TEMA EM DISCUSSÃO: PODER JUDICIÁRIO

13/03/2003

Prestar contas

A proposta de criação de alguma forma de controle externo sempre enfrentou resistências de alguns setores dentro do Poder Judiciário, dominados por um forte espírito corporativista. No entanto, as recentes e surpreendentemente duras declarações do ministro Nelson Jobim, do Supremo Tribunal Federal, fazem pensar que pode ter chegado o momento oportuno para essa mudança.

Segundo Jobim, a Justiça precisa concentrar-se na resolução de conflitos, que é a sua missão, reconhecendo sua “absoluta incapacidade administrativa e gerencial”. É o mesmo que dizer que o Judiciário não pode ter absoluta autonomia administrativa — como defendem os que propõem o controle externo.

Naturalmente, não se trata de ingerência em decisões jurídicas, mas simplesmente de estabelecer um processo pelo qual o Poder Judiciário terá de cumprir o que já deveria ser sua saudável obrigação: prestar contas à sociedade. Jobim observa que hoje sequer se sabe o custo de uma sentença ou um acórdão — o que obviamente torna estéril qualquer discussão sobre o tão necessário barateamento da Justiça.

Esse tipo de autocrítica indica que está na hora de agilizar a tramitação do projeto de reforma que se encontra parado no Congresso. Nada têm a temer os juízes. Pelo contrário, sem que a Justiça perca independência, esse controle administrativo, assim como a busca de maior agilidade e transparência dos procedimentos do Judiciário — o que exige também a criação de um controle interno — só ajudarão a recuperar credibilidade, tão escassa ultimamente.

Jornal: O GLOBO

Autor:  

Editoria: Opinião

Tamanho: 257 palavras

Edição: 1

Página: 6

Coluna:

Seção:

Caderno: Primeiro Caderno

 



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