Comprei um apartamento,
bonitinho, engraçadinho, do qual, em dado momento, pensei ser
proprietário.
Mas, alguns meses depois eu vi
que eu era um otário.
Juntei todos os trocados,
economizei na pança, tirei tudo da poupança, mexi no FGTS, fiz a mulher
trabalhar até conseguir compor a renda familiar.
Depois de pagar a entrada, com a
chave do apartamento, pus a rede na sacada
E fui então gozar o grande
acontecimento: eu era proprietário de um belo
apartamento.
Mas eu era muito mais que um
simples proprietário.
Era mesmo... um
mutuário.
No mês seguinte eu paguei a
primeira prestação.
No outro mês eu paguei mas já
fiquei apertado.
No terceiro não paguei porque já
estava dobrado.
E começou o sufoco só porque, um
dia, eu pensei que quem vive de salário pode ser
proprietário.
Faz dívida, paga promessa, amanhã
eu pago essa, se enforca com o agiota
Meu Deus, eu sou
idiota!!!
Pede o saldo, vê o
saldo,
Aí vem outro revés: ainda devo o
que eu devia
multiplicado por
dez.
Hoje estou aqui em cima,
conversando com São Pedro, tranquilo
e feliz da cuca.
A mulher ficou maluca quando as
botas eu batí
mas é que eu
descobri
que quem vira mutuário, só chega
a proprietário
quando morre e a Caixa
quita
aquela escritura
bendita.
Enfim, para ser proprietário de
um belo apartamento,
pense um
momento:
não pode ser
mutuário,
tem que ser é mortuário.
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