COMENTÁRIO; AFINAL, QUEM É QUE ESTÁ ESTORQUINDO QUEM? E QUEM ESTÁ
MANIPULANDO A VERDADE? A GLOBO, OU O CLÁUDIO HUMBERTO?

Cláudio Humberto:

16/10/2001:
Saúde: PF investiga extorsão
A Polícia Federal investiga sigilosamente a suspeita de extorsão de um
empresário da área de medicamentos por assessores do ministro José Serra
(Saúde). A conversa teria ocorrido no restaurante Trastevere, de Brasília,
entre Renilson Rehem, secretário de Assistência à Saúde, e Luiz Roberto
Barradas, assessor do ministro em São Paulo, com um dono de laboratório
identificado apenas pelo prenome, Tadeu.

Serra pediu inquérito
O inquérito na PF, solicitado pelo próprio José Serra, foi baseado no relato
do seu assessor de imprensa, José Roberto (Bob) Vieira da Costa. Bob foi
informado que Alexandre Paes dos Santos, conhecido lobista de Brasília,
teria a gravação da conversa em que os assessores falariam em nome de Serra.
O lobista nega. Diz que apenas “ouviu falar” na criação de dificuldades, no
ministério, para a venda de facilidades.

Conversa no interior
Segundo relato de uma testemunha, que levou o caso ao Ministério da Saúde, o
lobista Alexandre Santos também diz ter informações sobre uma conversa
ocorrida no interior de Minas Gerais, quando um assessor do ministro Serra,
Platão Puhler, teria pedido dinheiro para a campanha do PSDB a um
laboratório de medicamentos genéricos. Puhler é o responsável pela compra de
produtos farmacêuticos no ministério.

19 fitas apreendidas
Agentes da Polícia Federal cumpriram mandado de busca e apreensão no
escritório e na casa de Alexandre Santos. Apreenderam 19 fitas, mas o
lobista garante que nada têm com o assunto. O mandado foi requerido pelo
procurador Marcelo Serra Azul, que também pediu a sua prisão temporária,
afinal negada pelo juiz federal Antônio Correia.

17/10/2001:
Uma grande encrenca
Além do processo na 10ª Vara Federal, revelado nesta coluna, sobre gravação
de assessores do ministro José Serra (Saúde) extorquindo empresários, o
lobista Alexandre Santos pode enfrentar processos por danos morais dos
citados, como Platão Puhler – respeitado médico de Uberlândia (MG)
encarregado de comprar remédios para o ministério.

Os métodos do lobista
Alexandre Santos representa o fabricante de um “teste rápido” de diagnóstico
da Aids, sem registro oficial. Como não consegue vender o produto ao
Ministério da Saúde, segundo um assessor de Serra, o lobista resolveu
“apelar”, através da pressão e da chantagem. Ou de amigos na Justiça para
paralisar licitações públicas que não tem chance de ganhar.

Um susto daqueles
A.F. trabalhava sossegado quando agentes da Polícia Federal invadiram a sua
empresa, no Setor de Indústria e Abastecimento, em Brasília, à procura da
gravação da extorsão envolvendo assessores do ministro da Saúde. A.F. quase
teve um infarto, mas logo se esclareceu: deram à PF o endereço errado do
lobista Alexandre Santos, o verdadeiro procurado.

18/10/2001:
Estilo Serra
No caso da gravação de extorsão a empresários por assessores do Ministério
da Saúde, revelada nesta coluna, o ministro José Serra adotou o
procedimento-padrão: usar o seu poder – acionando a Polícia Federal e até o
Ministério Público – para desqualificar a denúncia. Como no caso do Dossiê
Cayman. Agora foi a vez do lobista Alexandre Santos.


Rio, 18 de outubro de 2001, em O GLOBO:


PF apura chantagem contra Ministério da Saúde

Lisandra Paraguassú


BRASÍLIA. A Polícia Federal está investigando uma tentativa de chantagem
envolvendo o lobista Alexandre Paes dos Santos e dois funcionários do
Ministério da Saúde, o secretário de Assistência à Saúde, Renilson Rehem, e
o assessor especial do ministério em São Paulo, Luiz Roberto Barradas.
Santos teria dito a uma consultora que presta serviços ao ministério, Alba
Chacon, que tem uma fita em que os dois funcionários pediam dinheiro a um
representante do Laboratório Roche para um caixa de campanha do PSDB.

O ministério e a PF estão tratando o caso como uma tentativa de chantagem. O
ministro José Serra e um dos acusados, Renilson Rehem, fizeram a denúncia.

— Imagina se o Renilson ia estar envolvido nessa história de pedir dinheiro
para laboratório — disse Serra.

O secretário não cuida da liberação de registros para medicamentos. A
Secretaria de Assistência à Saúde (SAS) cuida dos atendimentos pelo SUS em
hospitais públicos.

— Quando soube da história, na mesma hora pedi que fosse investigada. Não
tenho nada com essa história e não vou ficar refém dessa pessoa — disse
Rehem.

Funcionário diz que não conhece lobista

O secretário afirma que não tem idéia de quem seja Santos e que nunca
almoçou ou jantou com qualquer representante da Roche.

— Só posso imaginar que queriam atingir meu trabalho no ministério — disse.

Segundo o depoimento de Alba à PF, Santos mostrou um gravador dizendo que
estava ali a fita. Mas, em vez de apresentar o teor da gravação, o lobista
desligava o aparelho e narrava o que supostamente estava gravado.

Existe a suspeita de que Santos estivesse tentando provocar a demissão de
Rehem. A razão seria um protocolo de uso do medicamento Glivec, do
laboratório Novartis, que estava sendo preparado pela secretaria. O
protocolo diz que o Glivec deve ser usado em apenas alguns casos de leucemia
mielóide e, em geral, como terceira opção. Como o medicamento será empregado
na rede SUS, se for indicado somente nestes casos, o laboratório venderá
menos.

Santos negou que tenha encontrado Rehem ou Barradas. Também afirmou que não
tem qualquer fita:

— O que eu disse para a Alba é que ouvira falar em São Paulo que pessoas do
ministério andavam pedindo dinheiro para liberar registro de medicamentos.
Mas ouvi dizer, não tenho nomes, não tenho fitas.

O Novartis informou que contratou Santos para prestar consultoria e
assessoria jurídica, mas que ele foi dispensado no último dia 2.



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