Villas Boas Correa acerta na mosca. IMPERDIVEL!!!!!!!!!

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Enterro-dos-ossos 

Serenada a justa e delirante euforia nacional com a eleição de Luiz Inácio 
Lula da Silva, com os recordistas 52.793.261 sufrágios, 61,27% dos votos 
válidos no segundo turno, e passando para a segunda etapa mais tranqüila do 
exemplar modelo inédito de transição da despedida do presidente Fernando 
Henrique Cardoso, creio que é oportuno, sem travo de mesquinharia, iniciar a 
análise de alguns aspectos do processo eleitoral, com os devidos reparos que 
antecipem o necessário debate sobre as correções. 
A foto, que vale por todas as palavras, do presidente do Tribunal Superior 
Eleitoral (TSE), ministro Nelson Jobim, às gargalhadas, exibindo todos os 
dentes, no flagrante da explosão de alegria com a rapidez da apuração, que 
coroa a normalidade domingueira da eleição, com a abstenção de 20,47%, 
ilustra a entrevista em que solta foguetes na comemoração do sucesso pessoal. 

O ministro tem lá suas razões. Recebeu telefonemas de elogios do presidente 
em fim de mandato e do eleito, além de outras dezenas, centenas da turma de 
sempre. Mas a Justiça Eleitoral não passou no teste sem errar em decisões 
fundamentais. A verticalização imposta pelo TSE resultou numa mixórdia 
partidária, com as mais extravagantes e absurdas alianças estaduais, que se 
refletem na eleição de bancadas infiltradas de pára-quedistas. 

Claro, toda a legislação eleitoral necessita de urgente escovadela na 
prioritária reforma política, incluída na lista de Lula para o primeiro ano 
de mandato. Mais grave, de aflitiva pressa, a discussão sobre a 
confiabilidade das urnas eletrônicas. O presidente do TSE rejubila-se com a 
velocidade da votação na maioria das seções e recomenda a mezinha homeopática 
de aumentar o número de seções para evitar as filas quilométricas de horas de 
espera do primeiro turno. Um drible para desviar o assunto que realmente 
interessa e preocupa. E que se denuncia na gritante evidência de que a 
infalibilidade das geringonças eletrônicas é um dogma acima de desconfianças, 
mas que não resiste à cobrança de provas. O que se temia aconteceu em muitos 
exemplos. 

Eleições de governadores decididas no sobe-e-desce das últimas apurações por 
diferenças ínfimas, até abaixo de um ponto percentual, levantam justos e 
indignados protestos, com o anúncio de recursos. É o caso do Distrito 
Federal, com a reeleição do notório governador Joaquim Roriz por 1%. E do 
Ceará, em que cerca de 3 mil votos decretaram a vitória de Lúcio Alcântara. 
Não há como recontar votos digitalizados. Ou se confia, com a unção de 
devotos, na infalibilidade dos resultados ou a única solução é repetir a 
eleição, correndo o risco de novo empate virtual. As urnas eletrônicas estão 
sob suspeita. Até a próxima eleição reclamam os exames técnicos que 
restabeleçam a confiança da sociedade e afastem as suspeitas que rondam 
resultados controversos. 

Na mesma toada, além de acertos consensuais, como a mudança de 1º de janeiro, 
a mais inconveniente e insensata das datas para a posse do presidente, 
governadores e prefeitos, os remendos constitucionais, impostos pelo bom 
senso, necessitam rever o escalonamento das eleições, evitando a maluqueira 
do pacote de seis votos simultâneos, que confundem o eleitor na barafunda de 
escolhas de candidatos nacionais, estaduais e municipais. A racionalidade 
aconselha separar os três níveis: presidente e vice-presidente com a 
renovação dos mandatos de senadores e deputados; governadores juntamente com 
os deputados estaduais; e prefeitos e vereadores na mesma rodada de urna. 

Entra pelas olhos e pelos ouvidos a inadiável varredura no privilégio 
milionário do horário de propaganda eleitoral. A cada eleição acentua-se a 
sua caricata distorção. Chegamos ao limite do desatino, com a virtual 
substituição dos candidatos pelos seus marqueteiros. Francamente, virou um 
circo. Desde o desfile constrangedor de candidatos a deputado federal e 
estadual, aos gritos histéricos de frases curtas, ao luxo dos programas dos 
presidenciáveis, com os recursos de novelas e truques de anúncios comerciais. 
Se o horário eleitoral é uma conquista democrática, impõe-se a seriedade de 
normas que estabeleçam os limites entre a palhaçada, o ridículo e a exposição 
de propostas, as definições, o debate livre entre os candidatos. 

Por falar em debates, os de iniciativa das redes de televisão merecem a 
critica isenta para a reforma do modelo. Com a volta dos debates para valer, 
com tempo para perguntas e respostas. 

Exigir do candidato a proeza de, em dois minutos, expor as suas soluções para 
problemas da complexidade da crise de segurança, do desemprego, da 
desigualdade social, da amaldiçoada discriminação de renda, da educação, do 
meio ambiente - pobre coitado esquecido nas campanhas dos dois turnos - é 
equiparar a campanha presidencial aos testes de múltipla escolha da 
simplificação dos exames escolares. 

[EMAIL PROTECTED]  
[30/OUT/2002]
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Enterro-dos-ossos

Serenada a justa e delirante euforia nacional com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, com os recordistas 52.793.261 sufrágios, 61,27% dos votos válidos no segundo turno, e passando para a segunda etapa mais tranqüila do exemplar modelo inédito de transição da despedida do presidente Fernando Henrique Cardoso, creio que é oportuno, sem travo de mesquinharia, iniciar a análise de alguns aspectos do processo eleitoral, com os devidos reparos que antecipem o necessário debate sobre as correções.

A foto, que vale por todas as palavras, do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Nelson Jobim, às gargalhadas, exibindo todos os dentes, no flagrante da explosão de alegria com a rapidez da apuração, que coroa a normalidade domingueira da eleição, com a abstenção de 20,47%, ilustra a entrevista em que solta foguetes na comemoração do sucesso pessoal.

O ministro tem lá suas razões. Recebeu telefonemas de elogios do presidente em fim de mandato e do eleito, além de outras dezenas, centenas da turma de sempre. Mas a Justiça Eleitoral não passou no teste sem errar em decisões fundamentais. A verticalização imposta pelo TSE resultou numa mixórdia partidária, com as mais extravagantes e absurdas alianças estaduais, que se refletem na eleição de bancadas infiltradas de pára-quedistas.

Claro, toda a legislação eleitoral necessita de urgente escovadela na prioritária reforma política, incluída na lista de Lula para o primeiro ano de mandato. Mais grave, de aflitiva pressa, a discussão sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. O presidente do TSE rejubila-se com a velocidade da votação na maioria das seções e recomenda a mezinha homeopática de aumentar o número de seções para evitar as filas quilométricas de horas de espera do primeiro turno. Um drible para desviar o assunto que realmente interessa e preocupa. E que se denuncia na gritante evidência de que a infalibilidade das geringonças eletrônicas é um dogma acima de desconfianças, mas que não resiste à cobrança de provas. O que se temia aconteceu em muitos exemplos.

Eleições de governadores decididas no sobe-e-desce das últimas apurações por diferenças ínfimas, até abaixo de um ponto percentual, levantam justos e indignados protestos, com o anúncio de recursos. É o caso do Distrito Federal, com a reeleição do notório governador Joaquim Roriz por 1%. E do Ceará, em que cerca de 3 mil votos decretaram a vitória de Lúcio Alcântara. Não há como recontar votos digitalizados. Ou se confia, com a unção de devotos, na infalibilidade dos resultados ou a única solução é repetir a eleição, correndo o risco de novo empate virtual. As urnas eletrônicas estão sob suspeita. Até a próxima eleição reclamam os exames técnicos que restabeleçam a confiança da sociedade e afastem as suspeitas que rondam resultados controversos.

Na mesma toada, além de acertos consensuais, como a mudança de 1º de janeiro, a mais inconveniente e insensata das datas para a posse do presidente, governadores e prefeitos, os remendos constitucionais, impostos pelo bom senso, necessitam rever o escalonamento das eleições, evitando a maluqueira do pacote de seis votos simultâneos, que confundem o eleitor na barafunda de escolhas de candidatos nacionais, estaduais e municipais. A racionalidade aconselha separar os três níveis: presidente e vice-presidente com a renovação dos mandatos de senadores e deputados; governadores juntamente com os deputados estaduais; e prefeitos e vereadores na mesma rodada de urna.

Entra pelas olhos e pelos ouvidos a inadiável varredura no privilégio milionário do horário de propaganda eleitoral. A cada eleição acentua-se a sua caricata distorção. Chegamos ao limite do desatino, com a virtual substituição dos candidatos pelos seus marqueteiros. Francamente, virou um circo. Desde o desfile constrangedor de candidatos a deputado federal e estadual, aos gritos histéricos de frases curtas, ao luxo dos programas dos presidenciáveis, com os recursos de novelas e truques de anúncios comerciais. Se o horário eleitoral é uma conquista democrática, impõe-se a seriedade de normas que estabeleçam os limites entre a palhaçada, o ridículo e a exposição de propostas, as definições, o debate livre entre os candidatos.

Por falar em debates, os de iniciativa das redes de televisão merecem a critica isenta para a reforma do modelo. Com a volta dos debates para valer, com tempo para perguntas e respostas.

Exigir do candidato a proeza de, em dois minutos, expor as suas soluções para problemas da complexidade da crise de segurança, do desemprego, da desigualdade social, da amaldiçoada discriminação de renda, da educação, do meio ambiente - pobre coitado esquecido nas campanhas dos dois turnos - é equiparar a campanha presidencial aos testes de múltipla escolha da simplificação dos exames escolares.

[30/OUT/2002]

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