previstos nos critérios de
 correção e chegaram a resposta correta do problema. O enunciado é o
 seguinte:
 
 3) Determine todas as funções f: R - R tais que f(x) = f(-x) e f(x + y) =
 f(x) + f(y) + 8xy + 115 para todos os reais x e y.
 
 Um aluno chutou que  f(x) = ax^2 + bx + c (justificou isto devido o termo
 8xy + 115  ser polinomial) aplicou na equação funcional tirando a, b, c e
 chegando na função correta. Eu sei que ele calculou somente a função
 polinomial que satisfaz o problema e não provou que não existem outras
 possíveis, entretanto, como a grade de resposta é omissa com relação a esta
 solução eu deixo duas perguntas:
 1) Quanto vale esta solução?

Realmente, esta possibilidade não está considerada nos critérios de correção.
É impossível prever tudo o que pode passar pela cabeça dos alunos.
Eu daria 4 pontos em 10 mas é muito discutível.

 2) Um professor menos acostumado com olimpíadas não poderia dar 10 pontos
 para esta solução?

Infelizmente sim. É por isso que a escolha de problemas para a 2a fase
é tão amarrada: os problemas precisam ser fáceis de corrigir.
 
 Nesta mesma questão outros 2 alunos fizeram y = 1 e escreveram n expressões
 variando x nos naturais desde 1 até n. Somaram todas as expressões e
 obtuveram quanto vale f(x) se x for natural. Evidentemente obtiveram f(n) =
 4n^2 - 115. Novamente esta solução não estava prevista, e ficam as duas
 perguntas acima para esta outra situação.

Em resposta a (1), acho que estes alunos fizeram um pouco mais do que
o anterior, mas não muito mais. Eu daria 5 pontos em 10.
A resposta para (2) é sempre a mesma, desnecessário repetir.
 
 Na questão 6 do Nível 3 um aluno encontrou que o somatório vale n^2/2
 utilizando indução matemática para isto, que também não estava previsto na
 grade de resposta. Neste caso, como eu li com bastante calma sua solução
 (que era longa) e estava tudo certo eu acabei dando os 10 pontos. Só que
 também seria interessante esta solução por indução estar prevista na grade
 de resposta.
 
 É evidente que existem outras soluções (algumas bastante complexas) para as
 questões do Nível 3 (acho que a questão 5 dá para fazer usando recorrência),
 porém outras soluções não tão complexas deveriam ser incluídas, para não
 deixar que professores menos experientes cometam injustiças na hora da
 correção.

Nós temos sempre esta preocupação (com correções desiguais ou até erradas)
mas achamos que não há muito a fazer além do que já é feito, ou seja:

* os professores devem mandar a prova corrigida (ou cópia dela,
  não tenho certeza) para o coordenador regional que deve dar uma olhada
  e que tem autoridade para alterar a nota.

* as questões devem ser bem objetivas para facilitar a correção;
  talvez você tenha observado que evitamos na 2a fase questões com enunciado
  da forma 'prove que ...': o motivo é este.

A preocupação que você expressa quanto ao critério de correção é pertinente
mas lembre-se de que é impossível prever todos os caminhos certos
(nem falar dos errados!) para resolver um problema. Se um problema só pode
ser resolvido de uma única forma talvez ele não mereça estar na OBM.



Re: OBM Segunda Fase

2001-09-05 Por tôpico Carlos Frederico Borges Palmeira

entendo a preocupacao do Marcelo com relacao a criterio de correcao.
Sempre ha solucoes  nao previstas no gabarito e ai' e' preciso que o
professor use o seu bom senso. Como bem observou Nicolau, as provas vao
para as maos do coordenador regional que deve reve-las. O professor do
colegio pode incluir no pacote um bilhete para o coordenador regional
pedindo que este olhe com cuidado a solucao do problema i do aluno fulano
que nao esta' conforme o gabarito. Se a solucao esta' correta, nao ha
duvida, e' 10. A dificuldade esta' em solucao parcial por um caminho nao
previsto. Ate' em olimpiada internacional isso acontece: Em 92 um aluno
brasileiro apresentou um comeco de solucao nao previsto e deu trabalho
para dar nota ,pois foi preciso ter certeza de que aquele caminho poderia
chegar na solucao correta. Se o caminho nao levasse `a solucao valeria
menos pontos. 

Fred




OBM Segunda Fase

2001-09-04 Por tôpico Paulo Jose Rodrigues

Parabéns aos que trabalharam na elaboração da 2a fase da OBM. As questões
estavam adequadas, criativas e  desafiantes. A única que me pareceu
inadequada foi a 4 do nível 1.

Por outro lado, em alguns momentos, os critérios de correção me pareceram
injustos.

Não é muito pouco dar 3 pontos para que achou que cada número aparecia 7
vezes no dominó?

Não é muito dar 2 pontos para quem fez a figura corretamente no problema 4
do nível 2?



Paulo