Inclusão digital
Windows domina PC para Todos
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Fernando Braga
Da equipe do Correio
http://dyn5.correioweb.com.br/cbonline/informatica/sup_info_13.htm

Com um ano de atividade, o programa Computador para Todos, do governo
federal, incentivou as vendas de micros para as classes mais desfavorecidas.
Porém, uma pesquisa divulgada na última semana pela Associação Brasileira
das Empresas de Software (ABES) mostrou um revés no projeto. De acordo com o
estudo, 73% dos usuários de micros populares desinstalaram o sistema
operacional de código aberto Linux, pré-instalado nos computadores,
substituindo-o por outro pago, o Windows. No entanto, apenas 26% dessas
pessoas pagaram pelo software, que custa, em média R$ 470.

O levantamento feito pelo instituto de pesquisa Ipsos, baseado em 502
entrevistas telefônicas, ainda mostra que a mudança ocorre, em média, um mês
após a compra do equipamento. E entre os 73% dos usuários que desinstalaram
o sistema operacional, 64% afirmaram que a troca foi realizada
gratuitamente, seja por intermédio de amigos, parentes ou técnicos. Já 26%
confirmaram a compra e instalação do novo sistema operacional, uma forte
evidência de utilização de cópias ilegais.

"Na verdade, o resultado do estudo não indica que a migração tenha se dado
com software original, mas nos casos em que houve algum tipo de pagamento,
os valores declarados indicam que a solução usada provavelmente não foi uma
original", assinala o presidente da Abes, Jorge Sukarie.

"O estudo comprova o sucesso do 'Computador Para Todos' quando mostra que as
máquinas foram compradas pelo público alvo do programa e que as condições de
preço e financiamento foram o grande atrativo para compra. Foi detectada,
entretanto, uma conseqüência indesejada, que foi a troca do sistema
operacional. A pesquisa não procurou levantar as razões da troca, mas é
muito provável que o desconhecimento sobre a utilização tenha induzido o
usuário à migração, sem atentar para uma eventual irregularidade nesse
processo", afirma Sukarie.

*Pirataria*
Outra possível causa para o elevado índice de mudança pode ser entendida
pela falta de softwares compatíveis com a plataforma aberta e que compromete
a popularização do sistema do pingüim. Para um dos coordenadores do programa
de PC popular, Sérgio Rosa, o problema não está no sistema operacional
utilizado nos computadores oferecidos pelo projeto. "O Linux não é o
problema. Temos que cuidar é da pirataria no Brasil que é uma questão que
preocupa todo o país", salienta.

A instalação do sistema operacional Windows Starter Edition, versão
simplificada do Windows, da Microsoft, chegou a ser oferecida por alguns
fabricantes, como opção para quem adquirisse o Computador para Todos. No
entanto, a prática, chamada de dual boot, foi proibida pelo governo em
setembro.

"Se comercializamos o Windows Start Edition, as pessoas vão piratear de
qualquer forma. Contamos com empresas que investem em soluções de softwares
abertos e dão manutenção para os seus aplicativos. Se a Microsoft abrir o
Start Edition (código) e colocar 22 aplicativos livres, com certeza o
governo aprova", conta.

De acordo com Sérgio Rosa, o Computador para Todos já comercializou 400 mil
desktops. No entanto, mesmo com a migração de software livre para o pago o
programa tem atingido seu objetivo de aumentar a venda de micros à população
menos favorecida. Os principais incentivos se deram por meio da redução de
preços dos equipamentos e aumento do volume de financiamento. Os dados
mostram ainda que quase 70% dos entrevistados se enquadravam nas classes C e
D, enquanto 86% adquiriram seu primeiro computador.
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