#maisGNU

Será necessário muito empenho e determinação para manter algum nível de 
coerência nessa última resistência ao avanço da infecção da ideologia do 
"Open". Somos a última geração capaz de reverter o quadro onde "aberto" foi 
forçado como sinônimo de livre, exatamente para conter a liberdade. O ativismo 
que defende a ideologia do Software Livre foi marginalizado, é vítima de 
ataques covardes e confrontado com argumentos que inflamam o antagonismo. 
Acredite, não é sem querer.

Veja o caso dos dados abertos governamentais. Porque não nomeá-los como Dados 
Livres Governamentais? Se você se der ao trabalho de ler a LAI - Lei de Acesso 
a Informação, verá que a definição é exata para os termos de liberdade e não de 
"abertura". Remete diretamente ao "open documents", que, aliás, é outro exemplo 
perfeito da dominação do "Open". Porque "open documents" em vez de "free 
documents"? A resposta simples para esse "trocadalho do carilho" é que um 
software pode ser aberto sem ser livre. E os podres poderes e seu séquito, 
sabem que não há como burlar a liberdade, mas sempre há como burlar a 
"abertura".

Quando se usa a filosofia do Software Livre para colocar o usuário em primeiro 
lugar aparece, de imediato, uma horda de defensores do livre mercado, do 
pensamento OSIsta e dos modelos de produção para dizer que estamos dificultando 
sua adoção. Isso é tão absurdo quanto dizer que a filosofia vegana coloca em 
risco a vida dos animais. Não importa o quanto se tente distorcer os 
argumentos, a liberdade do usuário é mais importante pelo simples fato de 
abalar as estruturas das relações técnicas e comerciais entre os usuários e os 
fornecedores de tecnologia.

A ação coletiva #semUbuntu encontrou uma forma de despertar o debate. 
Incoerente, limitada e estreita, mas eficiente: escolher um alvo. O movimento 
Software Livre já se utilizou desse mesmo expediente antes e funcionou muito 
bem. Um dia foi a Microsoft. E quais motivos fizeram com que todos os ativistas 
da liberdade do software apontassem seus canhões para Redmond?

    Era o padrão de mercado: A Microsoft era hegemônica, forte, arrogante, 
inescrupulosa e agressiva nos negócios (era?), ou seja, não hesitava em 
agredir, combater, difamar e até mesmo comprar quaisquer pessoas ou empresas 
que pudessem ameaçar seus negócios;
    Representatividade: esse comportamento vil, como exemplo do que não presta 
no modelo tradicional de relacionamento com seus clientes, representava 
perfeitamente o que era necessário combater;
    Qualidade de software: qualquer profissional mais gabaritado não hesitará 
em dizer que os Softwares da Microsoft são ruins. Então mostrar a qualidade dos 
softwares feitos comunitariamente e confrontá-los com as soluções corporativas 
da Microsoft era tarefa cotidiana;
    Doutrinação: a forma como a Microsoft lidava com o mercado, investindo 
muito mais em marketing para vender do que na qualidade dos softwares ou no bom 
atendimento aos seus clientes, criou multidões de seguidores apáticos e 
doutrinados que aceitavam qualquer desmando sem questionamento. Então era 
perfeito mostrar que os usuários deviam ter consciência critica e se contrapor;

Agora substitua Microsoft por Ubuntu e perceberá que está acontecendo a mesma 
coisa. Só que agora de uma forma muito mais camuflada e perigosa, pois se supõe 
que a Canonical é uma empresa amiga. Mas não é. E é claro que não é a única.

A defesa da liberdade do software e de seus usuários é muito maior e mais 
ampla, mas a comunidade Software Livre perdeu complemente seu foco. Nos últimos 
anos parece que os argumentos mercadológicos se sobrepuseram aos filosóficos, 
"Open" virou mais do que "Free", Linus passou a ser mais referência de 
liberdade tecnológica do que Stallman e o Linux, aquele kernel, está tão 
contaminado de softwares privativos, que não há mais justificativa para 
classificá-lo como Software Livre.

A maioria esmagadora doas distribuições GNU/Linux não são livres. A simples 
distribuição de drivers não livres garante isso. Então não tente justificar o 
seu uso, faça algo para mudar isso. Exija mais coerência do FLISOL, do FISL, do 
Latinoware, mas também da comunidade de desenvolvedores da sua distribuição 
favorita. Acredite, eles se incomodam muito com as criticas, o que significa 
que se você reclamar eles vão apenas ouvir, mas se muitos reclamarem eles vão 
mudar. Se não mudaram ainda é porque você não está reclamando o suficiente. O 
mesmo raciocínio pode ser empregado para os fabricantes de notebooks e 
smartphones cujos componentes só funcionam com drivers privativos: eles são 
assim porque você não tem se importado com isso.

Terceirizar a responsabilidades é uma excelente forma de se desculpar pelo uso 
de software não livre. Perceba que eu estou dizendo claramente que você sabe 
que está fazendo isso, que você sabe que é errado, mas se convenceu de que não 
há outra forma. E o mais grave é que você está repassando esse conceito, essa 
rendição, essa resignação para os novatos, para seus familiares e colegas de 
trabalho. Então em vez de ser um vetor de transformação social, ajudando a 
libertar os usuários, você se transformou em um vetor de aprisionamento. Você 
vende liberdade e entrega algemas.

É claro que você pode continuar sentado em frente ao seu computador, usando 
Ubuntu, Steam, NetFlix, Skype, Gmail, Facebook e toda sorte de outros programas 
não livres, se desculpando a cada critica e ajudando outros a se encarcerarem. 
O resultado disso já pode ser percebido: a Microsoft publicou a adoção massiva 
de Open Source e seu amor pelo Linux. A Linux Foundation retribuiu o carinha e 
disse que a Microsoft é uma grande parceira! Por que? O ambiente favorável. Não 
há mais criticos contundentes, nem comunidades pensantes para fazerem o 
controverso como ela deve ser feito.

Muito pelo contrário, defensores históricos do Software Livre estão tão 
convencidos de que é necessária uma certa flexibilidade, convivência e até 
aceitação de software não livres, que chegam a comemorar essa paixão súbita 
entre a Linux Foundation e Redmond. Alguns vão além: promovem festivais de 
instalação de software livre onde se instala software não livre. Outros 
promovem campeonatos de jogos não livres em eventos de Software Livre. Tudo em 
nome de facilitar a adoção de Software Livre. Isso faz algum sentido para você? 
Sempre que descrevo esse cenário me vem à mente a metáfora do médico 
pneumologista que receita 2 cigarros por dia para melhorar a condição 
respiratória de seus pacientes, ou ainda, do vegano que convida os amigos para 
um churrasco de novilho para explicar os benefícios de uma dieta sem alimentos 
de origem animal.

A ação coletiva #semUbuntu é apenas a ponta de lança do velho Movimento 
Software Livre que quer #maisGNU. Incoerente, limitada e estreita. Mas se você 
está lendo este artigo, a ação está atingindo seu objetivo. Junte-se a nós 
entrando no Grupo do Software Livre no Actor [1] clicando aqui: GRUPO SOFTWARE 
LIVRE [2]

Saudações Livres!

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