Olá pessoal,

Posto aqui um texto do Emir Sader que é muito importante, e penso que
devemos elaborar algum texto sobre nossas pautas e que dialogue com o Fórum
Social Mundial.

No texto ele pontua "imprensa pública alternativa", e já que, nós estamos
passando por profundas tranformações na área da comunicação no Brasil e no
mundo talvez fosse interessante nós tentarmos de forma coletiva e
colaborativa escrevermos um documento que chame a atenção das pautas da
internet, software livre, inclusão digital, enfim para as Tics.

Convido as interessadas e os interessados para construírmos esse documento.
Já criei uma página no wiki. O endereço é redepopular.softwarelivre.org

Está sendo implementado a TV Digital no Brasil, e com pouco debate com a
sociedade.

A conferência nacional de comunicação está sendo chamada por algumas
organizações, mas o legistativo e executivo federal parecem não
compreenderem a importância desta.

A cada dia que passa a popularização da internet tem proporcionado inúmeras
possibilidades na democratização do acesso e produção de conteúdos em seus
diferentes formatos. Mas ao mesmo tempo estamos caminhando para um controle
total do que podemos fazer ou acessar na internet.

Penso que por um lado cria-se magníficas ferramentas de comunicação que
democratizam a produção e o acesso, e por outro essas ferramentas podem ser
usadas novamente para o controle. Temo que se nós não ficarmos atentos para
o que se pretende com as Tics, corremos o risco de logo estarmos metidos em
outra ditadura. A ditadura de quem poderá ter ou não acesso as informações e
a conhecimento.

Segue o texto do Emir Sader

http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=250

25 DE DEZEMBRO DE 2008
25/12/2008

FSM de Belém: a hora das alternativas

O Fórum Social Mundial surgiu como alternativa ao Fórum Econômico de Davos,
no auge do neoliberalismo no mundo. Primeiro houve as manifestações
anti-Davos, na Suíça, até que os movimentos de resistência ao neoliberalismo
- conforme proposta de Bernard Cassen - se propuseram a organizar um Forum
Social Mundial, antagônico ao de Davos. Porto Alegre foi escolhida como
sede, por estar na periferia do capitalismo – vitima preferencial das
políticas neoliberais -, na América Latina – onde se desenvolviam lutas
importantes de resistência, como a dos zapatistas, do MST, dos movimentos
indígenas na Bolívia e no Equador, entre muitos outros –, no Brasil, pela
importância que a esquerda brasileira passou a ter – com forças como o PT, a
CUT, o MST, entre outras – e em Porto Alegre, pelas políticas de orçamento
participativo.

Os fóruns se caracterizaram pela afirmação de que "Outro mundo é possível",
diante da tentativa do "pensamento único", do "Consenso de Washington" e do
"fim da História", de que as alternativas políticas deixariam de ter
vigência diante de um modelo, que se pretendia incontornável, de "ajustes
fiscais". A adesão de muitas forças políticas – de direita primeiro, depois
nacionalistas e social democratas – ao mesmo modelo, poderia induzir à
confirmação dessa via única.

O FSM se opunha frontalmente a essa interpretação reducionista, propondo-se
a agrupar todas as forças de oposição ao neoliberalismo – cuja abrangência
tinha sido confirmada pelas manifestações contra a OMC, começando por
Seattle e estendendo-se depois por muitas outras cidades -, intercambiar
experiências e coordenar suas lutas.

Numa primeira etapa, se tratou das lutas de resistência à "livre circulação
do capital", à ditadura da economia sobre a esfera social, ao mundo unipolar
imperial estadunidense, à devastação ambiental, ao monopólio privado da
mídia – entre tantas outras lutas. As mobilizações contra a guerra do Iraque
foram o ponto mais alto dessa etapa – mesmo se as ONGs, predominantes na
organização dos Fóruns, resistissem sempre à inclusão do tema da guerra e da
paz na agenda principal dos encontros.

As sucessivas crises neoliberais – da mexicana à argentina, passando pela
asiática, pela russa, pela brasileira – levaram ao esgotamento do modelo
neoliberal e começaram a surgir governos eleitos nessa onda – começando pelo
de Hugo Chavez, em 1988, sucedido pela impressionante sucessão de
presidentes latino-americanos - Lula, Kirchner, Tabaré, Evo, Rafael Correa,
Fernando Lugo - que expressavam a disputa pela hegemonia, que se passava a
se colocar como central na luta contra o neoliberalismo.

Os Fóruns passaram a ter que enfrentar novos dilemas: que atitude tomas
diante desses governos, que passaram a representar a avançada na luta contra
o neoliberalismo e pela construção de alternativas a esse modelo? Não
estavam preparados, porque tinha se organizado para a fase de resistência,
limitando sua ação a uma suposta "sociedade civil", excluindo a esfera
política – e, com ela, os partidos, o Estado, os governos, a estratégia.
Nesse marco, os Foruns foram girando em falso, deixando de ser o ponto mais
alto na luta anti-neoliberal, transferido para governos, de maior ou menor
ruptura com esse modelo.

O próximo Fórum, significativamente realizado na America Latina – elo mais
fraco na cadeia neoliberal – tem a possibilidade de superar esse descompasso
e redefinir sua esfera de atuação – tanto em relação a restabelecer, de
outra forma, as relações entre a esfera social e a política, única forma de
disputar uma nova hegemonia, de lutar realmente pela construção do "outro
mundo possível", como na luta contra as guerras imperiais estadunidenses.
Seu cenário latino-americano favorece a forte marca continental que deve
ter, com análise e balanço dos 10 anos transcorridos desde a eleição do
primeiro governo alternativo no continente.

Por isso, serão temas centrais no Forum de Belém, uma nova arquitetura
financeira mundial, a definição de plataformas pós-neoliberais, a construção
de processos de paz justos nos epicentros da "guerra infinita" – Iraque,
Afeganistão, Palestina, Colômbia -, o avanço na organização da imprensa
pública alternativa, os caminhos da luta por um mundo multipolar – entre
tantos outros. É o momento da construção de alternativas concretas ao
neoliberalismo – a nível mundial, regional e local. É oportunidade do Fórum
se reciclar e se colocar à altura do maior desafio que se coloca à esquerda
na entrada do novo século. A América Latina tem avançado significativamente
nessa direção. Resta ao FSM aceitar o desafio e reinsentar-se claramente na
construção do "outro mundo possível", que já começou, neste lado do mundo,
justamente onde o FSM escolheu para sua sede privilegiada.


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Everton Rodrigues
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De 24 a 27 de junho 2009
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