Gente,

Não aguentei ao ler o Meira pernambucano.

Olha em especail a do Sílvio Meira sobre SL nos últimos 3 parágrafos bem lá
embaixo, em artigo no G1 Tecnologia:

*- "A pirataria de software diminui. E daí?"*

Aparentemente, copia-se (ilegalmente) menos software no país. Mas a
pirataria ainda é muito mais da metade do mercado (potencial). E o futuro,
diz o que sobre licenças de software?

Dados de uma pesquisa mundial da IDC
<http://w3.bsa.org/globalstudy/>revelam que, entre 2005 e 2006, a
pirataria de software diminuiu, por aqui,
quatro pontos percentuais. Caiu de aparentemente astronômicos 64% para
potencialmente absurdos 60%, o que coloca o Brasil seis pontos percentuais
abaixo da América Latina e 25 acima da média mundial, que é de 35%. Só que
não estamos tão mal: Armênia, Moldávia, Azerbaidjão, Vietnam e Zimbábue têm
90% ou mais de seu software pirateado. Uma longa distância da Alemanha e
Suíça, que acusam meros 27% de pirataria.
Pera aí: como assim, 27% de pirataria de software da Alemanha e Suíça, dois
dos países mais educados, sofisticados, ricos e cumpridores de leis e regras
de todo mundo? Isso deveria significar (será?) que a taxa básica,
inevitável, de pirataria de software (vendido como licença de uso) é
"naturalmente" perto de 30%? Se nem os alemães e suíços, como um todo,
conseguem cumprir a regra -- neste caso, de comprar uma licença para uso --
será que é porque há uma taxa "inevitável" de pirataria de software? Este é,
certamente, um debate muito, muito quente, em qualquer lugar do mundo.

Software pirata vem sendo usado de fato, desde que começou esta história de
se vender licenças de uso (na década de 80) até como uma forma (alternativa
e publicamente condenada pelos vendedores) de disseminação de plataformas e
padrões. Em casa, ou no trabalho informal, você usa e aprende (de graça) o
software que, um dia, pago, vai usar no local de trabalho. É legal? Não. Mas
até que ponto não é útil para os produtores, como parte do processo
educacional?... Assunto complicado, até porque sua discussão pública não é
muito comum.

Vamos deixar isso de lado e usar um pouco da teoria econômica aplicada ao
assunto. Estudos realizados desde a década de 90 mostram que as variações
globais na renda (e não produto) per capita, nos variados países do mundo,
explicam mais de 80% da pirataria de software. E que o ambiente de negócios,
sua estruturação e riqueza são uma parte muito importante do processo. Por
esta ótica, seria mesmo uma surpresa 95% de pirataria na Armênia e 94% no
Azerbaidjão? O custo da cópia é zero e a perda de qualidade (se você quiser
enfrentar um mínimo de risco) é nula. Por que, neste contexto, pagar por uma
licença?...

A mesma pergunta pode ser feita na Venezuela, que enfrenta 82% de pirataria.
Ou no Brasil, com nossos impávidos 60%. Considere o cenário acima e se faça
uma pergunta adicional: que porcentagem do software para PCs, usado no país,
é brasileiro? Perto de zero. Qual o impacto que há, em Taperoá, ou sentido
por lá, em se copiar seja lá que software for, num lugar onde poucos têm
qualquer noção de produção ou de propriedade intelectual?... O "ambiente de
negócios" para produção intelectual precisa existir ao mesmo tempo em que se
queira, ou se possa, discutir ou disputar propriedade intelectual.

Mas o fato é que este ambiente e sua economia ficaram concentrados em uns
poucos países do mundo – digamos -- civilizado. Ao resto do planeta, restou
o mero consumo dos bens e serviços abstratos com os quais não há (à vista do
consumidor) nenhuma conexão. Sem falar que as campanhas contra a pirataria
muitas vezes se perdem no que se convencionou chamar de "medo, incerteza e
dúvida", o que lhes descredita quase no dia seguinte à primeira aparição na
TV.

Aí sobra uma incerteza, na cabeça de muitos, sobre o que é, ou deveria ser,
propriedade intelectual de software e seu controle e negociação. Sem isso,
não se consegue entender corretamente, por exemplo, o que é software livre. Que
não é, por sinal, uma zona onde qualquer um faz o que quer nem é, muito
menos, necessariamente grátis.

Mas a confusão -- e as preocupações dos vendedores de "licenças" -- tem data
e hora para acabar: software está se transformando em serviço e, fechado ou
aberto, será provido como eletricidade. Será informaticidade, atrás de
tomadas na parede, ou de redes sem fio, rodando em algum lugar que não
precisamos nem saber onde. Pelo qual pagaremos, se quisermos as facilidades
mais radicais... ou usaremos de graça, em troca de vermos anúncios (ou outra
forma de remuneração indireta do provedor), até que precisemos usar a coisa
de forma mais profissional.

De uma ou de outra, por bem ou por mal, os dias da pirataria de software
estão contados. Porque não haverá mais software, e sim o serviço baseado
nele...

 Silvio Meira











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