aPrezado Valter,

Achei muito própria sua mensagem ao "ingênuo" que desconfio muito não ser
nada ingênuo.
Só gostaria de deixar mais claro esta associação Getúlio-Sadam, pois outros
"ingênuos" ou ingênuos podem ler esta mensagem e disvirtuar a coisa.

Primeiramente, Getúlio não chegou ao poder pelas mãos dos americanos, ao
contrário: contrariou os mais escusos interesses do Tio Sam aqui em nosso
país e deu um tiro no peito 15 dias após a Petrobrás ter começado a
funcionar.
Esta história de que Getúlio oprimia o povo, mandava prender e mandava matar
é muito igual a que dizem de Sadam. Quanto a Vargas, José Augusto Ribeiro
nos esclarece muito bem em a Era Vargas. Já quanto ao mandatário supremo do
Iraque, não duvido, mas também não dou muita fé.

No geral, acredito que Getúlio Vargas deveria ser reverenciado neste fórum
que defende o voto de verdade, pois foi ele quem o instituiu no Brasil. Até
mesmo para que os verdadeiros ingênuos possam avaliar, com a máxima isenção
possível, o que representou de avanços a Era Vargas para o nosso país  e se
descolarem do maniqueismo roliudiano do super-homem perfeito que tudo pode,
tudo faz, para o bem geral do mundo.

Valeu,

Leonardo Zumpichiatti


----- Original Message -----
From: Walter Del Picchia <[EMAIL PROTECTED]>
To: Lista Voto-Eletronico <[EMAIL PROTECTED]>
Sent: Friday, April 04, 2003 4:32 AM
Subject: [VotoEletronico] RELATO DE UM INGÊNUO-COMENTÁRIOS


>
> COMENTÁRIOS SOBRE O RELATO DE UM INGÊNUO (ver abaixo)
>
>
>   Como vários ingênuos podem levar a sério o relato do outro ingênuo, eu,
um
> pouco menos ingênuo, aproveito a oportunidade para fazer alguns
comentários
> ingênuos.
>
>
>   1. Como democrata, não tenho nenhuma simpatia pelo Saddam, amigo do
peito
> dos EUA e do Rumsfield até outro dia. Nem pelos inúmeros regimes
> ditatoriais/sanguinários sustentados no passado e no presente pelos
> inventores das matanças humanitárias com bombas de fragmentação de
precisão
> (assim as crianças morrem desmembradas mas felizes com tanta tecnologia
> envolvida..). Saddam é sanguinário? Pelas informações que nos passam, é.
Mas
> isso não é motivo para o bushitler esforçar-se em ser mais sanguinário que
> ele. Para invadir terra alheia, causando enorme destruição, desprezando a
> ONU, o Papa e a opinião pública mundial. Para praticar terrorismo
> institucional com bombardeios ferozes contra alvos civis, enquanto promete
o
> contrário. Para causar tanto sofrimento ao povo iraqueano, em sua própria
> terra.
>
>   2. O autor do texto "Relato de um ingênuo" mostra-se não só ingênuo como
> vesgo político: só queria protestar contra os governos! Nenhuma procupação
> com as mortes que viriam? (Os EUA sempre começam com alvos militares e
logo
> degeneram para matança de civis). Ainda, ele não percebeu que o que está
em
> jogo não é o regime de Saddam nem das demais ditaduras, mas a proposta
> iníqua de uma nova ordem internacional baseada na força, nos interesses
> econômicos, na destruição, no derramamento de sangue, na mutilação e morte
> de não beligerantes indefesos, mulheres, crianças, idosos? Que qualquer
> maluco na Casa Branca agora pode bombardear/invadir qualquer país
> preventivamente ao seu bel prazer? Que o Iraque é o começo, pois abre um
> precedente ilegal perigoso? É a lei da selva, agora com armas nucleares,
> biológicas e químicas.
>
>   3. Ele disse que mudou de "maneira drástica" (significa que agora ele
acha
> que o bushitler et caterva são bem intencionados e menos sanguinários?).
> Isso, a partir de um só depoimento de pessoa totalmente desconhecida, é
> burrice (Se alguém me perguntasse no tempo do regime militar o que eu
> achava, ia ouvir sobre atrocidades várias; de outras pessoas poderia ouvir
> elogios de atos que eu também poderia elogiar. De qualquer modo, eu nunca
> defenderia uma ocupação estrangeira no Brasil para livrar-nos da
ditadura).
> Agora, se em lugar do taxista, ele falasse com um árabe que conheço e que
> morou lá, ouviria elogios às boas ações para a população e que o
populista
> Saddam era bem capaz de ganhar eleições, mesmo sem fraude (A impressão que
> fiquei foi a de um déspota parecido com o Getúlio-ditador, populista, pai
> dos pobres e autor de leis de proteção aos trabalhadores, enquanto seu
chefe
> de polícia matava e cometia atrocidades nas masmorras contra os inimigos
> políticos).
>
>   4. Esquisita a crença do taxista que iriam bombardear sem mortes de
civís
> (Só isso, já dá para desconfiar de todo o texto). Ele nunca viu uma
guerra?
> Não viu o Afeganistão ser bombardeado intensivamente mesmo depois de
> destruídos todos os poucos alvos militares (A indústria armamentista
> agradece...)? Será que agora, depois de tantas atrocidades dos
"libertadores
> humanistas" o taxista caiu em si? Será que ainda está vivo? Não será um
dos
> que morreu queimado esses dias nos autos que passavam perto do orfanato
> bombardeado em Bagdá? Não será um dos motoristas ou ocupantes dos veículos
> metralhados nas barreiras dos "benfeitores"? Não terá sido morto ao
> protestar por estarem apalpando sua mulher ao revistá-la (ato
profundamente
> ofensivo aos costumes locais)?. Ou estaria no auto civil que fugia dos
> combates e foi alvejado com um míssil de helicóptero, matando 15 ocupantes
> (6 crianças)? Ou será um daqueles que pegou em armas para defender sua
terra
> de uma invasão estrangeira, apesar do Saddam?
>
>   5. Qualquer um com meio cérebro quer a queda do Saddam (e de todos os
> déspotas cruéis, mesmo amigos dos EUA), mas será necessário o cérebro
> inteiro para lamentar tantas mortes e mutilações desumanas, apenas para
> atender interesses claramente confessados da indústria armamentista, das
> empresas petrolíferas, das empresas de construção civíl, da economia dos
> EUA, da manutenção de seu enorme gasto e desperdício de energia, da
> construção do império (com a decisão e imposição unilaterais, daqui para a
> frente, do que é bom para qualquer habitante do planeta). Fora os
interesses
> particulares dos ocupantes da Casa Branca.  Só o cérebro inteiro percebe
que
> as razões dessa agressão ilegal nada tem a ver com a atuação do Saddam ou
> com a posse de armas proibidas; isto sempre foi um pretexto para a
invasão,
> já decidida há muito, enquanto bushitler enganava o mundo parecendo ter
> aceito as inspeções. Se as armas nucleares, biológicas e químicas devem
ser
> proibidas para os outros, por que os EUA não dão o exemplo? Por que
> desenvolvem e mantém enorme estoque delas todas? E pior, manifestaram a
> intenção de utilizá-las!! (Já estão usando armas radioativas, gases
> paralizantes e há denúncias de virus e germens jogados sobre as plantações
> iraqueanas há muito). Eles podem?
>
>   6. Quanto às fotografias, prefiro as cansativas fotos do Saddam por 20
> anos, do que as fotos de crianças estraçalhadas pelas bombas salvadoras,
uma
> só vez que seja.
>
>   Abraços ingênuos e indignados
>
>   Walter Del Picchia
>
> ===============================================
> From:  "Fabio Zugman" <[EMAIL PROTECTED]>
> To:  [EMAIL PROTECTED]
> Reply-To:  [EMAIL PROTECTED]
> Sender:  [EMAIL PROTECTED]
> Date:  03 abr 2003, 02:20:38
> Subject:  [VotoEletronico] FC: Fw: Relato de um ingênuo
>
>  -----------------------------------------------------------------------
> >Relato de um ingênuo
> >
> >Por Daniel Pepper* - Eu quis juntar-me aos escudos humanos em Bagdá,
> >porque era uma ação direta com grande chance de chamar a atenção >mundial
para o movimento pacifista. Era algo inspirador: os escudos >voluntários
estavam dispostos a se sacrificar por suas opiniões políticas -- um
investimento pessoal muito maior do que ir a uma demonstração em Washington
ou Londres. Algo simples -- você entra em um ônibus e representa-se a si
mesmo. Então, foi exatamente o que fiz na manhã de sábado, 25 de janeiro.
Sou um fotógrafo judeu-americano de 23 anos, residente em Islington, ao
Norte de Londres. Já tinha viajado pelo Oriente Médio antes: quando
estudante, fui até a Cisjordânia palestina durante a intifada.
> >
> >Também estive no Afeganistão, fotografando para a Newsweek. Os escudos
> >humanos satisfaziam minha posição anti-guerra, mas, cinco semanas
> >depois, quando deixei Bagdá, tinha mudado de opinião de maneira
> >drástica. Eu não diria que sou a favor da guerra exatamente -- não, sou
ambivalente -- mas desejo muito que Saddam seja retirado do poder. Nós, no
ônibus, simpatizávamos com o ponto de vista dos civis iraquianos, embora não
soubéssemos exatamente qual fosse. O grupo estava menos interessado em
apoiar os direitos deles do que em protestar contra os governos dos EUA e do
Reino Unido.
> >
> >Fiquei chocado ao encontrar, em Bagdá, o primeiro iraquiano a favor da
> >guerra -- um motorista de táxi que me trazia de volta ao hotel, tarde da
noite. Expliquei a ele que eu era americano e falei, como nós, escudos,
sempre fazemos: "Bush mau, guerra ruim, Iraque bom." Ele me olhou com uma
expressão de incredulidade. Quando ele percebeu que eu falava sério,
diminuiu a marcha e começou a contar, em um inglês precário, sobre as
maldades do regime de Saddam. Até então, eu só ouvira falar do presidente
com respeito, e agora este cara me dizia como todo o dinheiro do petróleo
iraquiano tinha ido parar nos bolsos de Saddam e como ele mandava matar as
famílias de seus opositores políticos.
> >
> >Fiquei apavorado. Primeiro, pensei que talvez o motorista fosse da
> >polícia secreta e estivesse tentando me 'pegar', mas depois tive a
> >impressão de que ele queria que eu o ajudasse a fugir. Fiquei muito mal.
Disse a ele: "Olha, eu sou apenas um panaca dos Estados Unidos, não trabalho
para a ONU, não trabalho para a CIA. Não posso ajudá-lo." É claro que eu
tinha lido reportagens sobre os iraquianos odiarem Saddam, mas aquilo fora
real. Alguém me explicara os fatos cara a cara. Contei o caso a jornalistas
conhecidos. Disseram-me que aquilo acontecia com freqüência - desabafos
espontâneos, emocionais e reservados, súplicas feitas a estrangeiros para
que os libertassem do Iraque tirânico de Saddam.
> >
> >O modo como o regime iraquiano restringia o movimento dos escudos
> >começou a me preocupar cada vez mais, de maneira que parti de Bagdá,
> >poucos dias depois, em um táxi com outros cinco escudos, através da
> >Jordânia. Uma vez cruzada a fronteira, sentimo-nos à vontade o
> >suficiente para perguntar ao nosso motorista o que ele achava do regime e
da ameaça de um bombardeio aéreo.
> >
> >"Vocês não ouvem Powell na rádio Voz da América?", ele perguntou. "Claro
que os americanos não querem bombardear civis. Eles querem jogar bombas no
governo e nos palácios de Saddam. Nós queremos que a América
> >bombardeie Saddam."
> >
> >Ficamos ali sentados, ouvindo boquiabertos. Jake, um dos escudos, ficava
repetindo "ah, meu Deus", enquanto o motorista descrevia os horrores do
regime. Jake estava chocado com o tamanho de sua própria ingenuidade. Todos
estávamos. Não ocorrera a ninguém que os iraquianos pudessem estar, na
verdade, em favor da guerra. A declaração mais enfática do motorista foi:
"Todo o povo iraquiano quer esta guerra." Ele parecia convencido de que as
baixas civis seriam pequenas; acreditava piamente que a máquina de guerra
americana cumpriria o prometido. Mais fé do que qualquer um de nós, com
certeza.
> >
> >A coisa mais esmagadora que nos disse foi, talvez, que os iraquianos
> >comuns pensavam que Saddam Hussein nos pagava para irmos protestar no
> >Iraque. Apesar de explicarmos que o nosso caso não era esse, de jeito
> >nenhum, ele não me pareceu acreditar em nós. Mais tarde, perguntou-me:
> >"Agora, sério - quanto Saddam pagou a vocês para virem?" Minha
> >experiência atingiu-me em cheio: aquele era o verdadeiro retrato da vida
iraquiana. Depois da primeira conversa, repensei toda a minha opinião sobre
a situação no Iraque. Meu entendimento mudou, tanto intelectual, quanto
emocional e psicologicamente.
> >
> >Lembrei-me das fotografias egomaníacas de Saddam vistas por toda parte
> >nas duas últimas semanas e tentei colocar-me no lugar de alguém que
> >tivesse sido obrigado a vê-las todos os dias dos últimos vinte anos,
> >mais ou menos. Na quinta-feira passada, fui fotografar a passeata contra
a guerra na Parliament Square. Milhares de pessoas gritavam "guerra não",
mas sem considerar as implicações disso para os iraquianos. Alguns
manifestantes bebiam, dançavam samba e trocavam socos com a polícia. Era
como se eles falassem de um outro país, onde o governo em exercício fosse
perfeitamente aceitável. Fiquei muito chateado.
> >
> >Qualquer um com meio cérebro admite que Saddam precisa ser tirado de lá.
É extraordinariamente irônico que manifestantes pacifistas marchem em defesa
de um governo que proíbe seu povo de exercer a liberdade.
> >
> >*Publicado no Telegraph.co.uk
> >Tradução: Márcia Leal
> ==============================================
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> O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu
> autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao
> representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E
>
> O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas
> eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos
> sistemas de assinatura digital e infraestrutura de chaves publicas.
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> Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico
>         http://www.votoseguro.org
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