O avanço do código aberto

Alejandro Chocolat - 18/09/2006

Para a maioria das pessoas o termo open source carrega uma atmosfera
de mistério, um clima de segredo preservado a sete chaves por um grupo
ou por algum gênio da informática. Mas para quem acompanha a evolução
tecnológica, o Linux é hoje um instrumento a serviço do mundo
corporativo. Esse aparente paradoxo se estabelece por conta da
seguinte dúvida: como empresas que priorizam o segredo e a segurança
podem abraçar algo como o código aberto?

Tudo é uma questão de desempenho, de resultado. O mundo corporativo
encontrou no software livre uma alternativa lucrativa e confiável ao
software proprietário. Em 2002, o Deutsche Bank Research, centro de
pesquisa do banco alemão, já listava algumas razões pelas quais as
empresas deviam aderir ao Linux, entre elas o fato de que o sistema
operacional teria atingido a mesma qualidade do Windows, a
possibilidade de utilização de outros produtos open source, redução de
custos, aumento da segurança e estabilidade.

O Japão é um dos países que abraçou o sistema operacional. Um
relatório divulgado pelo seu Ministério de Relações Internas e
Comunicações (MRIC), no ano passado, apontou que 21% das companhias do
país já utilizavam algum sistema open source e outros 22% tinham
planos de instalação. O mesmo estudo afirmava que, nos EUA, 33% das
empresas americanas haviam adotado sistemas operacionais de código
aberto.

Segundo a International Data Corporation (IDC), em 2008, o Linux
dominará 29,7% dos servidores em todo o mundo, fruto de uma taxa de
crescimento composta (CAGR) de 27,3% desde 2004. Em comparação, o
Windows terá 59,6% do mercado, com CAGR de 10,9% no mesmo período.

Para muitos, o avanço da tecnologia open source pode causar
estranheza, mas para aqueles que acompanham o desenrolar desta
revolução, vários motivos justificam o crescimento. Além dos já
citados anteriormente, a diminuição da dependência de fornecedores
proprietários e a redução de custos merecem destaque.

Essa constatação fez com que muitos governos passassem a utilizar
sistemas operacionais open source. O Brasil chegou mesmo a elaborar o
Guia de Migração para Software Livre, iniciativa do Governo Federal
para facilitar a mudança das estruturas de TI de diferentes órgãos
públicos federais, estaduais e municipais, empresas e terceiro setor.
A decisão é estratégica e faz parte de uma política que busca, além de
diminuir custos, desenvolver o conhecimento nessa área.

O setor corporativo do País compreendeu o momento de definição e
rompeu a resistência que novas tecnologias causam em segmentos
conservadores por natureza. Em uma recente pesquisa, a Fundação
Getúlio Vargas apurou que 16% das empresas brasileiras já utilizam
Linux em seus servidores.

Em última análise, a tecnologia open source não é exclusividade de
círculos acadêmicos, de comunidades ou de gênios da programação. A
autonomia que o software livre oferece por meio do código aberto é,
afinal, responsável pela sua inevitável adoção pelo mundo dos
negócios.
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