Durante a polemica sabatina no Senado do advogado-geral da União, Gilmar 
Ferreira Mendes, para analisar sua indicação para ministro do Supremo 
Tribunal Federal, o tema das urnas eletrônicas foi levantado.
Segue o trecho referente ao tema.
Vale como amostra do nível de conhecimento que os políticos têm sobre o 
assunto: podem até saber que tem caroço no angu, mas não sabem explicar porquê.

------------------------------------

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Sª deve ter acompanhado à margem as 
modificações feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral, com votação no 
Congresso Nacional, sobre as urnas eletrônicas que serão utilizadas nas 
próximas eleições. As urnas eletrônicas são um avanço impressionante. 
Sempre me manifestei favorável a elas e as vi com muita simpatia. Mas 
fiquei em dúvida quando o Senador Roberto Requião apresentou uma emenda - 
em que votei favoravelmente - em que dispunha que em todas as urnas 
eletrônicas houvesse o voto carimbado.

O TSE estabeleceu que só haverá um número "x" de urnas no Brasil, que 
servirão de referência, em que haverá contagem manual. Por que não fazer 
isso em todas as urnas? Seria o processo perfeito! Não haveria o que se 
discutir. Haveria um gasto um pouco maior, mas não haveria dúvida alguma.

Depois da confusão com o painel eletrônico do Senado Federal, com 81 
Senadores olhando para ele, imaginem como será feita a contagem das urnas 
que vêm do Amazonas de barco e chegam no dia seguinte. Se houvesse essa 
garantia, seria o ideal, perfeito, ninguém poderia discutir. Depois da 
confusão na última eleição americana, talvez esse seja o processo mais 
perfeito que se conhece. Não foi feito isso!

Discute-se agora quem vai participar do processo que fará toda a malha do 
esquema da eleição. Falava-se na Abin, mas trata-se de órgão ligado à 
Presidência da República que tem um ministro da confiança de Sua 
Excelência. Não me parece que seja o órgão encarregado de fiscalizar o 
sistema e ter acesso a ele. Ele estará lá dentro. Depois da confusão que 
houve em torno da escuta ou não, ainda há um certo grau de suspeição nesse 
sentido.

Defende-se uma tese de que deveria ser quase um colégio de líderes de todos 
os partidos, representantes de todos os candidatos, alguém que entrasse no 
processo e tivesse a tranqüilidade de, na hora, dizer que o fulano ou 
beltrano estavam lá. Caso contrário, quem perder a eleição vai berrar que 
houve fraude. Não terão como dizer que houve ou não. Não haverá prova 
concreta alguma de sim e de não. Deveriam abrir o processo para as 
entidades representativas - parece-me que não há nada melhor do que a 
representação dos próprios candidatos - estivessem ali para que o processo 
não fosse tão interrogativo, com perspectivas tão duvidosas como pode ser 
agora.

O SR. GILMAR MENDES - Senador Pedro Simon, obviamente, não tenho subsídios 
técnicos para emitir uma opinião tranqüilizadora em relação a essa fórmula 
primeira da generalização do voto para contagem manual. É uma questão que, 
certamente, tem um perfil técnico que implicaria um retardo significativo 
do anúncio dos candidatos eleitos, com todas as dificuldades...

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Sr. Presidente, peço para fazer 
esclarecimento sobre o assunto.

O SR. PRESIDENTE (Bernardo Cabral) - Concedo a palavra ao Senador Romeu Tuma.
O SR. ROMEU TUMA (PFL -
SP) - Sr. Presidente, fui o Relator da matéria. O Senador Pedro Simon tem 
razão em relação a alguns aspectos, quanto a continuar a suspeição. 
Entretanto, a contrafé seria jogada em outra urna. Depois de o eleitor 
conferir, cortaria o papel que ficaria guardado na urna. Não seria para 
contagem manual. Quando houvesse suspeição, existiria uma forma de conferir 
o resultado. Não há capacidade de haver duas apurações.

O SR. GILMAR MENDES - Dois sistemas de controle.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP) - Esclareço esse ponto. O retardamento da 
universalidade das urnas foi em razão da capacidade financeira do Superior 
Tribunal Eleitoral. A Abin faz a parte da criptografia do programa, que já 
vem sendo realizada. Então, poder-se-á ou não alterar, numa nova 
concorrência que venha a adquirir as novas urnas.

O SR. PRESIDENTE (Bernardo Cabral) - A matéria está esclarecida.
Senador Pedro Simon, o candidato aceitou a explicação do eminente Senador 
Romeu Tuma.

------------------------------------

E ficou por isso mesmo, passou pra próxima pergunta.

Abraço,


PAULO GUSTAVO SAMPAIO ANDRADE
E-mail        -->  [EMAIL PROTECTED]
Jus Navigandi -->  http://www.jus.com.br

______________________________________________________________
O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu
autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao
representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E

O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas
eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos
sistemas de assinatura digital e infraestrutura de chaves publicas.
__________________________________________________
Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico
        http://www.votoseguro.org
__________________________________________________

Responder a