Desculpe-me Amilcar, mas temos tecnologia (no Brasil), tanto para fazer 
o hardware como todo o software da urna atual ou de uma urna melhorada. 
Em minha empresa (e em outras) somos capazes de fazer todo o projeto de 
hardware, escrever todos os softwares envolvidos (BIOS, Sistema 
Operacional, Aplicativos e Sistemas de segurança que na urna atual deixa 
muito a desejar). O problema é o gigantismo do processo e as exigências 
que o TSE faz para se participar da concorrência.

Lembrando que a urna poderia ser muito mais simples (ex: sem sistema 
operacional ou sem compatibilidade com PC) tento um projeto especifico 
para atender os objetivos básicos de uma urna eletrônica.

Amilcar Brunazo Filho wrote:

> Cara Vanessa,
>
> Agradeço a mensagem que me enviaste, expondo tuas opiniões sobre a 
> questão do voto eletrônico.
>
> Na mesma forma educada que me escreveste, opondo-te a algumas posições 
> que defendo, escrevo-te agora, para contrapor alguns de teus argumentos.
>
> Vou apresentando meus argumentos entremeados a tuas colocações.
>
> At 11:49 12/09/02 -0300, Vanessa wrote:
>
>> Considerações
>> Sou uma formanda do curso de Ciência da Computação da Faculdade de 
>> Ciências
>> da Fundação Instituto Tecnológico de Osasco.
>> Após ler sua matéria sobre a votação eletrônica tenho algumas 
>> considerações
>> a fazer.
>
>
> Vamos lá.
> Eu não sei que matéria minha estas referenciando. Eu já escrevi muitos 
> artigos sobre vários aspectos do problema. Pela amplidão do tema e 
> pelos vários ângulos possíveis de serem abordados, nenhum artigo meu 
> consegue abrange tudo.
> Se tu apenas leu um ou uns poucos artigos de minha autoria, certamente 
> algumas de minhas posições ainda não são de teu conhecimento.
> Vou procurar esclarecê-la.
>
>> É absolutamente natural que a urna eletrônica tenha ainda seus riscos e
>> deficiências. Para uma simples comparação, o velho Windows da Microsoft
>> também não pode representar risco para uma empresa com suas 
>> deficiências?
>> Por quantas vezes os sistemas do Pentágono norte-americano já foram
>> invadidos?
>
>
> Eu já pensei neste assunto, Vanessa.
> Apresentei um trabalho no simpósio SSI´2000, no ITA, onde abordo este 
> ângulo do problema.
> Veja no capítulo 5 do artigo em:
> http://www.brunazo.eng.br/voto-e/textos/SSI2000.htm
>
> Resumidamente minha opinião é que existem sistemas que demandam maior 
> nivel de segurança do que outros.
>
> Por exemplo.: os computadores que controlam uma máquina operatriz numa 
> fábrica certamente tem um nível de segurança contra falhas de 
> funcionamento (safety) bem menor que os computadores que controlam o 
> vôo de uma aeronave comercial ou militar, ou ainda os que controlam o 
> sistema de segurança de uma usina nuclear.
> Estes não podem simplesmente emitir uma mensagem "Falha Geral do 
> Sistema" e parar. Por isto o velho Windows com suas falhas não pode 
> ser e não é usado nestas situações de alto risco.
> Nestes casos, os requerimentos de segurança são muito maiores e 
> demandam alto nível de auditabilidade para se ter certeza que andam 
> dentro dos limites corretos. A tese que defendi no Ita e no concresso 
> WSEG´2001, na UFSC, é justamente que o Sistema Eleitoral informatizado 
> deve ser tratado como de "alto risco de fraude" e por isto merece 
> receber cuidados especiais de segurança e auditabilidade.
> Não se pode comparar o Sistema Eleitoral com o sistema de 
> contabilidade de uma empresa (que pode ser basedo em Windows) Se a 
> segurança contra fraude deste falhar, azar do dono. Se a segurança 
> contra fraude (de natureza interna inclusive) do sistema eleitoral 
> falhar, teremos TODOS nós que engulir governantes e legisladores 
> eleitos por fraude!!!
> Tu has de convir que são dois níveis de fraudes bem distintos.
> Por isto, o sistema eleitoral dever ser muito mais seguro que os 
> sistemas comuns. Não se pode sair por aí "testando" programas de 
> controle de vôo a abordo sem ter muito alta segurnaça de que não 
> falhar quando posto em prática já da primeira vez.
>
>> Caso os norte-americanos tivessem sido os pioneiros na votação 
>> eletrônica, o
>> que você pensaria sobre isso? Se importássemos o sistema deles 
>> estaríamos
>> mais seguros?
>
>
> Eu iria avaliar o sistema deles para verificar se era confiável ou não.
> Não importa de onde ele vem ou por que ele é feito. Sistemas 
> eleitorais devem atender a rigorosos critérios de avaliação não 
> importa a sua nacionalidade.
> Também abordei esta questão (dos critérios a serem atendidos por 
> sistema s eleiotrais) no meu artigo no Wseg´2001, em:
> http://www.brunazo.eng.br/voto-e/textos/Wseg2001.htm
>
>> Você realmente acredita que eles sejam “mais capacitados
>> tecnicamente” do que outros países? Então por que há hoje em dia uma
>> estreita relação entre ambos os países (EUA e Brasil) no que se diz 
>> respeito
>> a sistemas bancários e comerciais, nos quais, se comparados a outros
>> segmentos da tecnologia neste país, é onde há mais investimento, 
>> mesmo que
>> seja um investimento privado?
>
>
> Veja, Vanessa, nossa urna eletrônica modelo 2002. Os seus componentes 
> (hardware) internos é quase 100% fabricado no exterior. A firma que 
> monta a urna no Brasil e a fornece para o TSE é americana. O software 
> básico é correano (BIOS) e americano (Windows CE). Apenas o software 
> aplicativo (de votação) é brasileiro.
> Você acha mesmo que os demais países que dominam a tecnologia de 
> informação de forma muito mais avançada do que nós (por que não 
> fabricamos os componentes?) não estariam capacitados para informatizar 
> suas eleições?
> Certamente eles tem donínio da tecnologia eleitoral, no mínimo, igual 
> a nossa.
> E, então, por que eles, que possuem situação economica bem melhor que 
> a nossa e que fabricam os componentes, montam nossas urnas, fazem os 
> programas básicos para nossas urnas funcionar, não informatizam suas 
> próprias eleições?
> Certamente não é por incapacidade, nem técnica nem financeira.
> No artigo que apresentei no SSI´99 escrevi que "o Brasil não 
> estestamos na linha de frente no domínio desta tecnologia e sim que 
> ultrapassamos esta linha de forma imprudente e precipitada"
> Veja em:
> http://www.brunazo.eng.br/voto-e/arquivos/SSI99int.zip
>
>> Capacidade na área tecnológica nós temos de sobra. O que falta é
>> investimento por parte do governo no setor tecnológico e científico 
>> do país!
>> Assim como eu, um cientista formado por este país tem que se 
>> contentar em
>> trabalhar em setores bancários e comerciais ou então ser professor de
>> universidade ou pesquisador, pois não há quem nos forneça material e 
>> espaço
>> para desenvolver nossa tecnologia, aplicar e estender nosso 
>> conhecimento,
>> sermos cada vez mais pioneiros. Que tipo de educação é tão 
>> prioritária para
>> nossas crianças, só a básica para que apenas saibam escrever e deixem 
>> de ser
>> analfabetas? Mas por que?
>> Há muito mais além do que se pode pensar sobre isso. Esse 
>> infelizmente é um
>> problema que envolve questões de políticas externas.
>
>
> Quanto a questão de que nosso país deva desenvolver nossa própria 
> tecnologia, estamos de pleno acordo. Naquele mesmo simpósio SSI´99, há 
> três anos, encerei minha palestra com o brado:
>
> "É chegada a hora da comunidade acadêmica brasileira assumir a 
> responsabilidade de discutir a política de segurança do voto 
> eletrônico, sob pena de deixarmos para os nossos filhos um Brasil com 
> um arremedo de democracia, onde o eleitor não tem como saber em quem 
> votou e a oposição é impedida de conferir a apuração dos votos, como 
> hoje já está ocorrendo."
>
> Eu clamei para que a comunidade acadêmica despertasse para este 
> problema e desse tratos a bola para resolver a questão da 
> confiabilidade precária do nosso sistema eleitoral informatizado.
> Em 2000, novamente só eu apresentei um novo artigo no simpósio, mas a 
> partir de 2001, meu brado começou a surtir efeito. O Evandro Oliveira 
> apresentou um artigo de descrição de caso de auditoria infrutífera nas 
> urnas-E no Wseg 2001 e no SSI´2001 apareceram dois outros trabalhos 
> sobre o tema. Neste ano, no SSI´2002 a participação acadêmica continua 
> crescendo e eu me sinto muito realizado por ter conseguido despertar o 
> interesse desta comunidade.
>
>> Será que nossos
>> “queridos” norte-americanos gostariam que tivéssemos autonomia 
>> científica e
>> tecnológica? É justamente por isso que estamos nessa situação.
>
>
> Já falei que autonomia não temos. Não sabemos fabricar os componentes 
> nem fazer o software básico.
> A informatização do nosso sistema eleitoral foi financiado (546 
> milhões de dolares) pelo BID (leia-se EUA) que tinha planos de abrir o 
> mesmo tipo de financiamento para todos os países da America Latina.
> Por que você acha que eles estavam tão interessados em que 
> informatizassemos nossas eleições com este sistema de programas secretos?
> Por que não implantaram sistema semelhante lá na terra deles?
>
>> É justamente por isso que quando desenvolvemos algo interessante, 
>> sempre tem
>> alguém que desconfia do que foi feito e o que é pior: joga areia em 
>> cima.
>> Temos que mudar essa ideologia de colônia que temos ainda hoje. 
>> Ninguém é
>> melhor do que nós desde que não permitamos isso.
>
>
> Sinceramente, eu não entendo que estejamos "jogando areia em cima" . 
> Como descrevi anteriormente, temos dados boas contribuições ao 
> aperfeiçoamento do sistema. Nunca, eu me declarei contra a 
> informatização do voto. Sempre clamei pelo aperfeiçoamento do sistema, 
> pois, Vanessa, o assunto que estamos abordando aqui é: Para onde vai o 
> MEU voto?
>
> É o MEU voto que vêm sendo virtualizado e manipulado por programas 
> secretos feitos pela agência oficial de arapongagem brasileira, de 
> triste histórico relativo a intervenção espúria em processos 
> eleitorais anteriores.
>
> Eu, eleitor, não aceito isso. Não aceito que o MEU voto seja escondido 
> de mim e que a fiscalização do sistema eleitoral seja impedida com 
> argumento de que eles, os responsáveis por este obscurantismos, são 
> todos intrincicamente honestos e 100% eficientes contra fraudes.
>
> Sabias que estes "eficientes" projetistas de nossas urnas, até 2000, 
> colocavam lacres nas portas traseiras das urnas para impedir a remoção 
> e troca de suas memórias, mas "esqueciam" de colocar lacres nas portas 
> da frente, de forma que era perfeitamente possível abrir as urnas 
> trocar as suas memórias e programas por outros, e fechá-las sem romper 
> os lacres "de segurança"?
> Tu achas acha que este foi apenas um "errinho" de projeto?
>
>> Não existem sistemas ideais, no mundo. Todos são falhos, todos têm 
>> brechas
>> para os riscos. A diferença é que os outros lá fora tem estímulo e 
>> condições
>> de tempo e espaço para os aprimorar sem que, em suas primeiras 
>> versões sejam
>> totalmente repugnados e desacreditados pelas pessoas.
>> Quem garante que uma ou várias urnas de votos em papel não possam ser
>> trocadas antes da apuração?
>
>
> Ningúem garante. Os votos em papel podem ser trocados, assim como 
> também podem ser trocados os votos virtuais.
>
>> Quem garante que as pessoas da apuração não possam ser compradas?
>
>
> Ninguém garante. Elas podem ser compradas da mesma forma que os 
> programadores das urnas també podem. Com o agravante que a apuração do 
> voto em papel é feita sob fiscalização (que muitas vezes falha) mas os 
> programadores do sistema eleitoral estão acorbertados pelo manto do 
> sigiloe os programas (inclusive os de 2002) nunca foram fiscalizados 
> ou auditados com o devido cuidado.
> Quem voce acha mais facil corromper? O Apurador do voto impresso que 
> deve fazer seu trabalho sob os olhos dos fiscais ou os programadores 
> do sistema que trabalham sem fiscalização plena?
>
> Nós nunca propugnamos acabar com o voto eletrônico, e sim sempre 
> pedidos transparência e auditabiliade do processo eletrônico.
>
>> Qual é a vantagem que o voto em papel leva sobre o
>> voto eletrônico? Ou estão em pé de igualdade ou realmente a urna 
>> eletrônica
>> positivamente tem mais a nos oferecer.
>
>
> O voto impresso pela urna tem a vantagem de ser FÍSICO e auditável.
> O voto eletrônico tem a vantagem de ser acabar com muitas fraudes 
> antigas, mas é suscetível de fruades modernas.
>
> O que sempre propusemos é que se utilize os dois métodos simultamente 
> para que um controle a fraude do outro. O voto ganha duas versões o 
> impresso e o virtual. Os dois resultados são apurados e assim se pode 
> determinar se algum deles foi fraudado.
>
> Um atacante do sistema para ter sucesso teria que trocar os programas 
> das urnas antes da eleição e depois da eleição trocar os votos 
> impressos nas mesmas proporções exatas . Quase impossível de dar certo 
> um ataque deste.
>
>> O que não pode-se fazer é exercer domínio sobre a corrupção humana e 
>> contra
>> ela. Não pode-se impedir que pessoas sejam compradas, não pode-se 
>> impedir
>> que urnas sejam trocadas, mas isso não é um problema do sistema, da 
>> urna. É
>> um problema cultural, um problema político, de interesses. E, por 
>> enquanto,
>> a ciência não pode contornar esses problemas.
>> Pensemos positivamente e não deixemos que os interesses externos ao 
>> nosso
>> país invadam e retardem nosso desenvolvimento. Desconfiemos mais 
>> sobre o que
>> é falado por aí e critiquemos mais sobre isso. Estudemos mais os 
>> diversos
>> fatores que nos circundam dia-a-dia (político, econômico, social, etc) e
>> assim as chances de chegarmos a conclusões precipitadas será bem menor.
>
>
> Não é outra a minha proposta.
>
> ______________________________________________________________
> O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu
> autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao
> representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E
>
> O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas
> eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos
> sistemas de assinatura digital e infraestrutura de chaves publicas.
> __________________________________________________
> Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico
> http://www.votoseguro.org
> __________________________________________________
>
>


______________________________________________________________
O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu
autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao
representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E

O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas
eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos
sistemas de assinatura digital e infraestrutura de chaves publicas.
__________________________________________________
Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico
        http://www.votoseguro.org
__________________________________________________

Responder a