http://www.guiadascidadesdigitais.com.br/site/pagina/especialistas-debatem-uso-do-ipad-no-governo-eletrnico
*Novo gadget da Apple poderia revolucionar a forma de oferecer serviços ao público, diz pesquisador. Mas professor espanhol afirma que ainda há muitas barreiras para o amplo uso da ferramenta tanto pelo poder público quanto pela população.* No fim de janeiro, a Apple, empresa norte-americana de tecnologia, anunciou o Ipad. Como costuma acontecer com os lançamentos da companhia presidida por Steve Jobs, houve muita expectativa sobre o formato e os usos do novo aparelho. Projetado para modificar a forma como as pessoas encaram livros, jornais e revistas, o Ipad, antes mesmo de chegar às lojas, tem suscitado discussões sobre sua utilização para além da leitura. Uma delas aborda seu uso por governos. De um lado estão os que acreditam que, caso o aparelho tenha o mesmo sucesso comercial do Ipod, dispositivo da Apple para ouvir música, ele pode ter um significativo impacto na forma pela qual o poder público se relaciona com a população. Do outro lado do debate, estão aqueles que acreditam que o novo “brinquedinho” não mudará nada. O vice-presidente da Gartner Research, empresa norte-americana de pesquisa, Andrea Di Maio, por exemplo, acredita que o Ipad pode ser um grande meio de resolver o problema da exclusão digital. Para o executivo italiano, o aparelho tem potencial de atrair para o mundo da internet sem fio pessoas atualmente desinteressadas em novas tecnologias ou mesmo ser um motivador para estudantes de países em desenvolvimento. Isso porque o Ipad possui uma interface bastante amigável e navega facilmente pela rede mundial de computadores. “Os governos que investem em mais desktops ou quadros eletrônicos talvez tenham de considerar como um aparelho como o Ipad pode transformar as experiências de ensino e aprendizado”, afirma em seu blog<http://blogs.gartner.com/andrea_dimaio>. “Ao invés de dar um cheque às crianças para que comprem um laptop, eles poderiam lhes dar um Ipad.” Em relação ao uso pela administração pública, Di Maio afirma que a nova tecnologia poderia ser utilizada em trabalhos de campo, pois é de mais fácil leitura do que um telefone celular ou palm, é capaz de acessar a internet e ainda serve como um computador propriamente dito, com grande mobilidade e duração de bateria. Maior que um celular, menor que um computador O executivo também diz que o Ipad é uma ferramenta social, que pode ser utilizada mais facilmente por famílias na hora de usar serviços de governo eletrônico como matrículas escolares. Ao invés de celulares, que são móveis, porém pequenos demais para visualização conjunta, e computadores, grandes demais e de menor mobilidade na comparação com o aparelho da Apple, pais e filhos poderiam se reunir em torno do Ipad para tomar decisões e consultar o governo. “O Ipad é mais do que uma ferramenta pessoal, é uma ferramenta social, que as pessoas vão compartilhar para determinadas atividades e será uma plataforma eficiente para engajar as pessoas no tempo e espaço nos quais elas estarão mais inclinadas a se engajar”, opina. Di Maio ainda se mostra confiante no desenvolvimento de aplicativos específicos para atividades de governo eletrônico a serem utilizados no aparelho. Assim como em muitos países estão surgindo programas para o Iphone, o italiano espera ver novidades voltadas para serviços públicos, como já acontece nos EUA por meio do concurso para criação de aplicativos para a democracia<http://www.appsfordemocracy.org/guide-to-creating-your-own-apps-for-democracy/>. Os novos softwares poderiam atrair ainda mais pessoas para o uso do governo eletrônico e assim fortalecer a democracia, defende. O professor da Escola de Direito e Ciência Política da Universidade Aberta da Califórnia Ismael Peña Lopez, entretanto, faz ressalvas sobre o otimismo do executivo. Segundo Lopez, o Ipad não será uma ferramenta atrativa para novos usuários justamente por ser uma novidade com grandes possibilidades. Por oferecer demais, de acordo com o professor, ele vai atrair justamente os mais empolgados e já envolvidos com as novas tecnologias. Além disso, o pesquisador lembra que o Ipad não foi pensado para ser uma plataforma de digitação intensa, o que pode prejudicar sua usabilidade como meio de comunicação intensiva. E há, é claro, o problema do preço, ainda muito alto para a maioria da população. A Apple fixou o preço do Ipad em US$ 499, quase mil reais. “Este ainda é um tema chave para que muitas pessoas não fiquem online e, portanto, não usem serviços de governo eletrônico. Sua importância tem diminuído e se tornado praticamente marginal nos países de alta renda, mas, enquanto um computador mais conexão em banda larga podem ser acessíveis, a adição de um segundo serviço de banda larga definitivamente não pode ser acata por muitos”, garante em seu blog <http://ictlogy.net>. Apesar de reconhecer que a interface amigável do Ipad pode facilitar o uso da internet, Lopez lembra que o uso dos serviços de governo eletrônico depende muito mais das pessoas do que das tecnologias. “As coisas podem existir, serem acessíveis, pagáveis e ter pessoas que saibam utilizá-las e mesmo assim não haver uso algum delas. Eu sinceramente duvido que o problema da (falta de) penetração do governo eletrônico seja uma questão de aparelho. É de peopleware (uso pelas pessoas)”, diz. -- Vítor Baptista Comissão Organizadora IV Encontro de Software Livre da Paraíba 6, 7, 8 e 9 de Maio de 2010 Estação Ciência, Cultura e Artes Cabo Branco João Pessoa, PB. http://www.ensol.org.br
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