24/07/2006
Plano de inclusão digital pede R$ 12 bi

ArtEstado

Infográfico sobre o estudo

Estudo encomendado pelo governo federal propõe gasto em 5 anos e
critica a política atual e o mau uso dos recursos

Maurício Moraes e Silva

Falta uma política de inclusão digital no Brasil. Os ministérios não
conversam entre si e alguns deles, sem saber, gastam recursos para
fazer a mesma coisa. Também não existe articulação entre o poder
público, empresas e organizações não-governamentais (ONGs). Parece até
discurso da oposição, mas as críticas vêm de um estudo encomendado
pelo governo federal, no ano passado, à consultoria BDO Trevisan.

Batizado de Macro Plano de Inclusão Digital, o trabalho faz um
diagnóstico da situação atual no País e propõe um investimento de pelo
menos R$ 12 bilhões, dentro de um período de cinco anos, para ampliar
o acesso da população brasileira aos computadores. Apesar de o estudo
ter caráter confidencial, um sumário com os principais pontos está
disponível na página do Serviço Federal de Processamento de Dados
(Serpro), em http://www.serpro.gov.br/servicos/downloads/.

Os recursos seriam utilizados principalmente na informatização de 41
mil escolas públicas pela União, Estados e municípios e na construção
de 14,7 mil telecentros. O plano também defende a ampliação de ações
que privilegiem o acesso individual, como o programa Computador para
Todos e o barateamento do acesso à internet. Campanhas de utilidade
pública sobre o conceito de inclusão digital e sobre os projetos
existentes complementariam esses esforços.

Especialistas ouvidos pelo Link – alguns deles inclusive foram
entrevistados para a elaboração do documento – afirmaram que as
análises feitas pela BDO Trevisan acertaram apenas no diagnóstico dos
problemas. Eles avaliaram que as propostas feitas para corrigir as
desigualdades no Brasil nessa área estão equivocadas, porque
privilegiam idéias e conceitos totalmente ultrapassados.

Entre as críticas feitas pelo Macro Plano de Inclusão Digital está a
falta de integração entre as iniciativas. "Não há coordenação clara e
centralizada entre os diversos programas governamentais existentes,
não havendo também um alinhamento com as iniciativas dos governos
estaduais e municipais", diz um dos trechos do estudo. Na visão da
consultoria, a correção desta falha poderia levar a um melhor
aproveitamento dos recursos utilizados – volume considerado baixo em
relação ao gasto de outros países.

O documento também destaca a falta de uma política nacional de
inclusão digital e o baixo nível de cooperação entre o governo, o
setor privado e o terceiro setor. Em outro ponto, identifica que a
maioria das iniciativas prepara a população para lidar com
computadores de modo superficial. "Além da grande sobreposição de
programas de acesso coletivo sem o alcance de uma grande amplitude, há
uma carência de programas significativos de capacitação e conteúdo",
destaca outro trecho.

São propostas soluções principalmente de curto e médio prazos para
diminuir a exclusão digital no País. De acordo com a análise da BDO
Trevisan, a maior parte dos R$ 12 bilhões recomendados para um período
de cinco anos deve ser investida nas escolas públicas, por meio do
Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo). Até o ano
passado, 14,9 mil estabelecimentos de ensino contavam com laboratório
de informática.

Em 2005, foram reservados cerca de R$ 160 milhões para ações de
inclusão digital nas escolas. O valor, segundo a BDO Trevisan, deveria
ter um aumento radical. Passaria para R$ 1,7 bilhão no primeiro ano de
ação do plano, cresceria para R$ 1,8 bilhão no ano seguinte, subiria
para R$ 2 bilhões no terceiro ano, para R$ 2,1 bilhões no quarto ano e
para R$ 2,4 bilhões no quinto ano – totalizando R$ 10 bilhões. Com
isso, seria possível criar 41 mil laboratórios nas escolas e atingir,
no último ano, 89% dos alunos da rede pública.

O dinheiro viria das três esferas de governo. A União tiraria a verba
necessária do Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações (Fust) – que já conta com mais de R$ 3,5 bilhões
retidos, mas que não podem ser utilizados por impasses legais – do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do Orçamento.
Já os Estados e municípios teriam de aumentar seus gastos com educação
em 6% para atingir a meta proposta pelo estudo.

De acordo com o Macro Plano, o investimento em telecentros deveria
continuar estável pelos próximos cinco anos. Em 2005, o valor alocado
(não necessariamente gasto) ficou em R$ 404 milhões. Se mantido em
cerca de R$ 400 milhões por ano, pelos próximos cinco anos, seria
possível abrir 14,7 mil novos telecentros e garantir acesso a 80% das
pessoas que não têm computador no País.

Nesse caso, a quantia necessária – pouco mais de R$ 2 bilhões – viria
do Orçamento das três esferas. Para chegar a esse valor, União,
Estados e municípios teriam apenas de continuar a investir em
telecentros o mesmo valor reservado para 2005 durante os próximos
cinco anos.

A maior parte da verba seria usada para abertura de pontos de acesso
nos municípios com mais de 50 mil habitantes. Em segundo lugar viriam
as cidades com menor população e, em terceiro, os telecentros em zonas
rurais e localidades muito afastadas – operados em parceria com ONGs.

Para aumentar o número de micros nas residências brasileiras, as
sugestões incluem o aumento da isenção de impostos em itens como
impressoras, modems e planos de acesso discado, além de subsídios
especiais para professores. O programa Computador para Todos teria
diferentes modelos de PC e haveria campanhas de esclarecimento sobre
inclusão digital.

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