Olá,
(mensagem longa)

O PSB enviou representantes para assistirem a carga dos programas das urnas 
aqui na cidade de Santos.
Os representantes eram o adv. Eder Santana de Oliveira, presidente do 
diretório municipal do PSB, o Luiz Ezildo Silva, secretário do mesmo 
diretório, e eu, Eng. Amilcar Brunazo Filho.
Comparecemos às Zonas Eleitorais 118 e 272 onde testamos uma urna carregada 
em cada zona.
Encontramos aqui em Santos os mesmos problemas que haviamos detectado nas 
urnas do Rio de Janeiro, ou seja, o programa de AUDITORIA  das urnas não 
consegue apresentar os nomes e fotos de uma porção candidatos a deputado, 
quando acionada a sua função 4 (apresentar lista de candidatos).
Houve boa cobertura da imprensa escrita local. Acredito que saia alguma 
coisa nos jornais de hoje.

ATENÇÃO: estou falando do programa auditoria das urnas e não do programa de 
votação e apuração, o qual não pode ser testado previamente pois só 
funciona no dia da eleição. Por este motivo, existe o programa de auditoria 
que tem a função de atestar a integridade de todos os dados e programas 
contidos nas urnas eletrônicas, inclusive de si próprio. O programa de 
auditoria é o único que pode ser efetivamente "rodado" ou testado nas 
urnas, pelos fiscais dos partidos.

Hoje, dia 26, iremos comparecer à Zona 273, às 8h, para confirmar se o 
problema ocorre lá também.

A problema aqui em Santos, na verdade deve ocorrer o mesmo em todo estado 
de São Paulo, está um tanto mais grave que no Rio, pois aqui não apareciam 
NENHUM CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL e tambem faltavam os candidatos a 
federal dos partidos 56, 65 e 70.

Analisando os casos que já tive conhecimento, de Roraima e Piauí onde o 
problema não foi encontrado, com os dois casos que presenciei , Rio e SP, 
já dá para ter uma boa idéia do que causou todo este problema.

O programa de auditoria das urnas tem uma limitação de memória que 
estabelece a quantidade de linhas que ele consegue ler do banco de dados 
dos candidatos.
Quando a quantidade de candidatos do estado é pequena, ele lê tudo e não 
apresenta o problema. Quando a lista é grande, como no Rio e em SP, o 
programa de auditoria trunca a leitura no meio e não apresenta a lista 
completa.

No Rio, o truncamento ocorre depois de lidos, pela ordem, os nomes dos 
candidatos a presidente, governador, senador, deputado federal  de todos os 
partidos e os deputados estaduais dos partidos 11 e 12.

Em SP, como a lista de candidatos é ainda um pouco maior que a do Rio, o 
truncamento ocorre um pouco antes, no meio da lista de candidatos a dep. 
federal, deixando de ler os nomes dos candidatos dos partidos 56, 65 e 70, 
além de não encontrar nenhum candidato a dep. estadual.

Como antecipara o Lut, na lista do Voto-e, acredito que o problema deva 
ocorrer também no estado de Minas Gerais. Precisa-se verificar a lista de 
candidatos por estado (que deve ter na página do TSE) para se verificar 
quais são os estados com maior número de candidatos e descobrir em quais o 
problema irá aparecer.

Este tipo de problema é causado por três erros de programação muito 
corriqueiros:

1- A área de memória reservada para receber os dados foi mal dimensionada 
no programa fonte.
2- Falta de teste dos programas pelo TSE.
3- Falta de auditoria adequada, pelos partidos políticos, nos programas 
apresentados para seu conhecimento.

Para resolver a primeira causa bastaria mudar um ou dois números nas 
diretrizes de compilação, contidas no início do programa fonte, que 
estabelece o tamanho desta área de dados, reservando área maior, e 
recompilar o programa que o problema seria corrigido.

Para resolver a segunda causa do problema, os técnicos da secretaria de 
informática do TSE teriam que diminuir seu nivel de arrogância e 
auto-suficiência e passar a dar ouvidos às sugestões dos auditores externos 
que tem capacidade de avaliação.

Em agosto de 2000 (eu disse 2000 e não 2002) o PDT havia apresentado a 
sugestão ao TSE de se criar uma forma de auditoria nas urnas prontas para 
que os partidos pudessem conferir se os programas carregados nestas seriam 
mesmos os originais. A secretaria de informática do TSE rejeitou a proposta 
recorrendo até a mentiras ditas em relatórios oficiais, para convencer os 
juizes do TSE de que isto era impossível.

Em maio deste ano, 2002, a Unicamp, em seu conhecido relatório, apontou o 
mesmo problema a sugeriu medida semelhante a do PDT. Em junho de 2002, o 
PDT voltou a repetir formalmente a mesma sugestão à secretaria de 
informatica do TSE que decidiu ignorar todos estas sugestões de auditores 
independentes e em agosto de 2002 apresentou os programas do sistema 
eleitoral sem que houvesse uma forma de auditoria que permitisse aos 
fiscais dos partidos conferir a carga das urnas.

Diante de nova impugnação apresentada pelo PDT em agosto de 2002 (agora é 
2002 mesmo), a secretaria de informática do TSE decidiu finalmente criar 
este programa de "auditoria" que ganhou o nome de VAUDIT.EXE para as urnas 
modelo 96, 98 e 2000 e WAUDIT.EXE para as urnas modelo 2002. Com a pressa 
de resolver a questão em poucos dias, os programas foram feitos e nem foram 
testados com os banco de dados de tamanhos críticos. O problema passou, 
assim, despercebido pelos próprios programadores. Ressalte-se que a 
apresentação de testes "exaustivos" sobre o sistema foi uma das alegações 
para o TSE fazer nova apresentação de programas aos partidos em Setembro.

A terceira causa que levou às urnas receberem um programa de auditoria com 
defeito é o baixo nível de exigência feito pelos técnicos que assistem a 
apresentação dos programas. De forma geral eles aceitam e VALIDAM tudo que 
lhes é mostrado mesmo quando não conseguem avaliar o dados de forma 
adequada (por falta de tempo ou de recursos técnicos disponíveis).

Neste ano de 2002, os representantes técnicos presentes à apresentação dos 
programas em setembro, no TSE (e que assinaram o lacre dos programas fontes 
e compilados) eram:

1- Amilcar Brunazo Filho, do PDT
2- Paulo Lindenberg, do PSDB
3- Moacyr Casagrande, do PT
4- Ricardo Custódio, da SBC e UFSC
5- Jeroen Van Der Graaf, da SBC e UFMG
Obs.: o PSTU enviou advogados e não representantes técnicos.

Apenas o PDT e o PSTU apresentaram impugnação aos programas do sistema 
eleitoral por que a forna de auditoria que nos foi permitida não era 
adequada para surtir efeito. O PDT e o PSTU apresentaram impugnaçao pelos 
seguintes motivos:

1- o código fonte do programa VirtuOS, que opera em mais de 350 mil urnas 
eletrônicas, não esteve disponivel para análise dos partidos. Do PDT foi 
cobrado R$ 250 mil para que este código pudesse ser visto durante 3 dias. 
Nenhum partido aceitou pagar este valor e, por consequência, nenhum partido 
analisou ou auditou o seu código.

2- o código do VirtuOS estava pronto e não foi compilado na presença dos 
fiscais, de forma que estes não tinham como se assegurar de sua origem e 
integridade.

3- os programas de auditoria das urnas, VAUDIT.EXE e WAUDIT.EXE, não 
permitiam uma forma adequada de conferência dos programas carregados nas 
urnas eletrônicas pois cria um círculo vicioso de auto-autenticação (ele 
endossa a prórpia assinatura). Este é um furo lógico na segurança do sistema.

4- o prazo de cinco dias concedido aos partidos para avaliar o sistema, é 
insuficiente para uma avaliação adequada o que resultou que NENHUMTÉCNICO 
PRESENTE ANALISOU SEQUER 1% DOS DADOS DISPONÍVEIS.

O defeito encontrado agora no programa de auditoria das urnas é a PROVA QUE 
OS PROGRAMAS NÃO FORAM AUDITADOS DE FORMA ADEQUADA. Lembre-se que este 
programa de auditoria é aquele que informaria ao fiscal que todos os demais 
dados e programas das urnas, inclusive o de apuração dos votos, estariam 
integros e corretos!

Todos os demais técnicos presentes à apresentação dos programas no TSE 
optaram por não se manifestar publicamente sobre o fato de que o sistema 
não tinha sido auditado de forma correta e acabaram por dar seu aval 
público ao sistema.

Por isto, entendo que esta caso do programa de auditoria com erros nas 
urnas eletrônicas expõe toda as falhas no processo de produção e auditoria 
dos programas de computador do sistema eleitoral brasileiro. O sistema é 
feito às pressas  e a auditoria é deficiente.... e nós, eleitores, vamos 
ter que confiar a apuração de nossos votos a estas máquinas 
"mal-programadas", que não permitem conferência nem recontagem dos votos!!!

Vote quem quiser, eu não aceito votar num sistema deste.


[]s ,
     Amilcar

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