O texto abaixo é uma reflexão que eu gostaria de compartilhar com esta
lista para ouvir a opinião de vocês.

O blog http://news.northxsouth.com é uma iniciativa para divulgar em
inglês o trabalho feito na América Latina para o público da América do
Norte (principalmente EUA e Canada) e também o público Europeu.
Considero o debate um ponto importante para unir mais os movimentos
regionais de SL, principalmente os do Norte com os do Sul.

Ambivalência sobre software livre na América Latina

Acabei de chegar da conferência LibrePlanet 2009, onde tive a
oportunidade de conversar com alguns dos maiores defensores do software
livre. Na ocasião pude sentir suas reações ao local onde acontece a
maior implementação regional do software livre de que se tem notícia no
planeta: a América Latina. Ao mesmo tempo em que a FSF vem obtendo
extraordinários sucessos em suas campanhas – e aqui cabe mencionar o
importante papel desempenhado por Richard Stallmann como um incentivador
da adoção do software livre na América Latina, a exemplo do que
aconteceu no Equador – ainda me surpreende que até mesmo os defensores
mais “durões” do software livre se sintam frustrados quanto à falta de
uma política que incentive a sua adoção mais ampla por outros segmentos
sociais, enquanto o melhor exemplo que podemos ter é o que vem
acontecendo a anos na América Latina. O que causa mais espanto é que
apoiar o movimento do software livre na América Latina, usando-o como
exemplo de um caso de sucesso capaz de convencer outros segmentos da
sociedade a também adotá-lo,bem como buscar entender esse movimento o
suficiente para poder previnir que não seja reprimido,é algo que nem de
longe passa pela cabeça deles. Me pergunto: como é possível que tais
pessoas fiquem “rangendo dentes” e amaldiçoando as massas ignorantes por
não perceberem que os seus softwares devem ser livres, adotem uma
postura francamente ambivalente e desinteressada em relação aos exemplos
que podemos ver frutificando na América Latina?

Existem, evidentemente, algumas exceções: a conferência LibrePlanet
mostrou que estava interessada no assunto. Tanto que cedeu algum tempo
para o movimento do SL latino-americano durante as sessões ocorridas no
sábado e Richard Stallman com certeza "saca" muito do assunto e ele fala
espanhol e já trabalhou de forma incansável na América Latina para
encorajar o movimento de lá.

Convém ressaltar que o que acabo de dizer aqui não é uma opinião
isolada,só minha. As pessoas que participam do movimento de software
livre latino-americano colocam para mim essas questões todos os dias. Da
nossa parte posso garantir que,com as parcerias construidas entre NXS e
os ativistas do SL da América Latina, temos trabalhado,conspirado de
diversas formas para tornar mais visíveis para os movimentos de SL
norte-americanos e europeus os incríveis avanços conseguidos na AL.

Um amigo meu da Fundação Software Livre na América Latina acredita que
tudo se resume ao básico EUA/Euro-centrismo...Não tenho outra
alternativa senão a de concordar plenamente com ele. A idéia é que,
aosolhos da maioria das pessoas nos Estados Unidos e na Europa, a
América Latina é uma espécie de “outro planeta” e tudo o que acontece
por lá não é algo que faça parte da realidade. Ou,ao menos, do mundo
real,que é composto pelos EUA e Europa. O que eles parecem ignorar é que
a América Latina tem mais de meio bilhão de habitantes, que representam
alguns dos mais importantes mercados emergentes do mundo atualmente. Das
“top 10” maiores cidades do planeta, existem mais representantes do que
em qualquer outra região do mundo.

Independente de qualquer coisa, tive a oportunidade de falar várias
vezes sobre o movimento de SL na América Latina, durante a conferência
da FSF, bem como pude responder a dezenas de questionamentos feitos por
pessoas que me procuraram, ansiosas por informações mais detalhadas
sobre o movimento,bem como para esclarecer dúvidas que tinham a respeito
do mesmo. Ainda assim, senti por parte dessas pessoas o mesmo sentimento
de ambivalência sobre um fenômeno que, ao contrário do que muitos
imaginam,deveria dar a qualquer um que advoga o uso do software livre,
uma quantidade infinita de esperança e otimismo, no sentido de que,se
for grande o suficiente, o movimento pela sua disseminação em todo o
mundo pode causar profundas e necessárias mudanças na sociedade deste
planeta. A questão que permanece é porque este movimento é muitas vezes
ignorado fora da América Latina, quando, pelo exemplo que de lá vem, a
adoção do software livre parece ser um fator determinante das mudanças
sociais que todos nós ansiamos por ver um dia,especialmente por parte
das sociedades que se auto-intitulam mais “avançadas”.Fim da retórica!


-- 
isabela fernandes bagueros
   
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